Acusação de antissemitismo é instrumentalizada para blindar o Estado de Israel de críticas

A campanha militar assimétrica travada pelo Estado de Israel contra os grupos políticos armados Hamas e o Hezbollah já levou à morte de mais de 43 mil pessoas, ao longo de um ano. O governo do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu tem sido acusado, por países, organizações e distintos fóruns internacionais, de promover, de forma deliberada, uma política de morte (necropolítica) e genocídio (ação para eliminação de determinada população). A indignação contra o uso da força perante grandes contingentes de civis já levou, inclusive, a acusações, lideradas pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda), de que Israel promove o genocídio da população palestina.

Mesmo diante de todas estas manifestações críticas apoiadas, inclusive, por cidadãos israelenses, demonstradas nas ruas do país, surge, no entanto, uma reação contrária. A acusação de que tais oposições incorrem em uma expressão de antissemitismo, ódio racial e de perseguição ao povo judeu.

Reprodução: UN NEWS (faixa de Gaza, 2024)

Conflito de décadas 

O conflito entre Israel e a Palestina remonta à década de 1940, quando, na esteira do holocausto, a defesa da criação de um Estado nacional para o povo judeu ganhou força e resultou em uma migração em massa para a região onde estão Israel e Palestina. Em território partilhado com subvenção da Organização das Nações Unidas (ONU), couberam terras a árabes (Palestina) e judeus (Israel).

Logo em seguida à criação do Estado de Israel, em 1948, a Primeira Guerra Árabe-Israelense opôs o novo país às forças de Egito, Síria, Jordânia, Iraque e Líbano. Trata-se de uma primeira demonstração do conflito que se estende até os dias de hoje, motivado pela não aceitação da convivência pacífica entre os diferentes povos em uma mesma região. Já nos anos iniciais do conflito, novas divisões territoriais, promovidas por ocupações israelenses, levaram ao deslocamento forçado de milhares de palestinos – episódio conhecido como Nakba (“catástrofe”) pelos árabes.

Conflitos como a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yom Kippur (1973) foram marcos da relação tensa entre Israel e os povos árabes que, na Palestina, vêm sendo confinados a territórios cada vez menores, graças ao desrespeito aos tratados e seguidas invasões territoriais promovidos por Israel desde 1967. 

Em reação ao domínio israelense, a Primeira Intifada (1987-1993) e a Segunda Intifada (2000-2005) foram levantes palestinos contra as invasões. Em ambos os casos, as demandas populares levaram a conflitos violentos entre as duas partes, situação que ocorre até os dias atuais.

A comparação de mapas históricos permite ver como Israel tem avançado sobre territórios destinados à Palestina em 1947. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem alertado, ainda hoje, que os assentamentos israelenses sobre os territórios palestinos continuam a avançar.

Mapas mostram avanço da ocupação do Estado de Israel sobre o território destinado à Palestina em resolução da ONU em 1947 – Reprodução: UCCPIN

O mais recente capítulo do conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando o grupo armado palestino Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) entrou no território israelense e matou cerca de 1,2 mil pessoas, fez reféns e divulgou imagens de execuções.

Em resposta ao ataque que chocou o mundo, Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, lançou uma ofensiva bélica contra o Hamas e o território palestino. Apesar do direito de retaliação, as ações militares levadas à cabo por Israel vêm sendo criticadas por serem desproporcionais ao ataque sofrido e atingirem de forma dramática civis inocentes.

Acusações de antissemitismo

As críticas à resposta militar israelense, porém, têm se chocado com acusações de antissemitismo, por parcela de judeus e seus apoiadores, que nem sempre têm o respaldo dos fatos. Nas redes, vozes contrárias às mortes promovidas pelo Estado de Israel são acusadas de estarem baseadas em ódio aos judeus e grupos à esquerda já foram acusados, de forma genérica, de antissemitas. Tais discursos desconsideram que até mesmo judeus manifestam-se nas ruas contra as ações israelenses. Houve um número deles presos, nos Estados Unidos, sob acusação de antissemitismo.

No Brasil, o jornalista Breno Altman, fundador do site Opera Mundi, especializado na cobertura de temas internacionais, foi alvo de ataques e ameaças de grupos pró-Israel ainda em outubro de 2023. Altman, que é judeu, publica conteúdos críticos à postura de Israel e ao sionismo (movimento político-religioso, de várias correntes, que defende o direito à autodeterminação da totalidade do povo judeu sobre o território considerado judaico).

Em outubro de 2023, pouco tempo após os ataques do Hamas a Israel, o Opera Mundi revelou o recebimento de mensagens no WhatsApp que sugeriam “arrancar os dentes da boca desse fdp e cortar os dedos fora para parar de escrever e falar merda”. De acordo com o site, algumas publicações nas redes digitais comparavam Altman a um “kapo” – os judeus que atuavam como agentes nazistas em campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial.

Os ataques também atingiram outro judeu crítico da política israelense, o doutor em História Social, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Michel Gherman que, ao contrário de Altman, é um sionista da corrente que defende o direito a um Estado Palestino. Em palestra na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em outubro de 2023, o professor, que também é pesquisador do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade de Jerusalém, foi acusado de praticá-lo.

Em vídeo publicado em seu canal no YouTube, Gherman avalia: “A capacidade que essas pessoas têm de não escutar o que eu digo e produzir, sobre mim, acusações mentirosas é cruel. Eu estudo antissemitismo, sou vítima de antissemitismo. E fui chamado, por essas pessoas, de um judeu antissemita. Isso é cruel.”

As acusações de ódio ao povo judeu também recaíram sobre o presidente da República Luis Inácio Lula da Silva (PT). Em evento público, em 23 de fevereiro de 2024, Lula criticou as ações militares levadas a cabo por ordens de Netanyahu e afirmou que “o que o governo de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças (…) se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio”.

A crítica, feita à condução das práticas militares, foi interpretada por apoiadores de Israel como “antissemitismo explícito”. No X/Twitter, o senador Sérgio Moro (União-PR) publicou: “Nenhuma palavra sobre os reféns de Israel, nem sobre a invasão da Ucrânia, nem sobre a ditadura venezuelana. Antissemitismo explícito. Quem quiser que acredite no “democrata”.

Na sequência dos ataques de 7 de outubro de 2023, porém, Lula havia dito, por meio de seu perfil no X/Twitter, que ficou “chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas”.

Criminalização de críticas como estratégia

Conforme apontado por Bereia, em matéria publicada em maio de 2024, as alegações de antissemitismo são uma estratégia discursiva de grupos conservadores teologica e politicamente e de apoiadores do governo de Israel para impedir críticas. A checagem classificou como enganosa publicações que declararam protestos estudantis contra o massacre de palestinos, nos Estados Unidos, realizados meses atrás,  como antissemitas.

Como exemplo disto, a doutora em sociologia e professora da Universidade de Brasília (UnB) Berenice Bento cita a ação judicial da Confederação Israelita do Brasil (Conib) contra Breno Altman. “É um dos muitos exemplos dessa grave ofensiva. Israel passou a tomar para si a totalidade da representação judaica e, ao fazê-lo, busca igualar todas as críticas às suas políticas coloniais e genocidas em expressão do antissemitismo”.

