
Circula nas redes sociais digitais a informação falsa de que os Estados Unidos (EUA) estariam se preparando para lançar uma bomba em território brasileiro como forma de punição ao governo federal e ao STF. As mentiras se baseiam em falas dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo e Flavio Bolsonaro, publicadas em seus perfis de mídias sociais.

Tal ação violenta dos EUA, segundo publicações, seria uma forma de retaliação às instituições do Estado brasileiro por terem não apenas respondido às exigências ao Brasil, em carta divulgada na internet pelo presidente dos EUA Donald Trump, dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 9 de julho passado, como também imposto medidas cautelares sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, com tornozeleira eletrônica. Entre as exigências consta, principalmente, a anistia a Bolsonaro dos crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado em 2022 e 2023, que lhe foram atribuídos por investigação da Polícia Federal do Brasil e estão em processo de julgamento pelo STF.
Essa afirmação é infundada e fantasiosa.
Não há qualquer indício de movimentação militar dos EUA contra o Brasil, muito menos ações bélicas anunciadas. Nenhuma autoridade nacional ou internacional confirmou qualquer operação desse tipo. A ideia de um ataque militar direto contradiz princípios básicos da diplomacia internacional e os tratados que regem a convivência entre países democráticos.
Estratégia
A origem desse boato está na declaração metafórica em tom de ameaça feita pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), sobre o Brasil “sofrer uma bomba atômica no mercado financeiro” se confrontasse os interesses dos EUA. Em outra publicação, na sequência, Flávio Bolsonaro reforçou a metáfora, dizendo que “ou cede-se a Trump, ou vem a bomba”.
Essas declarações, feitas em contexto de pressão internacional sobre o Brasil, foram distorcidas e ressignificadas nas redes sociais, onde passaram a circular como se se tratasse de uma ameaça real e literal de ataque militar. O termo “bomba”, usado originalmente para se referir a sanções econômicas, foi transformado em suposta ameaça de bombardeio armado.
Esse tipo de distorção é intencional e faz parte de uma estratégia promovida por grupos extremistas de direita que espalham pânico e desinformação nas mídias sociais, como Bereia já mostrou em diversas matérias. Estas mentiras se articulam com uma conspiração política que tem se configurado, segundo várias análises, e envolve influenciadores brasileiros e interesses estrangeiros.
As recentes ameaças e sanções dos EUA fazem parte de um movimento mais profundo de pressão geopolítica, segundo estas avaliações mais amplas do caso. O governo Trump estaria usando o caso do julgamento de Jair Bolsonaro para buscar interferir nas eleições de 2026, favorecer candidatos alinhados aos interesses estratégicos estadunidenses e pressionar as instituições brasileiras por um alinhamento às políticas de controle econômico-financeiro daquele país.
Leituras recomendadas:
Brasil 247
UOL
G1
Agência Brasil
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-07/sancao-de-trump-contra-brasil-e-chantagem-politica-e-mira-o-brics
BBC https://www.bbc.com/portuguese/articles/c8xv9yygx9po
TERRA https://www.terra.com.br/noticias/ameaca-de-tarifas-acende-alerta-sobre-interferencia-dos-eua-nas-eleicoes-de-2026,c252120b783a1be2ef8c639af130bf9f176pvwus.html#google_vignette
The Intercept Brasil https://www.intercept.com.br/2025/07/15/tarifaco-trump-eua-atacam-ameaca-poder-imperialista/
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Imagem de capa: Unplash