Identidade religiosa está muito além do nome de urna utilizado nas eleições, defende editora-geral do Bereia

O nome de urna – aquele escolhido pelo candidato durante a campanha eleitoral – com indicação de título religioso não garante necessariamente vitória a quem o utiliza, pois a identidade está muito além dele. A avaliação foi feita pela editora-geral do Bereia, Magali Cunha, em entrevista à Agência Brasil em 7 de outubro. A reportagem tratou das candidaturas com viés religioso, incluindo aquelas pertencentes a expressões religiosas de matriz africana, além das cristãs (católicas e evangélicas).

A pesquisadora lembrou que nas eleições de 2020 e 2022 essa estratégia não saiu vitoriosa. Quem usa termos religiosos no nome de urna [como pastor/a, bispo/a, apóstolo/a, missionário/a] não é mais eleito do que religiosos que não colocam a identidade no nome”, afirmou.

Magali Cunha chamou a atenção para uma categoria genérica identificada como “cristã” que cresceu nas últimas eleições. Segundo ela, a estratégia é apropriada geralmente por candidatos conservadores, de direita, com o objetivo de se aproximar tanto de católicos quanto de evangélicos.

“Esses candidatos se apresentam como cristãos, e muitos deles têm uma vinculação específica, seja católica ou evangélica, mas não apresentam essa especificidade e querem ser identificados com a fé cristã de forma genérica”. 

A editora-geral do Bereia reforçou que não faz sentido também falar de voto religioso. “Isso não existe”. Magali Cunha defende que, apesar da dimensão religiosa que caracteriza a pessoa, ela também “é trabalhadora, desempregada, mãe, pai, heterossexual, homossexual, jovem ou idosa, e tudo isso compõe sua identidade e vai pesar nas suas decisões”.

Confira a íntegra da reportagem no site da Agência Brasil.

Foto de capa: TRE-CE

Evangélicos não são um único grupo, destaca editora-geral do Bereia

Evangélicos não são um grupo só. Há vários grupos, várias igrejas, cada qual com um modo de ler e interpretar a Bíblia, de agir, de trabalhar. A opinião é da editora-geral do Coletivo Bereia, Magali Cunha. Ela participou, em 30 de julho de 2024  do programa “Espiritualidade na Ação”, apresentado por Frei David, no canal do Instituto Conhecimento Liberta (ICL).

Em diálogo que incluiu o pastor da Igreja Evangélica Luz do Conhecimento Vanderley Carvalho, ela tratou da espiritualidade da Teologia da Libertação nas igrejas evangélicas, destacando que essa linha teológica está na base de parcela de grupos evangélicos desde o início do século XX. Desde aquela época, alfabetizavam pessoas com a Bíblia e trabalhavam com ação social.

“Naquele período, e entrando no século XXI, há muitos grupos que têm um compromisso com as mulheres, com os indígenas, como é o caso do Movimento Negro Evangélico, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, entre outros”. Ela acrescentou que esses grupos nem sempre têm espaço de visibilidade, como aqueles mais fechados têm na política e nas grandes mídias.

Magali Cunha também apresentou o Coletivo Bereia e seu esforço permanente de enfrentamento da desinformação, por meio das análises e das checagens de conteúdo.

Confira a íntegra do programa no YouTube.

É preciso denunciar abuso o religioso em tempos eleitorais, defende a editora-geral do Bereia

O abuso religioso vem crescendo no Brasil, e em tempos eleitorais os cidadãos precisam denunciar essa conduta de lideranças religiosas, partidos e candidatos. A opinião é da editora-geral do Bereia Magali Cunha, que participou do programa Entrevista da Hora, da TV Assembleia de Mato Grosso, em 1º de julho de 2024.

Segundo a pesquisadora, esse abuso ocorre quando personagens do mundo religioso e lideranças do mundo político que às vezes que não têm nada de religiosas fazem alianças com grupos religiosos utilizando-se de elementos simbólicos da fé e de argumentos para convencer emocionalmente pessoas por meio de um discurso de pânico moral e também demonizar candidatos e partidos.

Essa situação, já observada nas eleições presidenciais de 2018 e de 2022 e também nas eleições municipais de 2020, vem se repetindo em 2024, destaca Magali Cunha. “Isso não é saudável para a democracia nem para as religiões”, analisa.