Antissemitismo é a intolerância contra judeus, por características étnicas e religiosas que os constituem como povo. É fato que ataques antissemitas foram registrados na Europa e fora do continente após as ações bélicas de Israel na Faixa de Gaza, em 7 de outubro de 2023. Países como França, Áustria e Reino Unido anunciaram aumento considerável de ataques contra judeus nos meses seguintes ao conflito. 

No entanto, críticas e manifestações contra decisões políticas do Estado de Israel e ações bélicas abusivas praticadas por ele são direitos civis garantidos, como liberdade de expressão. Entre outras situações, o verbete do Dicionário de Política cita explicitamente a “oposição à política israelense ou ao movimento sionista” como uma das situações que não podem ser consideradas como antissemitas.

Em entrevista ao Bereia, o professor de Teologia e doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) Wallace Góis reconhece que o próprio governo israelense em defesa de suas ações adota o discurso de “antissemitismo”, pelo mesmo motivo que a extrema direta anuncia uma “ameaça comunista”, como uma propagação de pânico.  

Ações de ONG sionista conservadora e campanhas diversas pro-Estado de Israel

Grupos sionistas e organizações pró-Israel atuam intensivamente nas mídias sociais, quer para impedir críticas, quer para promover uma boa imagem do governo israelense. Dentre essas organizações, uma das mais ativas é a organização internacional de promoção do Estado de Israel “Stand with Us”. A ONG se define como “uma instituição educacional sobre Israel sem fins lucrativos” que declara “ensinar pessoas de todas as idades sobre Israel e a combater o extremismo e o antissemitismo”.

Com sede em Los Angeles, a organização tem dezoito escritórios nos Estados Unidos, além de bases no Canadá, em Israel, no Reino Unido e, desde 2018, no Brasil. A instituição conta também com o Centro de Educação, emblemático, no coração de Jerusalém e hospeda programas na América Latina, África do Sul, China, Europa e Austrália.

As mídias sociais são espaço privilegiado para conteúdo promotor de apoio às políticas do Estado de Israel como sinônimos de simpatia com o povo judeu. Isto é reforçado pela apropriação de símbolos religiosos – uma tendência judaizante de parte dos evangélicos (o fenômeno denominado em pesquisas acadêmicas como “Sionismo Cristão”).

Há grupos evangélicos no Tik&Tok, no Telegram e no Facebook, programas de viagens para Israel , notícias de campanhas de oração, mobilizações diversas, combate ao que é classificado como terrorismo islâmico com base religiosa e campanhas comunicacionais. Na pesquisa do Bereia foram identificadas 854 hashtags, como, por exemplo, “#oremporisrael”, e o incentivo ao uso da bandeira israelense nos perfis das mídias sociais.

Bereia coletou, ao longo de um ano, 2.789 postagens diferentes, similares aos links já relatados a favor das ações bélicas contra a Palestina e pró-Israel. Nesta busca também foram encontrados conteúdos pró-Estado de Israel em mídias alinhadas à extrema direita, como a Gazeta do Povo e o portal Brasil Paralelo, o que referenda a tese de suporte e articulação de grupos ultraconservadores com o governo Netanyahu.

Em todos esses casos, há um apagamento da situação desumanizada em que se encontra a população palestina, especialmente a cristã, que é invisibilizada, para se fazer crer que palestinos são islâmicos violentos.

Uso do imaginário judaico pela direita fundamentalista brasileira

A negação das críticas à política de morte do Estado de Israel, com atribuição de “antissemitismo”, pode ser explicada por dois elementos: desconhecimento do processo de reconstituição do Estado de Israel, em 1948, e dos conflitos políticos em torno dele, e o fator ideológico-político do alinhamento ao sionismo conservador. 

O movimento sionista, denominado por inspiração do Monte Sião, em Jerusalém – a representatividade bíblica da terra prometida ao povo hebreu – surgiu ainda no fim do século 19. Uma das correntes ideológicas do movimento defendeu a criação de um Estado judaico na antiga Terra de Israel.

O Estado de Israel foi criado em 1948, por intermédio da Organização das Nações Unidas, após a aprovação da Resolução 181/1947. O documento sugeriu a divisão da Palestina em um Estado Árabe e um Estado Judeu. Os sionistas garantiram 55% do território palestino para 600 mil imigrantes judeus, enquanto os outros 45% foram destinados a 1,2 milhões de palestinos, por uma campanha que envolveu compra de terras e imigração ilegal fortalecida pela ideia de reparação da culpa pelo Holocausto.

O Reino Unido foi um facilitador na imigração judaica para a Palestina, por ter exercido controle sobre a região depois da Primeira Guerra Mundial. A enciclopédia Britannica indica que entre os anos finais do século 19 e os iniciais do século 20, a região vivia um “renascimento árabe geral”. Em 1914, a população da Palestina era de 690 mil habitantes, destes 535 mil eram muçulmanos, 70 mil cristãos, a maioria árabes e 85 mil judeus.

Quanto ao alinhamento ideológico, o professor Michel Gherman aponta, no artigo O Judeu imaginário no Bolsonarismo: Um Caso de Conversão e Desconversão e seus oponentes, publicado na plataforma Religião e Poder, do Instituto de Estudos da Religião (ISER), a importância das articulações de grupos conservadores com setores religiosos para o fortalecimento de pautas da extrema direita brasileira, e afirma: “A recuperação do vínculo com os judeus brasileiros é, na perspectiva dessa direita, um dos elementos determinadores de uma nova brasilidade, religiosa e conservadora; judaica e cristã”.

No texto, o historiador também apresenta o conceito de Judeu Imaginário. Segundo ele, seria a visão de Israel como um país branco, armado, capitalista e cristão. “A barreira necessária contra a invasão da esquerda, dos comunistas, da ‘ditadura gay’ ”, pontua Gherman.

Imagem: reprodução/X

O cientista social, mestre e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) Matheus Alexandre, em artigo para o jornal Le Monde Diplomatique Brasil, ressalta que “o Estado de Israel imaginado por essa direita evangélica é uma reconstrução imaginária do antigo Reino de Judá e, portanto, incongruente com o que, de fato, é Israel hoje”.

Alexandre destaca ainda que, especificamente após a liderança de Benjamin Netanyahu, a direita conservadora, principalmente a cristã com raízes pentecostais, se tornou apoiadora do Estado de Israel.

Em seu texto, o cientista social critica, sobretudo, a simplificação de temas complexos e polarizados, como a guerra entre Israel e o Hamas – Movimento de Resistência Islâmica -, no ambiente virtual, sem que haja espaço para a compreensão de nuances e diferentes posições que sejam capazes de considerar as vidas humanas em ambos os lados.

Política militar do governo de Israel

No início da resposta aos ataques de 7 de outubro, um dos principais objetivos de Netanyahu era a morte de líderes do Hamas. Após a execução do mentor dos ataques, no entanto, o primeiro-ministro reforçou que iria “continuar com toda a força” os ataques contra o grupo que é considerado terrorista por Israel,  União Europeia e mais três paises.

Desde outubro do ano passado, Israel matou aproximadamente 43,6 mil pessoas na região palestina da Faixa de Gaza. De acordo com um relatório produzido pelo Escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), quase 70% das vítimas são mulheres e crianças, o que indica um desrespeito sistemático aos princípios do Direito Humanitário Internacional. O relatório aponta, ainda, que 80% das mortes ocorreram em edifícios residenciais, hospitais e habitações semelhantes.

