Evangélicos formam um bloco múltiplo, e tentar homogeneizá-los é incorreto, dizem pesquisadoras

Não é possível – e muito menos correta – a tentativa de homogeneização dos evangélicos, enquadrando-os em um único bloco; ao contrário, eles devem ser vistos como heterogêneos, pertencentes a diversas denominações que seguem teologias e práticas completamente distintas. A opinião, publicada em artigo da agência de notícias Intercept Brasil em 27 de março, é das pesquisadoras Magali Cunha e Lívia Reis. De acordo com as autoras, essa homogeneização não reflete a realidade, além de ser nociva ao debate público. “Ninguém é ‘evangélico’ igual, ninguém é só ‘evangélico’”, advertem.

Magali Cunha, editora-geral do Coletivo Bereia, e Lívia Reis, coordenadora da área de Religião e Política do Instituto de Estudos da Religião (ISER), explicam que, apesar da ênfase às expressões da religiosidade evangélica de matriz pentecostal, inúmeras outras estão presentes em todo o país hoje.

As pesquisadoras citam igrejas marcadas por propostas estéticas, rituais e discursivas semelhantes, e outras, caracterizadas “por vivências e práticas relacionadas com a ocupação geográfica dos grupos, sobretudo em territórios periféricos [que] nem sempre se vinculam a grandes igrejas”. Elas lembram ainda os evangélicos que não frequentam igrejas específicas, “mas vivem sua fé de outras formas, assistindo pregações e orações” em diversos canais de comunicação.

O artigo de Magali Cunha e Lívia Reis chama atenção também para a necessidade de se qualificarem os números sobre religião. É preciso que institutos de pesquisa e analistas levem em consideração esse quadro diverso e promova cruzamentos com outros marcadores sociais – raça, gênero e renda, por exemplo. “Caso contrário, as pesquisas e usos que se fazem dela [religião na cena pública] desviarão o caminho da reflexão. E quem instrumentaliza a fé para fazer política só ganha com esse desvio”, ressaltam as pesquisadoras.

Confira o artigo na íntegra no site do Intercept.

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Foto de capa: Wikimedia Commons

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