O abuso religioso também leva à utilização de discursos extremistas e de ódio, especialmente nas mídias sociais. De acordo com a pesquisadora, pessoas, partidos, candidatos, grupos ativistas têm sido vítimas desse comportamento.

“A oposição política é saudável, mas deve ser feita dentro da civilidade, da democracia. Quando se parte para ataques, chamamentos a agressões, é muito negativo, e nesses casos é preciso enfrentar de forma muito dura, como o TSE tem feito nos últimos anos”, adverte. A íntegra da entrevista está disponível no YouTube.

Discurso desinformativo, enganoso e falso tem evangélicos como público preferencial, avalia a editora-geral do Bereia

O uso político da desinformação não é novidade, assim como não é algo novo no contexto das religiões, alcançando principalmente grupos evangélicos, ressaltou a editora-geral do Bereia, Magali Cunha, durante entrevista ao Programa Papo de Fé, da TV Fórum, em março de 2024.

Ela lembra que o ano de 2016 foi emblemático para essa estratégia, com o episódio do Brexit – movimento que defendia a saída da Grã-Bretanha da União Europeia – e com a campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.  Em ambas as situações, a escolha foi utilizar as ferramentas digitais para convencer as pessoas, introduzindo discursos que mexiam com a emoção e o sentimento delas para propagar o medo e o pânico.

“A experiência Brexit ensinou sobre a necessidade de formular discursos específicos, segmentando grupos, entre os quais os religiosos. Pesquisas científicas apontaram que estes têm maior suscetibilidade, maior vulnerabilidade à propagação desses conteúdos, pois trata-se de pessoas que acreditam, que estão ancoradas na fé”, analisou Magali Cunha.

A pesquisadora lembrou que particularmente os grupos cristãos evangélicos, têm forte vínculo comunitário e que o que ali circula é acolhido pela comunidade. Ela acrescenta que estudos revelam que, entre os grupos religiosos, os evangélicos são os mais presentes na mídia e os que mais fazem uso das ferramenta digitais. “Quem produz esses conteúdos sabe que ali existe um grupo que acredita, que está alicerçado nas suas crenças, e que, pela própria índole, têm um ímpeto missionário forte, levar adiante a fé, os conteúdos que recebem”.

Acompanhe a íntegra da entrevista no YouTube.

Evangélicos e fake news é tema de podcast com participação do Bereia

Por que evangélicos são mais suscetíveis à fake news? A questão foi debatida durante podcast de O Reino em Pessoa, que foi ao ar em fevereiro de 2024 e contou com a participação da editora-geral do Bereia, Magali Cunha.

Na percepção da pesquisadora, um traço marcante na vida deles é a crença, e isso é explorado por quem deseja manipular e difundir mentira. “Como o próprio nome diz, os crentes creem, são receptivos”, aponta, acrescentando que pessoas mal-intencionadas se aproveitam dessa característica para difundir a esse grupo fatos e notícias enganosas, gerando medo e pânico.

Outra marca dos evangélicos está no fato de que carregam dentro de si a dimensão missionária, segundo destaca Magali Cunha. Isso significa, conforme ela defende, que é muito forte o papel de divulgar e de proclamar, em alguns casos sem um olhar mais crítico. “Além de serem alvos, os evangélicos são os que mais propagam os conteúdos, pois se sentem imbuídos de uma missão, a de salvar o mundo, o que é algo muito bonito. Mas uma coisa é divulgar o evangelho, outra é divulgar a mentira”.

Confira outros assuntos tratados no canal do podcast O Reino em Pessoa no YouTube.

Destaques Bereia na Mídia em 2023

O Coletivo Bereia esteve presente em diversos espaços da mídia ao longo de 2023. Confira alguns destaques:

Abril – Jornal O Globo (Blog Sonar – a escuta das redes)

O Coletivo Bereia, por meio da editora-geral Magali Cunha, subsidiou o levantamento do jornal “O Globo” sobre fake news contra o governo Lula e o papel de evangélicos nessa estratégia. De acordo com Cunha, ao longo dos primeiros três meses do mandato, o modelo de desinformação se mantém nos mesmos moldes do que ocorreu em 2022 durante a campanha eleitoral: “O discurso ainda permanece o mesmo e com alguma repetição na formação de memes que são criados com alertas de pânico e em torno de alguns vídeos”. Confira o levantamento no site do jornal.

