“Vídeo-flagra” com pastora que combina falsos milagres usado para atacar fé evangélica é uma encenação

Circula nas redes um vídeo apresentado como flagrante de uma pastora em ação na qual ela combina “milagres” com atores antes de um culto. A publicação viralizou, alcançando mais de um milhão de visualizações, centenas de compartilhamentos e “reacts”, além de ser replicada por perfis e portais de notícias que a utilizam para atacar a fé evangélica. 

Bereia apurou que a mulher que aparece no vídeo não é pastora e que o conteúdo não é um flagrante. Trata-se, na verdade, de uma encenação do canal de esquetes Kauê Wutke, que publica vídeos ficcionais roteirizados com situações “polêmicas” e exageradas.

No vídeo, a personagem distribui papéis e combina cenas típicas de um culto onde se explora a temática dos milagres e atividades sobrenaturais. “Quando eu passar, colocando as mãos, vocês vão levantar. Quer dizer o quê? Milagre. Querem ver milagre? Vamos fazer milagre”, declara a atriz. Além disso, os atores encenam cenas sobre pagamento durante o recolhimento de ofertas, “Na hora que estiverem passando o dízimo, eu já faço o pagamento pra vocês. Não tem erro que todo mundo paga dízimo”.

Imagens: prints de portais e redes sociais.

A apresentação do vídeo como “flagra”, atribuição da personagem à figura real de uma “pastora” e a falta de explicação explícita sobre o objetivo dos produtores favorecem o erro do público. Estudos mostram que humor e sátira aumentam a capacidade de viralizar conteúdos e podem mascarar intenções, criando terreno fértil para confusão e cinismo quando o enquadramento não é claro. Em ambientes digitais, memes e esquetes circulam rápido e, sem sinalização de contexto, podem se transformar em desinformação e reforçar intolerância, com estímulo a preconceitos contra grupos minorizados. 

Bereia classifica os conteúdos repercutidos por veículos e usuários como enganoso. Após verificar a origem do material, Bereia confirmou que o vídeo integra a linha de esquetes do canal Kauê Wutke, que simula “questões polêmicas e bizarras” para atrair a audiência. Além disso, não há evidências de que a mulher seja pastora fora do papel interpretado na encenação. A circulação descontextualizada do conteúdo, sem apuração jornalística, somada à cobertura apressada de alguns portais, transformou uma sátira em munição para ataques generalizados à expressão de fé do segmento evangélico.

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