Políticos religiosos que atuam pela anistia a golpistas enganam com conteúdo que compara à ditadura militar 

Com o acirramento, neste setembro de 2025, da campanha na Câmara dos Deputados pela anistia dos agentes do golpe de Estado contra o resultado das eleições de 2022, políticos religiosos têm feito circular em ambientes digitais conteúdo que, deliberadamente, distorce e confunde a Lei da Anistia aplicada nos anos finais da ditadura militar, em 1979.

O monitoramento do Bereia identificou publicações com grande alcance sobre o tema, de autoria de duas lideranças políticas, deputados federais de identidade evangélica: o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara Federal, e Nikolas Ferreira (PL-MG).

Os parlamentares do PL reclamam o mesmo direito à anistia dos presos políticos e exilados pelo Estado de exceção imposto pela ditadura militar (1964 a 1985) e criticam lideranças que a defenderam à época e se manifestam contrariamente à atual campanha. Nas postagens, que ainda estão ativas em mídias sociais, as ações do passado são equiparadas com a possibilidade de concessão de anistia para os agentes do golpe contra a democracia para alterar o resultado das eleições de 2022 e continuarem no Poder Executivo da República.

Imagem: Publicação do deputado Sóstenes Cavalcante no X, em 21 set 2025

Imagem: Publicação do deputado Nikolas Ferreira no X, em 4 set 2025

Influenciadores alinhados à pauta da anistia também publicaram conteúdo na mesma direção, com amplo alcance.

Publicação no X, em 20 de setembro.

O que é anistia

O termo anistia tem origem no grego amnestia (a mesma raiz de amnésia) e significa literalmente “esquecimento” ou “perdão”. Desde a Antiguidade, tanto na Grécia quanto em Roma, essa ideia já estava presente: conceder clemência era uma forma de reduzir tensões em períodos de conflito, evitar retaliações e, ao mesmo tempo, garantir estabilidade política.

Com o passar dos séculos, a prática foi adotada em diferentes países do mundo. Durante revoluções e guerras civis na Europa, a anistia serviu como instrumento para permitir que adversários políticos voltassem à vida pública sob os novos regimes, diminuindo a possibilidade de perseguições e fortalecendo os sistemas democráticos em construção.

Hoje, nos países democráticos, a anistia se consolidou como um mecanismo jurídico voltado a um coletivo. Trata-se de um perdão formal concedido pelo Estado a grupos de pessoas que tenham cometido crimes ou infrações, geralmente de natureza política ou administrativa, em determinado período histórico.

É importante diferenciar a anistia do indulto. Enquanto o segundo beneficia indivíduos de forma isolada, a anistia tem caráter coletivo e costuma ser aplicada em contextos excepcionais, como transições de governo, redemocratizações ou iniciativas de reconciliação social.

Segundo o professor de Ciência Política Homero de Oliveira Costa, “a história da anistia no Brasil tem uma longa tradição. Da colônia à República em vários momentos de nossa história, a anistia tem estado presente”. A Lei de Anistia de 1979 tem um destaque na história do país, pois sua aprovação significou o início do encerramento de um período de 21 anos de ditadura militar, que representou um tempo de obscurantismo gerador não apenas de censura, prisões, banimentos e exílios mas do sequestro, da tortura e de execuções sumárias como prática sistemática de repressão perpetrada pelo Estado.

A Lei de Anistia de 1979

O professor Homero Costa recorda o contexto que tornou possível a Lei de Anistia de 1979. Ele se estabelece quando a ditadura militar completou dez anos, em março de 1974, o general evangélico luterano Ernesto Geisel assumiu a presidência prometendo uma abertura “lenta, gradual e segura”. Apesar da retórica, o governo manteve a repressão política: parlamentares continuaram a ser cassados e lideranças de oposição e apoiadores perseguidos. Nesse período quase todos os grupos políticos de resistência e oposição à ditadura que vinham atuando na clandestinidade haviam sido desbaratados pela repressão política, com prisões e execuções, como o caso da aniquilação da Guerrilha do Araguaia, quando o governo enviou ao local cerca de dez mil soldados do Exército para eliminar 69 guerrilheiros armados.

Dois episódios de grande impacto marcaram o período: as mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho em quartéis do Exército. Ambos foram oficialmente apontados como suicídios, mas os casos geraram forte indignação, já que nenhum responsável foi punido. No mesmo período, em 1976, ocorreu a “Chacina da Lapa”, quando dirigentes do Partido Comunista do Brasil foram assassinados. 