Julho – Programa Almoço no MyNews

A editora-geral Magali Cunha tratou de casos recentes envolvendo cristãos no cenário político. Em entrevista, ela explicou como o termo “cristofobia” é utilizado para ganho político e citou exemplos da época, como o caso do pastor André Valadão, enquadrado dentro das leis brasileiras por discurso de ódio. Veja no Instagram.

Julho – Rede TVT (Podcast do Conde)

A editora-geral Magali Cunha tratou de diversos temas durante a entrevista, entre eles o da interseção entre religião e política. Segundo ela, isso não é algo novo, mas a partir dos anos de 2010 o que se vê “é uma articulação ultraconservadora, especialmente no cristianismo, com uma estratégia de convencimento de determinada população que tem afeto pela religião e que abraça uma perspectiva que não é nada religiosa, mas puramente política, com ocupação de espaços de poder e de negação de direitos, especialmente dos das minorias”. Confira a entrevista completa no canal da TVT no YouTube.

Agosto – Agência Lupa

O pastor presbiteriano, integrante da equipe do Bereia André Mello destacou em entrevista à Agência Lupa o trabalho de combate à desinformação no meio evangélico que realiza ao longo de seu ministério. Mello, que também é jornalista e tradutor, ressaltou a importância de iniciativas como a do Bereia no esforço de checar fake news que vem crescendo nos dias de hoje e que alcançam os evangélicos, tanto na posição de alvos quanto na de disseminadores de fatos enganosos. De acordo com ele, “as mesmas figuras que hoje disseminam desinformação e tentam promover uma campanha de pânico moral, especialmente entre a comunidade evangélica, já faziam isso há no mínimo duas décadas”. Veja no site da Lupa.

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Foto de capa: Florian Pircher/Pixabay

Mídia precisa conhecer mais sobre pluralidade religiosa, defende editora-geral do Bereia

Um dos grandes desafios da mídia é conhecer mais sobre a pluralidade religiosa que existe no país, compreender as particularidades de cada grupo, visando a uma divulgação mais adequada e correta. Ela não pode deixar de ser crítica, mas também ressaltar esses elementos que integram a vida cotidiana das pessoas. A opinião é da editora-geral do Bereia Magali Cunha, que foi entrevistada em 13 de março pelo Canal da Imprensa, revista eletrônica de crítica de mídia do curso de Jornalismo do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho.

Na conversa, que tratou da importância cultural da religião no Brasil e suas implicações na cobertura da imprensa de notícias sobre o tema, Magali explicou que as religiões dão sentido à vida de muitas pessoas. Segundo ela, há também o aspecto de resistência e sobrevivência, “como foi no período da escravidão, e também do ponto de vista indígena, a toda a opressão sofrida ao longo da história da colonização”.

De acordo com a pesquisadora, até hoje é possível observar “diversas experiências de periferias e de grupos excluídos socialmente que encontram na religião essa leitura e uma presença divina que marca a força, que marca a resistência”.

Magali Cunha destacou que a mídia tem um papel importante nas questões que envolvem o tema, até mesmo no sentido de enfrentar a intolerância religiosa, mas criticou a falta de preparo dos profissionais, a começar pela formação acadêmica oferecida a eles.

“Nós não temos nas escolas de jornalismo no Brasil suficiente formação para o jornalismo especializado [em religião]. Em várias áreas, dá-se muita ênfase em política, em economia, em cultura, mas na questão da religião é praticamente zero”, ressaltou a editora-geral de Bereia.

Confira no site do Canal da Imprensa a íntegra da entrevista.

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Foto de capa: Warpmike/Pixabay

Bancada evangélica no Congresso Nacional não representa a totalidade dos evangélicos, defende editora-geral do Bereia

“Falar de evangélicos não é falar de bancada evangélica. A bancada evangélica, aquele grupo de parlamentares que se encontra no Congresso Nacional, não representa a população e o eleitorado evangélico no Brasil, que é muito amplo”. A opinião é da editora-geral do Coletivo Bereia Magali Cunha, que foi entrevistada pelo canal Globonews no dia 23 de março.

Magali Cunha falou sobre a aproximação do governo Lula com o segmento evangélico e explicou a diversidade do campo religioso. Segundo ela, a chamada banca evangélica diz respeito a um segmento dos políticos que não representam os evangélicos, apesar de alguns desempenharem esse papel pelo fato de defenderem o projeto político da igreja a que pertencem.