Mesmo em situações de guerra declarada, em que a violência é parte da realidade local, há regras a serem seguidas, para a proteção de civis. Porém, as ações militares perpetradas pelo Estado de Israel têm explicitado o desrespeito a tais regras.

Sem ter alcançado o resgate de todos reféns israelenses, a política de guerra contra a Palestina implementada por Netanyahu passou a ser, cada vez mais, parte de um cálculo que também tem como objetivo determinar o próprio futuro político e jurídico do primeiro-ministro.

Exemplo disso é a demissão, no último 5 de novembro, do ministro da Defesa Yoav Gallant, que passou a ser alvo de desconfiança por parte do chanceler israelense. Conforme informou a rede Al Jazeera, Benjamin Netanyahu, anunciou a decisão acompanhada da declaração de que desentendimentos entre o primeiro-ministro e o agora ex-ministro da Defesa foram conhecidos pelos inimigos e interferiram na gestão da ação bélica.

A notícia também traz à luz as divergências entre os objetivos de Netanyahu, de eliminar o grupo Hamas, e Gallant. No mesmo dia, o ex-ministro da Defesa declarou, em seu perfil no X, que a sua prioridade foi “a segurança do Estado de Israel”. Gallant já havia criticado a condução das ações militares e outros posicionamentos do primeiro-ministro israelense.

Necropolítica do Estado de Israel

A necropolítica pode ser entendida como o “uso do poder político e social, especialmente por parte do Estado, de forma a determinar quem pode permanecer vivo ou deve morrer”. A definição é da Academia Brasileira de Letras (ABL), baseada nas formulações do intelectual camaronês Achille Mbembe. A ABL ressalta que esta determinação de vida ou morte pelo Estado pode ser feita por ação, ou omissão.

No caso em questão, as ações militares que levaram à quase completa destruição da Faixa da Gaza – antes local de residência de cerca de 2,2 milhões de pessoas – podem ser creditadas à ação do Estado de Israel. Mesmo diante de seguidos apelos da comunidade internacional por tréguas na matança de civis implementada em nome da destruição do Hamas, as decisões do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apontaram, ao longo de mais de um ano, sempre na direção de mais violência.

O próprio Mbembe, no ensaio “Necropolítica”, em que explica as manifestações desta forma de exercer o poder, usa o exemplo da relação Israel-Palestina para explicitar o fenômeno. “A forma mais bem sucedida de necropoder é a ocupação colonial contemporânea da Palestina”, afirma. Em outro trecho, o autor diz que “a ocupação colonial contemporânea [da Palestina] é uma concatenação de vários poderes: disciplinar, biopolítico e necropolítico. A combinação dos três possibilita ao poder colonial dominação absoluta sobre os habitantes do território ocupado”.

No entanto, embora a destruição da Faixa de Gaza – que teve mais de 128 mil edifícios destruídos, entre residências  escolas, universidades e hospitais – e a morte de inocentes sejam noticiadas rotineiramente pela imprensa internacional, o olhar crítico sobre a postura de Israel continua a ser deliberadamente confundido com antissemitismo.

Ataques a templos religiosos também fazem vítimas cristãs 

No início da ação bélica de Israel, em outubro de 2023, 18 pessoas de uma comunidade cristã, abrigadas em um edifício da Igreja Ortodoxa Grega de São Porfírio, no norte da Faixa de Gaza, morreram após um ataque aéreo israelense. Durante o bombardeio de Gaza, hospitais evangélicos e escolas cristãs também foram atingidas.

Imagem: Igreja cristã ortodoxa de Gaza, atingida pelos bombardeios israelitas

Organizações cristãs internacionais como o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e o Vaticano têm se pronunciado contra o estado israelense. Além de denunciar publicamente, o CMI  produziu uma declaração conjunta (de protestantes, católicos e ortodoxos) condenando a escalada de violência por parte de Israel no Oriente Médio, atingindo igrejas, escolas e hospitais religiosos, bem como civis indiscriminadamente. O Vaticano também denunciou a destruição de santuários, escolas e unidades de saúde

No Brasil, 27 igrejas, organizações cristãs e  271 assinaturas lideranças de diferentes igrejas cristãs também se pronunciaram em condenação à ação militar israelense. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), também “rompeu o silêncio” denunciando a “guerra, que já ceifou a vida de 17 mil crianças, além de médicos, profissionais da ONU, estudantes e mulheres”.

Após um ano do início do atual conflito, os ataques bélicos de Israel se estenderam a um país vizinho, o Líbano. Segundo a Cruz Vermelha, um bombardeio matou 21 pessoas em uma vila de maioria cristã no norte do Líbano, em outubro desse ano, o setor cristão de Beirute também foi bombardeado. A Cruz Vermelha também enviou reforços para a equipe libanesa e emitiu comunicados sobre o Direito Humanitário Internacional, que vem sendo desrespeitado. Além da crise recente, no Líbano, desde maio de 2024, as organizações internacionais vêm denunciando as violações de direitos humanos ocorridas na faixa de Gaza

Em 21 de novembro de 2024, após aceitar denúncias de crimes de guerra, o Tribunal Penal Internacional (TPI),  de Haia (Holanda) emitiu mandado de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant. Também foram condenados, no mesmo tribunal, os comandantes do Hamas – Mohamed Deif, Ismail Haniyeh e Yahya Sinwar. O TPI decidiu que “cada um tem responsabilidade criminal como superiores civis pelo crime de guerra de dirigir intencionalmente um ataque contra uma população civil”. O estado israelense não reconhece nem a sentença, nem a jurisdição do tribunal. 

Benjamin Netanyahu se pronunciou e argumentou que a decisão do TPI é antissemita. O chanceler israelense comparou a condenação ao caso emblemático do judeu e capitão do exército francês Alfred Dreyfus, vítima de uma falsa acusação e um julgamento injusto em 1894. Para corroborar sua versão, Netanyahu responsabiliza “um juiz francês” ao correlacionar à história do século 19. Em sua defesa, o primeiro-ministro diz fazer de tudo para evitar mortes de civis e defende uma “guerra justa” contra o Hamas. A realidade pelas telas de TV, computadores e smartphones mostra outra postura.

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Bereia alerta leitores e leitoras para o engano de se classificar como “antissemitismo” manifestações críticas ao massacre da população palestina imposto pela ação bélica de Israel no Oriente Médio.

É preciso repudiar sempre preconceito, discriminação e ódio contra judeus, a cultura e a religião judaicas, o que, de fato, consiste em antissemitismo. Porém, é preciso garantir o direito à crítica respeitosa, justa e construtiva a qualquer injustiça cometida da parte de qualquer pessoa, grupo, autoridade, governo, ancorada em dados da realidade que a estimulam. 

Referências:

TikTok.

https://www.tiktok.com/@historiascretasdabiblia/video/7288348707668446470?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7438967406414562871 Acesso em: 25 nov 2024.

https://www.tiktok.com/@js_jesus7/video/7289065431971974406?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7438967406414562871 Acesso em: 25 nov 2024.

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https://www.tiktok.com/@ildineicostaoficial/video/7419800094263774469?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7438967406414562871 Acesso em: 25 nov 2024.