Mesmo diante da repressão, as eleições legislativas de 1974 revelaram um enfraquecimento do regime. O MDB, partido de oposição, conquistou 16 das 23 vagas em disputa no Senado, superando a Arena em votos, e quase dobrou sua bancada na Câmara. Esse resultado refletiu o crescente descontentamento popular. Em resposta, o governo militar, em 1977, lançou o chamado “Pacote de Abril”, que criou os senadores biônicos para assegurar a maioria governista no Senado. 

Foi nas brechas que a sociedade civil conseguiu se reorganizavar: em 1978, nasceu o Movimento Feminista pela Anistia, liderado por Terezinha Zerbini. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também se destacaram na denúncia de abusos. Paralelamente, estudantes e trabalhadores retomaram as ruas, dando origem ao “novo sindicalismo”, especialmente com os metalúrgicos no ABC paulista, sob a liderança de Luiz Inácio da Silva.

Foi nesse ambiente que surgiram os Comitês Brasileiros de Anistia, criados em 1978. Naquele momento havia no Brasil cerca de 200 presos políticos, 128 pessoas banidas, 4.877 punidas por Atos de Exceção e cerca de 10 mil exiladas. Aos comitês reuniram-se familiares de presos políticos, artistas, intelectuais, parlamentares de esquerda e de centro e opositores do regime, contando ainda com o apoio de setores da Igreja Católica e de grupos progressistas evangélicos, dentro e fora do Brasil. Muitos marcaram suas presenças em atos públicos, manifestos, abaixo-assinados e visitas aos presos políticos.

Ato pela anistia na Praça da Sé, em São Paulo (foto: Ennco Beanns/Arquivo Público do Estado de São Paulo)

Os comitês organizaram protestos, debates, campanhas e, no final daquele ano, promoveram, em São Paulo, o 1º Congresso Nacional pela Anistia. Desse encontro nasceu o lema que mobilizaria o movimento: “anistia ampla, geral e irrestrita”, uma proposta que visava beneficiar todos os perseguidos políticos sem exceções.

Quando o general João Batista Figueiredo assumiu a presidência em 1979, a mobilização pela anistia já era irreversível. O governo tentou oferecer apenas um indulto coletivo, mas a proposta foi rejeitada. Como forma de pressão, presos políticos iniciaram uma greve de fome que durou 32 dias e atraiu apoio de intelectuais, artistas e parlamentares. A repercussão obrigou o regime a recuar.

Em agosto de 1979, o Congresso aprovou a Lei de Anistia, depois de uma negociação com o governo militar, que excluiu do perdão condenados na Justiça Militar por terrorismo, sequestro e atentados e incluiu o benefício aos torturadores e agentes do Estado que praticaram crimes na represssão. 

Não era a anistia ampla, geral e irrestrita demandada pelos movimentos, nem a aplicação da justiça sobre os agentes do Estado perpetradores dos abusos de poder e autoritarismo que acabaram com muitas vidas. Ainda assim, a Lei da Anistia representou um passo importante: graças a ela, a maioria dos presos políticos foi libertada, milhares de exilados puderam retornar e foi iniciado um processo de reintegração de brasileiros à vida pública. Esta lei representou a consolidação de um processo de abertura democrática e reconstrução do Estado Democrático de Direito.  

A ditadura militar chegou ao fim em 1985, o Brasil ganhou uma nova Constituição em 1988, mas somente em 1996, o país aprovou a Lei dos Mortos e Desaparecidos Políticos (Lei 9.140/96).  Foi criada uma Comissão Nacional de Anistia, que garantiu indenizações a familiares de vítimas da ditadura militar, com os direitos ampliados em 2001. Pela primeira vez, foi estabelecido um regime jurídico específico para os anistiados políticos, incluindo o direito formal ao reconhecimento, a possibilidade de concluir cursos interrompidos pela repressão e a contagem de tempo de serviço para fins funcionais e a reparação econômica (indenizações mensais ou em parcela única).

O que é a campanha por anistia em 2025

A campanha por anistia em 2025 foi concebida pela família e por partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro com o objetivo da aquisição do perdão dos crimes cometidos contra a democracia do país, com vistas à alteração do resultado das eleições de 2022, para que ele continuasse no poder da República.  

O movimento começou logo após a condenação de participantes dos ataques a Brasília em 8 de janeiro de 2023. Com a acusação dos líderes e o processo de julgamento, em 2025, foram intensificadas ações de comunicação para a captura de apoios à impunidade dos protagonistas. O PL e aliados organizaram manifestações de rua que reuniram milhares de apoiadores ao projeto de anistia em algumas capitais em março, abril, maio e setembro.