A editora-geral do Bereia adverte que é preciso distinguir os evangélicos, que constituem um segmento muito diverso: “Existem pastores que pertencem a grandes corporações religiosas que não são apenas igrejas, mas que atuam em outras frentes e que têm interesse em eleger seus políticos para a bancada evangélica”, indica.

Magali Cunha também cita os pastores e pastores que estão no campo intermediário das igrejas médias e pequenas, que são os grupos mais amplos espalhados pelo Brasil. Inclui ainda a grande massa da população, do eleitorado evangélico “que vai à igreja, que participa e que vive o seu cotidiano entre essa vinculação que é a fé, a religião e a vida de todo o dia”. Em sua opinião, esse universo amplo deve ser considerado para um governo defensor e garantidor da liberdade religiosa e que deseja estabelecer um diálogo com esse segmento que vem se mostrando relevante na cena pública.

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Foto de capa: reprodução Globonews

Postagem engana ao associar inspirador do pentecostalismo a frase racista (colaboração de Bereia com Estadão Verifica)

O Estadão Verifica publicou uma checagem, com a colaboração da editora-geral do Bereia, Magali Cunha, sobre um conteúdo enganoso que ligava Charles Fox Parham às Assembleias de Deus e a seguinte frase racista: “Quando eu morrer não me enterrem ao lado de um negro”.

Parham fundou o movimento Fé Apostólica no início do século XX, mas foi afastado em 1907, segundo a apuração. Magali Cunha explicou que o movimento tinha como doutrina o batismo no Espírito Santo e o falar em línguas, aspectos abraçados por diferentes movimentos pentecostais.

Contudo, Parham não foi o fundador das Assembleias de Deus nos EUA ou no Brasil. De acordo com o doutor em Ciência da Religião Gedeon Alencar, o religioso “nunca teve ligação oficial com a Assembleia de Deus e que não há qualquer texto acadêmico que confirme ele como sendo o seu fundador”.

Quanto ao racismo atribuído a Paham, o professor da Mackenzie Ricardo Bitun lembra que o pastor era adepto de uma teoria racista: “Basicamente esta teoria entende que os povos anglo-saxões são os descendentes biológicos diretos das dez tribos de Israel que não retornaram à sua terra natal após o exílio assírio no século VIII A.C. Ainda que esta teoria não fosse declaradamente racista, vários grupos supremacistas brancos anglo-americanos defendiam a ideia”.

Embora não seja confirmada a autoria da frase “Quando eu morrer não me enterrem ao lado de um negro”, foi consenso entre os especialistas ouvidos pelo Estadão Verifica que Paham reproduzia o racismo do seu tempo, assim como outros pastores americanos.

Checagem de Talita Burbulhan, do Verifica.

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Foto de capa: reprodução do Estadão Verifica

Bereia é citado em matéria da Agência Brasil sobre combate à desinformação nas periferias

A Agência Brasil produziu reportagem sobre coletivos que contribuem para enfrentar a desinformação nas periferias brasileiras. Nesse sentido, além do coletivo Sargento Perifa, de Pernambuco, a reportagem apresentou o Bereia como outra iniciativa.

A editora-geral Magali Cunha falou do histórico do coletivo e das repercussões da recente pesquisa da Universidade Brasília, que demonstrou como os evangélicos são mais propensos a compartilhar conteúdos falsos sobre vacinas.

A reportagem no site da Agência Brasil você confere aqui. Para ver a matéria em vídeo sobre o tema, que foi ao ar no Repórter Brasil, clique aqui (a participação do Bereia ocorre a partir de 1’13”).

Foto de capa: coletivo Sargento Perifa

O que é a bancada evangélica?

Esse foi o principal questionamento da reportagem do UOL Notícias na qual o Bereia foi ouvido. Por vezes encarada como um bloco homogêneo, a apuração mostrou que não é bem assim.  Nossa editora-geral, Magali Cunha, explicou:  “É importante para as disputas políticas que a bancada seja vista como um grupo homogêneo, articulado, fechado. Isso não é verdade. São diversos partidos e não só partidos, ali há diversas igrejas e dentro dessas igrejas há também disputas internas entre grupos”.

Leia a matéria completa aqui.