Instituto Brasileiro de Direito e Religião. https://www.ibdr.org.br/publicacoes/2023/10/8/nota-de-repdio-aos-ataques-terroristas-do-hamas-ibdr-e-unigrejas Acesso em: 25 nov 2024.

Gazeta do Povo. https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/guilherme-de-carvalho/preconceito-esquerda-evangelicos-israel Acesso em: 25 nov 2024.

Coalizão pelo Evangelho. https://coalizaopeloevangelho.org/article/chamado-a-oracao-por-israel-e-pela-paz-no-oriente-medio/ Acesso em: 25 nov 2024.

Religião e Poder. https://religiaoepoder.org.br/artigo/sionismo-cristao/ Acesso em: 25 nov 2024.

BBC.

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United Nations. https://news.un.org/pt/story/2024/09/1837816 Acesso em: 25 nov 2024.

Enciclopédia do Holocausto. https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/introduction-to-the-holocaust Acesso em: 25 nov 2024.

Economic Cooperation Fundation. https://ecf.org.il/media_items/498

X. https://twitter.com/michel_gherman/status/1860696385311392126?t=lmgEHaCnTqHhCstGn2LWKg&s=19 Acesso em: 25 nov 2024.

USP. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2938561/mod_resource/content/1/BOBBIO. Dicion%C3%A1rio de pol%C3%ADtica..pdf Acesso em: 25 nov 2024.

Foto de capa: Free Malasya Today

Sites religiosos desinformam sobre protestos pró-Palestina em universidades

Os protestos de estudantes que começaram em universidades americanas e se espalham por outras instituições ao redor do mundo, inclusive no Brasil, têm gerado uma onda de notícias enganosas que se alastram tanto nos Estados Unidos quanto em solo brasileiro. Sites evangélicos como Pleno.News, Gazeta do Povo e Gospel Mais classificam os protestos como antissemitas e denunciam suposta ameaça aos judeus que frequentam as universidades em questão. 

O portal evangélico Pleno.News publicou, em 8 de maio, matéria apontando o acampamento de estudantes da USP como “anti-Israel”, já o Gospel Mais repercutiu as falas do Pr. Jack Graham, da Igreja Batista Prestonwood, na cidade de Plano, no Texas (EUA). O pastor acredita que os protestos contra os ataques israelenses fazem parte de uma “batalha espiritual” contra o povo de Deus e que “Satanás odeia o que Deus ama”. Os veículos criticam a ação dos universitários e classificam como uma ameaça aos judeus que estudam ou trabalham nessas instituições. 

De igual modo, o jornal Gazeta do Povo publicou, em 4 de maio, editorial que critica duramente os universitários, alegando um suposto “ódio aos judeus”. No mesmo texto, há relatos de ataque a judeus, exaltação ao terrorismo e crimes de ódios, entretanto sem detalhes que comprovem a denúncia. 

Imagem: Reprodução/Pleno.News

Imagem: Reprodução/Gospel Mais

Imagem: Reprodução/Gazeta do Povo

A disseminação de que os movimentos pró-Palestina são antissemitas é uma construção traduzida no posicionamento de parte de líderes políticos e religiosos brasileiros, que mostram como existe uma visão sionista de parcela da comunidade cristã brasileira, algo que se estruturou nos útlimos anos, conforme Bereia já abordou. Figuras públicas como a deputada federal Carla Zambelli e o Influenciador Guilherme Kitler repercutem e reforçam esses posicionamentos, ao apoiarem as medidas tomadas pelo governo estadunidense em relação aos protestos e declarar a existência de ritos islâmicos entre os estudantes.

Imagem: Reprodução Instagram

Imagem: Reprodução/Instagram

Desde o início do conflito, a Liga Anti-Difamação (ADL, na sigla em inglês) tem sido fonte sobre aumento do número de denúncias de supostos casos de antissemitismo em todo o mundo. O material apresentado pela organização em janeiro aponta que os casos de antissemitismo aumentaram quase 400% nos EUA, contudo os dados apresentados são usados como forma de reprimir os protestos e movimentos pró-Palestina, no que é um modus operandi da ADL. 

Cristãos que se manifestaram pró-Palestina e contra o sionismo

Em contrapartida a essa parcela da população, nos Estados Unidos e ao redor do globo, que acredita que os movimentos em favor da Palestina são antissemitas e anti-sionistas, como mostram os textos publicados nos sites supracitados e as publicações nas mídias sociais, outras instituições religiosas defendem e apoiam os movimentos. As instituições americanas United Methodist Church (UMC), United Church of Christ, Conference of Bishops of the Evangelical Lutheran Church in America (ELCA) e Presbyterian Church (U.S.A.)’s Office of Public Witness não só declararam apoio aos movimentos, mas criticaram o governo israelense e exigiram dos Estados Unidos o desinvestimento na guerra, um cessar fogo e auxílio para as pessoas que estão em condições precárias na Palestina. 

Algumas das ações realizadas pelas organizações citadas repercutiram na mídia. O Escritório de Testemunhas da Igreja Presbiteriana enviou, em conjunto com outras cem instituições, uma carta ao presidente Biden na qual pedem que o governo aprove o restabelecimento do financiamento à Agência de Assistência e Obras das Nações Unidas, organização que realiza serviços sociais para refugiados palestinos. Membros da Igreja Metodista Unida se uniram aos estudantes em protesto pela Palestina e bispos da Igreja Evangélica Luterana na América enviaram ao presidente estadunidense uma carta em que pedem pelo cessar fogo em Gaza.

Imagem: Reprodução United Methodist Church (UMC)

Imagem: reprodução Presbyterian Church (U.S.A.)’s Office of Public Witness

Imagem: Reprodução Conference of Bishops of the Evangelical Lutheran Church in America (ELCA)

Bereia ouviu o professor e atual coordenador do departamento de história e estudos ecumênicos do Princeton Theological Seminary (Seminário Teológico de Princeton), em Nova Jersey, Dr. Raimundo César Barreto, Jr. que tem apoiado os estudantes acampados na Universidade de Princeton nos protestos. “O acampamento de solidariedade à Palestina está acontecendo na universidade, mas conta com a participação de estudantes do seminário. Dentre os estudantes que foram injustamente banidos do campus (de Princeton), dois eram do seminário. Um chegou a ser preso”, conta o professor que participa de um grupo de docentes que apoia as manifestações. 

“Professores também têm se organizado nas diversas universidades para apoiar os estudantes. (Aqui), um grupo de Professores pela Justiça na Palestina (do qual eu e mais dois colegas do seminário também fazemos parte) foi formado. Este grupo vem se reunindo regularmente e participando dos eventos em apoio aos estudantes”, relata Dr. Barreto.

“O movimento é completamente liderado e organizado por estudantes, de caráter não violento, na tradição de outros movimentos anti-guerra e mesmo do movimento pelos direitos civis dos anos 60”, afirma o professor. Ele ressalta ainda que apesar do caráter pacífico das manifestações, a resposta da universidade foi violenta desde o início, com a polícia do campus impedindo a colocação de tendas no acampamento e prendendo dois estudantes nos primeiros 15 minutos do acampamento. 

