A matéria publicada pela Revista Fórum no dia 20 de novembro intitulada “Neopentecostais torturam índios por questões religiosas no Mato Grosso do Sul” continua sendo compartilhada nas mídias sociais com um certo sobressalto por parte dos internautas. Bereia checou a notícia e verificou que as informações são verdadeiras
O texto relata o cenário vivido pelos índios/as guarani-kaiowá em suas aldeias durante um ataque religioso por parte de algumas igrejas neopentecostais da região.
Entende-se aqui por neopentecostais as igrejas que “foram geradas no âmbito do pentecostalismo e com uma série de elementos comuns a este. As principais características desta terceira onda são: exacerbação do tema da guerra espiritual, ênfase da pregação da prosperidade material, liberalização de estereótipos, usos e costumes e estruturação empresarial”, explica o professor de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo, Ricardo Mariano.
Segundo a matéria, os indígenas convertidos à teologia destas igrejas e empoderados como missionários em uma nova missão, tentaram cristianizar os seus próprios conterrâneos por meio de uma religião que demoniza a própria cultura indígena.
Bereia conversou com o missionário Fábio Ribas, da missão Kaiowá – Dourados/MS, sobre a situação. Ele afirmou que é verdade todo o cenário de manipulação religiosa.
Confira a fala de Fábio Ribas, na íntegra.
“Realmente aconteceu. Aqui na região há muitas igrejas neopentecostais causando muita confusão, até porque, muitas pessoas que entram na área dos Kaiowá não têm preparo transcultural nenhum, não tem conhecimento da cultura da região e chegam com aquela história de poder. Na verdade, o indígena faz a seguinte leitura – na minha cultura tem o pajé que é um homem de poder, então, Jesus Cristo está trazendo um outro pajé, que é o pastor. É a troca de um poder pelo outro. Há muita confusão, muito sincretismo. A denúncia já foi encaminhada para a Funai. Reuniões já estão acontecendo entre os Guarani Kaiowá, e eles têm pedido a retirada dessas igrejas neopentecostais, pois elas chegam, levantam o templo, falam de dízimo sem respeito nenhum pela cultura.”
Fábio Ribas
No Facebook de Jaqueline Gonçalves, que é Guarani Kaiowá e membra do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres, Bereia encontrou a seguinte declaração:
Bereia vai continuar acompanhando o caso para identificar quais igrejas estão, de fato, envolvidas. Até o momento ainda não há dados sobre quais denominações fizeram parte da tortura religiosa.
Referências de Checagem:
Neopentecostais torturam índios por questões religiosas no Mato Grosso do Sul https://revistaforum.com.br/noticias/neopentecostais-torturam-indios-por-questoes-religiosas-no-mato-grosso-do-sul/