Barreto acrescenta que “Desde os protestos contra a Guerra no Vietnã, passando pelas manifestações contra o apartheid na África do Sul, a indiferença e dureza encontrada na administração do atual presidente da universidade Christopher L. Eisgruber levou um grupo de estudantes a iniciar uma greve de fome, na tentativa de provocar um diálogo. Apesar da comoção na comunidade, Eisgruber continua resistindo ao diálogo”, lamenta.  

Relação Israel-EUA é motor dos protestos

Para o professor do Princeton Theological Seminary, a resposta de Israel aos ataques do Hamas no dia 7 de outubro foram desproporcionais, ultrapassando em muito o que possa ser considerado um legítimo direito de defesa do Estado de Israel. “Em menos de dois meses de ação militar em Gaza, quase 16.000 palestinos, muitos dos quais crianças e até bebês recém-nascidos tinham sido mortos, 41.000 feridos e a destruição completa de 60% das casas na Faixa de Gaza”. Além disso, continua Barreto, “toda a população de Gaza foi afetada pela falta de água, energia elétrica, e acesso à ajuda humanitária. Tal resposta, não por acaso, foi compreendida como uma política genocida. Estes números foram quase triplicados nos últimos meses”. 

O pastor explica ainda que o apoio financeiro e político dos EUA ao governo israelense tem sido questionado pelos universitários. “Foi esta cumplicidade dos EUA com o massacre da população palestina em Gaza que reativou um movimento já existente no país e em muitas universidades. Os estudantes pedem não apenas o cessar-fogo imediato em Gaza, mas o desinvestimento de suas universidades, ou de qualquer companhia que apoie ou financie (se beneficie) os atos genocidas do Estado de Israel, além de transparência nos investimentos”, alega.  Segundo o professor, algumas universidades e seminários, inclusive o Union Theological Seminary, em Nova Iorque, têm respondido a estas demandas de forma positiva, adotando um compromisso com o desinvestimento. “As universidades de Princeton, Columbia, Harvard e Emory, entre outras, no entanto, adotaram uma resposta dura, com uso da força policial para intimidar os estudantes ou desmantelar os acampamentos, se negando a sequer se sentar com os estudantes para negociar suas demandas”.

Não-violência e multi-etnicidade

O pastor brasileiro radicado nos EUA afirma que tem testemunhado diariamente o compromisso dos estudantes com a ação não-violenta. “Mesmo quando são provocados por grupos de israelitas sionistas que têm sido muito agressivos no contra-protesto, querendo provocar confrontos, ou mesmo diante da violência e provocação por parte de seguranças e policiais. A imprensa tem se calado sobre a participação de muitos estudantes judeus no movimento e do convívio harmonioso entre islâmicos, judeus, cristãos e sem religião nos acampamentos, que inclui o máximo respeito aos atos de devoção de cada grupo”, garante.  

Barreto finaliza exaltando os estudantes que são de origem diversa como Oriente Médio, Índia, México, afro-americana, entre outras “É um despertar para uma injustiça sistêmica que se tornou inaceitável. Um movimento demandando um basta à cumplicidade dos EUA, que sustentam esta violência sistêmica com doações anuais de bilhões de dólares, e das universidades que investem em companhias que têm sangue em suas mãos. Mesmo os estudantes que foram presos, fichados na polícia, criminalizados, não tem se deixado intimidar, demonstrando uma determinação de continuar na luta, mesmo numa situação de tremenda desvantagem”.

Como tudo começou?

No dia 7 de outubro de 2023 o mundo presenciou o ataque que causaria o início do atual conflito. Classificado por diversas autoridades públicas como um ataque terrorista, realizado pelo partido político palestino Hamas (Movimento de Resistência Política). Entretanto, o grupo não é reconhecido como terrorista pela Organização das Nações Unidas). O acontecimento marcou o início de uma guerra na qual Israel está respondendo com uso de força considerada desproporcional pelas autoridades públicas. Bereia checou estes dados. 

O Hamas, por sua vez, alega que os ataques se restringiram a alvos militares. em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o Chefe do Departamento Político em Gaza e membro do Comitê Político do Hamas Basem Naim disse que os alvos do grupo eram complexos militares e soldados. “Nós evitamos civis, mulheres, crianças e homens. Ao mesmo tempo, temos dito que estamos prontos para receber qualquer comitê de investigação da ONU ou internacional, a fim de apurar o que ocorreu em 7 de outubro”, assegurou.  

Naim garante que cerca de 70% dos palestinos ainda apoiam a resistência, apesar da agressão e da destruição. “A popularidade do Hamas aumentou depois de 7 de outubro. O Hamas é parte do tecido social e político palestino”, explicou o líder que ocupou o posto de ministro da Saúde entre 2007 e 2012”. 

Desde o início do conflito, o ataque de Israel na Faixa de Gaza foi tão intenso a ponto da guerra ser considerada a mais mortal da história da Palestina desde 2015. Esse posicionamento ofensivo atrelado ao apoio financeiro que Israel recebe por parte dos Estados Unidos foi criticado por autoridades políticas e sociais, inclusive por membros do governo estadunidense, o que culminou para o início dos protestos pró-Palestina em universidades estadunidenses, além do  posicionamento de organizações religiosas a favor do movimento. 

O que está acontecendo nos protestos pró-Palestina nas universidades?

Nos Estados Unidos as tensões se agravaram após a reitora da Universidade de Columbia, Nemat Minouche Shafik, reprimir os protestos que se iniciavam no dia 18 de abril. Após a fala da reitora, os protestos se espalharam por diversos outros campi nos EUA, como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na Universidade do Texas, na Universidade de Michigan e na Universidade da Califórnia. Os manifestantes exigem que as universidades cortem laços com Israel.

Após a repercussão das manifestações, o presidente estadunidense, Joe Biden, afirmou que a liberdade de expressão e o direito de protestar são válidos, mas condenou a violência e o vandalismo, além de afirmar que os movimentos seriam antissemitas. Contudo os protestos seguem, o número de manifestantes presos já ultrapassa 2 mil e o apoio a eles cresce ao redor do mundo: nos últimos dias foram observados protestos no Reino Unido, França, Índia, Canadá e Brasil. 

No Brasil estudantes organizados pelo Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino ocuparam os prédios de História e Geografia da Universidade Estadual de São Paulo (USP). Os manifestantes exigem que a universidade corte relações com as universidades israelenses parceiras, além de mobilizarem um abaixo-assinado para que outras universidades do país realizem as mesmas reivindicações.

Imagem: Reprodução/G1

Contraponto

Apesar do apelo midiático que define os movimentos como antissemitas, estudiosos afirmam que não existem manifestações de ódio entre os estudantes. O professor de História Europeia e Estudos Alemães na Universidade Brown nos EUA Omer Bartov contou em entrevista ao jornal Democracy Now que esteve presente nas manifestações na Universidade da Pensilvânia. 

Bartov, que é israelense, diz ter observado jovens estadunidenses, judeus e árabes pedindo por justiça em um clima agradável, sem violência ou discursos de ódio. “Não houve absolutamente nenhum som – nenhum sinal de qualquer violência, de qualquer anti-semitismo. Havia estudantes judeus lá. Havia estudantes árabes lá. Havia todos os tipos de jovens lá. E a atmosfera era muito boa”, conta o professor. “os numerosos governos sob o comando de Benjamin Netanyahu têm promovido esta agenda argumentando que qualquer crítica às políticas israelitas, às políticas de ocupação israelitas, como antissemita”

Omer Bartov aponta ainda que ouviu entrevistas de estudantes judeus que dizem se sentir ameaçados, mas ele coloca em discussão como não há questões ameaçadoras no ato dos estudantes se oporem à ocupação e opressão causada por Israel. De acordo com o professor, estes estudantes sentem medo, porque aprenderam a se sentir assim diante da bandeira palestina ou de símbolos que representam os muçulmanos. 

“Tenho ouvido algumas entrevistas com estudantes judeus que se sentem ameaçados, parece-me que muitos deles se sentem ameaçados porque veem uma bandeira palestina, porque ouvem pessoas clamando pela intifada. ‘Intifada’ significa ‘sacudir’, sacudir para se livrar da ocupação. Mas não há nada de ameaçador em opor-se à ocupação e à opressão. Isso não é antissemitismo, da mesma forma ser anti-sionista não é ser antissemita”.

Imagem: Reprodução/Democracy Now

Durante a entrevista o professor aborda um pouco sobre o direito que os estudantes têm de se manifestar enquanto cidadãos. Os protestos pelo fim do ataque de Israel ecoam os movimentos que marcaram a história dos EUA nos anos 1960, quando os estudantes estadunidenses se uniram pelo fim da Guerra do Vietnã. Apesar das diferenças entre os dois conflitos, os manifestantes se unem em prol do fim da violência e do fim do financiamento das guerras pelo governo estadunidense.

Imagem: Reprodução/BBC

Bereia ouviu o teólogo pela PUC-Rio, pesquisador, especialista em teologia negra e ativista de direitos humanos Ronilso Pacheco. Para ele, não há nenhuma ação dos manifestantes no intuito de impedir que alunos judeus acessem a universidade. “Eu falo do lugar de quem estudou na Universidade de Colúmbia, de quem mantém vínculos com amigos, com pessoas e professores que estão em Colúmbia e que está acompanhando os protestos de perto. Não tem, nem nunca teve na verdade, esse tipo de ação”, afirma o pesquisador que é mestre em Religião e Sociedade no Union Theological Seminary (Columbia University) em NY e autor de “Ocupa, Resistir, Subverter” (2016) e “Teologia Negra: O sopro antirracista do Espírito” (2019).

Pacheco explica, ainda, que desde o início grupos conservadores de judeus e protestantes estadunidense usaram o suposto antissemitismo para deslegitimar o movimento dos estudantes. “Isso é um debate desde o início. Uma espécie de estratégia de movimentos conservadores tentando emplacar a ideia de que estudantes judeus estão sendo impedidos de professar o seu judaísmo ou de acessar os campos ou de assistir aulas”, lamenta o teólogo que é diretor de programas do Instituto de Estudos da Religião (ISER). 

“Muitos estudantes judeus, anti-sionistas ou mesmo sionistas de esquerda estão ao lado dos estudantes no protesto em defesa da Palestina e contra a resposta cruel e completamente desequilibrada e desigual de Israel. Muitos estudantes do Jewish Theological Seminary, um seminário teológico-judaico, estavam no campus da Columbia nos protestos”, continua Pacheco. 

O pastor ressalta que os críticos do movimento dos universitários tentam transformar as críticas ao sionismo e ao governo de Benjamin Netanyahu, premier israelense, ao ódio à judeus. “Eles pegaram essas falas e essas críticas pontuais como uma forma de intimidação dos estudantes judeus e casos absolutamente isolados de uma outra crítica mais exacerbada virou uma generalização de que isso era uma filosofia do movimento, e não era”. 

Judaísmo e Islamismo

Outro ponto destacado por Pacheco é a suposta conversão dos estudantes ao islamismo como uma forma de lavagem cerebral do movimento. “Não tem nenhum processo de conversão ao islamismo. Eles fizeram um recorte de ocasiões em que estudantes muçulmanos, estavam no seu momento de oração. Não tem nenhuma prova, que houve conversão ao islamismo no campus. O que houve foram as orações dos estudantes muçulmanos, que é uma imagem forte e que é muito simbólica. Afinal de contas, você está falando de uma agressão contra a Palestina”, frisa o pesquisador. 

“(O que acontece em Gaza, hoje) É uma investida direta com relação ao território da Palestina e contra o povo. Estratégias que desconsideram completamente a sociedade civil palestina. Todo o movimento é no sentido de que Israel recue da sua estratégia mal pensada, que tem colocado em risco a vida de milhões, milhares de palestinos, como uma forma de pressionar o Hamas. É Israel que dialoga com o Hamas, não são os protestos”, analisa o pastor.

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Bereia conclui que as publicações que declaram as manifestações estudantis pró-Palestina como antissemitas são enganosas pois induzem o público a construir uma visão negativa e parcial sobre o posicionamento dos estudantes e todas as organizações que defendem o fim da opressão e ocupação realizada por Israel em Gaza.

Enquanto matérias publicadas em veículos religiosos e reproduzido por figuras públicas nas mídias sociais afirmam que o posicionamento pró-Palestina é antissemita, há organizações religiosas que reconhecem nos movimentos a importância de defender as pessoas que estão sendo oprimidas e em situações precárias na Palestina, como observado nas matérias publicadas pelas próprias organizações. Além disso, estudiosos e membros de instituições religiosas que presenciaram os últimos acontecimentos defendem a legitimidade e o caráter pacífico das manifestações.

Referências de checagem:

BBC Brasil
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqeplqy3e3eo – Acesso em 8 de maio de 2024.

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgl3jnpz7dyo – Acesso em 8 de maio de 2024.

G1
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/10/09/conflito-entre-israel-e-hamas-e-o-mais-mortal-em-territorio-israelense-desde-2008-na-palestina-desde-2015.ghtml – Acesso em 8 de maio de 2024.

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/05/07/estudantes-da-usp-se-juntam-a-onda-mundial-de-protestos-e-montam-acampamento-pro-palestina.ghtml – Acesso em 8 de maio de 2024.


Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/internacional/audio/2024-02/israel-x-hamas-4-meses-de-guerra-quase-29-mil-mortos-e-nenhum-acordo – Acesso em 8 de maio de 2024.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2024-04/universidades-dos-eua-tem-protestos-pro-palestina-autoridades-reagem – Acesso em 8 de maio de 2024.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2024-04/reitora-de-universidade-dos-eua-sofre-pressao-por-reprimir-protesto – Acesso em 8 de maio de 2024.

The Guardian
https://www.theguardian.com/us-news/2024/apr/27/bernie-sanders-benjamin-netanyahu-israel-gaza-war
– Acesso em 8 de maio de 2024.

adl.org
https://www.adl.org/resources/blog/global-antisemitic-incidents-wake-hamas-war-israel – Acesso em 8 de maio de 2024.

CNN Brasil
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/das-manifestacoes-pro-palestina-as-reacoes-judaicas-entenda-os-protestos-em-universidades-dos-eua/ – Acesso em 8 de maio de 2024.

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/onde-protestos-universitarios-pro-palestina-estao-acontecendo-ao-redor-do-mundo/#:~:text=A – Acesso em 8 de maio de 2024.

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/protestos-pro-palestina-universidades-estados-unidos-pessoas-presas/ – Acesso em 8 de maio de 2024.

newsweek
https://www.newsweek.com/christian-church-under-pressure-divest-israel-1895303 Acesso em 7 de maio de 2024.

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https://westernjurisdictionumc.org/students-delegates-join-in-protest-for-students-protesting-palestine/ Acesso em 7 de maio de 2024.

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https://www.umnews.org/en/news/bishops-delegates-join-rally-for-palestine  – Acesso em 7 de maio de 2024.

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https://www.presbyterianmission.org/story/the-pcusas-office-of-public-witness-signs-letter-urging-funding-restoration-to-unrwa/  – Acesso em 7 de maio de 2024.

unitedmethodistbishops.org
https://www.unitedmethodistbishops.org/newsdetail/united-methodist-bishops-call-for-ceasefire-in-gaza-18303396 – Acesso em 7 de maio de 2024.


elca.org
ELCA Conference of Bishops calls for cease-fire in Gaza / stands in solidarity with migrants. https://www.elca.org/News-and-Events/8219 Acesso em 7 de maio de 2024.

UCC.ORG https://www.ucc.org/ucc-officers-issue-statement-amid-ongoing-unrest-on-college-campuses/ – Acesso em 7 de maio de 2024.


The New York Times. https://www.nytimes.com/2024/01/28/us/politics/black-pastors-biden-gaza-israel.html?unlocked_article_code=1.ok0.LRap.jtX1qjhT_tCB&smid=wa-share – Acesso em 7 de maio de 2024.

YouTube.
https://www.youtube.com/watch?v=9aTAnFDZSr8 – Acesso em 7 de maio de 2024.

‘Estudantes protestam como contra Guerra do Vietnã’: a crise nas universidades dos EUA por conflito em Gaza. https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3gl0w34gx1o – Acesso em 10 de maio de 2024.

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Foto de capa: AI-Monitor

Como expressões sionistas cristãs no Brasil desinformam sobre o que ocorre no Oriente Médio

O ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira anunciou, em 18 de outubro, o encerramento da primeira fase da operação de repatriação “Voltando em Paz”, que havia resgatado, até 21 de outubro passado, 1.201 brasileiros da zona de conflito bélico no Oriente Médio. Ao todo, oito voos haviam integrado a a operação. A Força Aérea Brasileira (FAB) ainda aguarda, até o momento do fechamento desta matéria, autorização para resgatar 30 brasileiros da Faixa de Gaza. 

O Brasil foi pioneiro ao anunciar, no dia seguinte ao ataque que iniciou o conflito entre israelenses e palestinos, um plano para repatriação de seus cidadãos sem cobrança de tarifas pelos voos. Em nota, o Itamaraty orientou aos brasileiros que tivessem condições de retornar em voos comerciais que o fizessem, e informou que os voos de repatriação atenderiam aos brasileiros residentes no Brasil e sem confirmação de voo das companhias aéreas.

Comentários sobre os turistas resgatados serem, supostamente, em sua maioria, religiosos e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, tomaram as redes digitais.  Dentre as manifestações pós-resgate, destacou-se a do pastor da Igreja da Lagoinha em Niterói Felippe Valadão, que após críticas, afirmou que o presidente Lula da Silva “nada tem a ver” com sua repatriação e dos integrantes de sua caravana. O pastor atribuiu a realização ao deputado federal Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ).

O grupo de 103 turistas brasileiros, integrantes de uma caravana organizada pelo pastor Felippe Valadão, chegou ao Rio de Janeiro em 11 de outubro. Os religiosos foram resgatados em dois voos, um avião da FAB transportou três brasileiros e os demais foram repatriados em um voo comercial com escala em Dubai. 

Alto fluxo de turistas brasileiros em Israel

O Brasil é o país da América Latina que mais envia turistas para Israel. Dados do Ministério do Turismo de Israel apontam que, em setembro de 2023, 50% dos turistas sul-americanos que foram para o país eram brasileiros. Dos 14,2 mil visitantes da América do Sul, 7,2 mil eram do Brasil, 2,2 mil da Argentina, 2,1 mil da Colômbia, 900 do Chile e 300 do Uruguai. 

Em 2019, a BBC News Brasil publicou uma reportagem sobre a relação dos brasileiros com o turismo religioso em Israel e apontou o aumento de 14% no número de turistas do Brasil no país em 2018, com relação ao ano anterior. Além disso, também sinalizou o crescimento na quantidade de caravanas de líderes evangélicos com destino a Israel.

A agência Terra Santa Viagens tem, para 2024, 38 caravanas agendadas e a New Gênesis outras 27 viagens em grupo para o próximo ano. Bereia encontrou pelo menos outras dez agências de turismo voltadas para este filão de negócios. Nomes famosos no meio gospel, como a cantora Fernanda Brum e o esposo, pastor Emerson Pinheiro, também já têm data marcada para visitar Israel com sua caravana em 2024, organizada pela agência Hebrom Turismo.  

A Hebrom Turismo também foi responsável pela caravana liderada pela atriz e influenciadora digital Karina Bacchi, que foi acusada por uma das integrantes do grupo de ter abandonado os fiéis na Jordânia, após o início dos conflitos bélicos no Oriente Médio. Bacci publicou, em 20 de outubro, em seu canal no YouTube, um vídeo em Israel. Na legenda, a influencer anunciou a caravana de 2024. 

Imagem: reprodução YouTube

Com a eclosão da guerra entre israelenses e palestinos, expressivo número de líderes religiosos, influenciadores digitais e políticos se posicionaram a favor de Israel. O conflito reacendeu os debates sobre ocupação ilegal de territórios por Israel, a criação de um Estado palestino e sionismo. 

Sionismo cristão

O sionismo cristão, termo utilizado em referência a grupos cristãos evangélicos que apoiam discursos em defesa do fortalecimento do Estado de Israel, vem ganhando força no Brasil. Embora esteja presente no país desde a década de 1920, antes mesmo da criação do Estado de Israel, o fenômeno se fazia mais presente nos Estados Unidos e na Europa.

Desde o final da década de 1990, tem crescido, no Brasil, um interesse por Israel associado ao imaginário bíblico, à ideia de prosperidade divina e à própria “estética judaica”. É o que apontam Maria das Dores Campo Machado, Cecília Loreto Mariz e Brenda Carranza, no verbete “Sionismo cristão” do Dicionário para Entender o Campo Religioso.

O aumento no número de viagens de brasileiros a Israel associa-se a esse fenômeno. Muitas delas são realizadas no formato de “caravanas” religiosas, organizadas por igrejas de diversas denominações ou agências de viagens especializadas no público religioso. Nestes projetos turísticos, privilegia-se o discurso pró-território israelense e despreza-se locais na Palestina ou mesmo não se menciona que visitas são feitas a territórios palestinos, como é o caso de Belém, onde está a Igreja da Natividade, denunciam cristãos palestinos. Há estudos sobre a discriminação da Palestina em projetos turísticos como os promovidos pelas Nações Unidas.

Acionamento do sionismo cristão por políticos religiosos

Foi numa dessas viagens religiosas que o então deputado federal Jair Bolsonaro, à época filiado ao Partido Social Cristão (PSC), do Rio de Janeiro, foi a Israel e obteve um batismo no Rio Jordão, uma das atividades mais simbólicas do turismo religioso à Terra Santa. A viagem foi organizada pelo Pastor Everaldo, da Igreja Assembleia de Deus, então presidente do PSC.

Imagem: reprodução de mídias sociais

Católico, Jair Bolsonaro deixou-se batizar por um pastor evangélico no Rio Jordão, construindo a imagem de uma conversão à vertente evangélica pelas mãos do pastor Everaldo e em terras israelenses. As cenas do batismo foram amplamente divulgadas e o elo com o eleitorado evangélico e conservador foi firmado. Dois anos depois, Bolsonaro foi eleito Presidente da República com amplo apoio dessa parcela da população.

A simbologia associada ao Estado de Israel ganhou a política brasileira e passou a ser amplamente utilizada por setores conservadores. Bandeiras de Israel tornaram-se objetos frequentes em manifestações de apoio a Jair Bolsonaro. Em 2019, o então Presidente da República segurou uma bandeira israelense durante a Marcha para Jesus em São Paulo e sua esposa, Michelle, foi às urnas em 2022 ostentando a bandeira israelense em sua roupa.

Imagens: reprodução Terra e O Globo

Em artigo recente, a pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (ISER), e editora-geral de Bereia Magali Cunha, ressalta que a relação construída com o imaginário judaico se explica por uma leitura literalista da Bíblia, segundo a qual o povo israelense é o povo escolhido por Deus. A partir desta perspectiva, surgem, porém, sérias implicações, como considerar que o atual Estado de Israel, hoje comandado por líderes políticos ultranacionalistas de extrema-direita, é o mesmo Israel das referências bíblicas.

Como destaca o professor Michel Gherman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, surge, então, um “judeu imaginário”, que é percebido como sendo de direita e conservador, embora isso não reflita necessariamente o que é a sociedade israelense ou a comunidade judaica.

Cunha ressalta que esta visão da direita exclui a existência de judeus seculares, de esquerda ou liberais. “Um judeu secular ou um judeu ateu não é considerado um verdadeiro judeu. A direita cristã, portanto, cria o seu verdadeiro judeu, construindo uma identidade judaica a partir de uma agenda conservadora específica baseada em leituras evangélicas, especialmente pentecostais”, afirma.

O entrelaçamento de simbolismos israelenses e judaicos com a política brasileira produz diversas consequências. Após os ataques do grupo terrorista palestino Hamas a Israel, em 7 de outubro, uma série de postagens desinformativas inundou as redes digitais, muitas delas atribuindo ao atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao seu partido, relações com o Hamas.

Seguindo a mesma lógica, a repatriação de brasileiros que estavam em Israel foi destacada como uma ação militar independente do Ministério das Relações Exteriores, e buscou dissociar qualquer negociação e decisão política articulada pelo presidente da República, Lula da Silva e/ou seus representantes.

Referências de checagem:

Ministério do Turismo de Israel

https://www.gov.il/en/Departments/General/visitors-and-tourists-2023 Acesso em: 18 out 2023

Catraca Livre

https://catracalivre.com.br/viagem-livre/pelo-3o-ano-seguido-israel-recebe-numero-recorde-de-brasileiros/ Acesso em: 18 out 2023

BBC

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47742304 Acesso em: 18 out 2023

https://www.bbc.com/portuguese/articles/clkjxpvjxjgo Acesso em: 18 out 2023

Konrad Adenenauer Stiftung https://www.kas.de/documents/265553/265602/Neuer+politischer+Aktivismus+in+Brasilien+Die+Evangelikalen+im+21.+Jahrhundert.pdf/b91a6b95-922b-6a02-b025-676ca206f6ea?version=1.0&t=1601315984837 Acesso em: 18 out 2023

Periódicos Unicamp

https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/csr/article/view/8670269/29464 Acesso em: 20 out 2023


TikTok

https://www.tiktok.com/@secomvc/video/7288389248959466758?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7271741480237942278 Acesso em: 20 out 2023

Correio Braziliense
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2023/10/5134794-brasileiros-repatriados-tentam-afastar-lula-de-resgate-em-israel.html Acesso em: 20 out 2023

YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=TIQoMWP0BH8 Acesso em: 20 out 2023

https://www.youtube.com/watch?v=Vn2rCtMakDU Acesso em: 20 out 2023

Instagram

https://www.instagram.com/caravananovoscomecos/ Acesso em: 20 out 2023

Torabit
https://www.torabit.com.br/conflitohamasisrael/?utm_campaign=newsletter_11__extra&utm_medium=email&utm_source=RD+Station Acesso em: 20 out 2023

Valor Econômico

https://valor.globo.com/politica/coluna/terror-do-hamas-acua-esquerda-no-brasil.ghtml?utm_campaign=6newsletter_11__extra&utm_medium=email&utm_source=RD+Station Acesso em: 20 out 2023

Força Aérea Brasileira 

https://www.fab.mil.br/noticias/mostra/41665/OPERA%C3%87%C3%83O%20VOLTANDO%20EM%20PAZ%20-%20Primeira%20aeronave%20com%20brasileiros%20repatriados%20de%20Israel%20chega%20ao%20Brasil Acesso em: 20 out 2023

Nexo Jornal

https://pp.nexojornal.com.br/academico/2023/Como-se-formou-o-sionismo-evang%C3%A9lico-no-Brasil Acesso em: 20 out 2023


Folha de São Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/amp/mundo/2018/01/conexao-com-israel-explica-estranha-ligacao-entre-religioes.shtml  Acesso em: 20 out 2023

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/10/bolsonaro-mirou-evangelicos-e-versao-amigo-de-israel-quando-se-batizou-no-jordao.shtml Acesso em: 20 out 2023

Instituto Humanitas Unisinos https://www.ihu.unisinos.br/categorias/186-noticias-2017/574575-compreender-a-obsessao-evangelica-com-israel Acesso em: 20 out 2023

Carta Capital

https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/o-que-e-o-sionismo-cristao-e-por-que-ele-alimenta-a-direita-no-brasil/  Acesso em: 20 out 2023

A história recente do turismo religioso brasileiro e seu papel no conflito Israel-Palestina

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-13052019-112211/publico/2018_MagnoPaganelliDeSouza_VOrig.pdf Acesso em: 20 out 2023


Gov.br https://www.gov.br/mre/pt-br/embaixada-tel-aviv Acesso em: 20 out 2023

Governo de Israel https://www.gov.il/en/Departments/General/visitors-and-tourists-2023 Acesso em: 20 out 2023

Terra Santa Viagens https://terrasantaviagens.com.br/caravanas/ Acesso em: 20 out 2023

Hebrom Turismo https://www.hebromturismo.com/post/caravana-dubai-israel-com-fernanda-brum-e-emerson-pinheiro Acesso em: 20 out 2023

Terra https://www.terra.com.br/diversao/gente/karina-bacchi-rebate-acusacao-de-ter-abandonado-fieis-em-caravana-a-israel-fui-a-ultima-a-chegar,bfea4171c914ed6430c53c0fa7997a4c5jsuu01a.html Acesso em: 20 out 2023

DW

https://www.dw.com/pt-br/racismo-e-ultranacionalismo-avan%C3%A7am-na-sociedade-israelense/a-17785230 Acesso em: 22 out 2023