A defesa de um Projeto de Lei na Câmara Federal se intensificou neste segundo semestre de 2025, depois do agendamento do julgamento que condenou todos os réus do “núcleo crucial” do golpe, como foi denominado na acusação da Procuradoria-Geral da República. O grupo é composto pelos líderes da trama golpista: além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), militares de alta patente e civis do primeiro escalão do governo, que teve mandato entre 2019 e 2022, entre eles quatro ex-ministros (o delegado da Polícia Federal (PF) Anderson Torres e os generais de Exército Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira).

No entanto, pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em 14 de setembro passado indica que 54% da população se opõe à aprovação de uma Lei de Anistia aos agentes do golpe contra a democracia em 2022-2023. O Instituto Quaest, em pesquisa encomendada pela Genial Investimentos, também indica maioria contrária, com 41%. Em 21 de setembro centenas de milhares foram às ruas em todas as capitais brasileiras e cidades do interior contra qualquer lei de anistia e contra uma mudança na Constituição aprovada na Câmara Federal para blindar deputados de processos judiciais, que acabou derrubada no Senado dias depois. 

Não há consenso entre as lideranças da Câmara e do Senado quanto à aprovação de uma lei que contrarie o processo judicial estabelecido formalmente em todas as etapas de direito no Supremo Tribunal Federal.  Em pressão por aprovação, deputados do PL, no retorno do recesso parlamentar em 5 de agosto passado, sob a liderança de Sóstenes Cavalcante, chegaram a ocupar o espaço da mesa diretora no plenário para impedir os trabalhos da Casa, em troca da aprovação da lei. Estas lideranças alegam que a anistia é necessária para pacificação do país. 

No entanto, o mesmo grupo político tem exercido pressão por anistia para os envolvidos na trama do golpe com o estabelecimento de problemas para o Brasil. A estratégia de conquista da anistia também passa pela atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), radicado nos Estados Unidos, que conseguiu negociar com o governo de Donald Trump a imposição de sanções daquele país contra o comércio com o Brasil e contra autoridades dos poderes Executivo e Judiciário, tendo em vista a negociação do encaminhamento da lei. Uma crise diplomática sem precedentes foi estabelecida neste processo e o caso se tornou novo processo judicial com acusação de obstrução da Justiça da parte dos Bolsonaro, pai e filho.

***
Bereia avalia como enganosas as publicações dos deputados Sóstenes Cavalcante e Nikolas Ferreira, e de seus aliados, que propagam a campanha por anistia aos agentes condenados pela trama golpista contra as eleições de 2022. O conteúdo justifica o projeto com base na Lei de Anistia de 1979 e cobra atitude similar daqueles que atuaram à época pela concessão do perdão aos perseguidos pela ditadura militar. 

Como Bereia verificou, os contextos de 1979 e de 2025 são radicalmente opostos, bem como as motivações pelo perdão a condenados. Em 1979, buscava-se o retorno à democracia e ao direito à participação e ao voto, a libertação, retorno do exílio e reintegração social das pessoas e suas famílias atingidas por um Estado ditatorial, de exceção, com negação dos direitos democráticos fundamentais e autoritarismo represssivo sem direito a defesa. Em 2025, os praticantes dos crimes contra a democracia, que visavam a um golpe de Estado, incluído o assassinato de eleitos e do juiz responsável pelo acompanhamento do processo eleitoral, estão sendo julgados sob todo o arcabouço legal do Estado Democrático de Direito, com direito a ampla defesa e acompanhamento de cada passo tomado no processo por parte da população. São processos e objetivos muito diferentes. 

Referências:


Incursões na História

https://www.dhnet.org.br/direitos/anthistbr/redemocratizacao1988/homero_anistia.html
https://www.dhnet.org.br/direitos/anthistbr/redemocratizacao1988/homero_anistia.html
https://www.dhnet.org.br/direitos/anthistbr/redemocratizacao1988/homero_anistia.html 
Acesso 26 set 2025

Memórias da Ditadura
https://memoriasdaditadura.org.br/aula/comissao-nacional-da-verdade/  Acesso 26 set 2025

Uol
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/04/06/bolsonaro-aposta-pressao-ruas-para-anistia-avancar-camara-deputados.htm Acesso 26 set 2025

Datafolha
https://datafolha.folha.uol.com.br/opiniao-e-sociedade/2025/09/54-se-opoem-a-anistia-para-bolsonaro-pelo-congresso-e-39-apoiam-medida.shtml Acesso 26 set 2025

G1

https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/09/16/quaest-anistia-bolsonaro-8-de-janeiro.ghtml Acesso 26 set 2025

Estado de S. Paulo

https://www.estadao.com.br/politica/governistas-fazem-ato-contra-anistia-e-pec-da-blindagem-com-criticas-a-bolsonaro-e-tarcisio-nprp/ Acesso 26 set 2025

BBC Brasil

https://www.bbc.com/portuguese/articles/crmexkn080do.amp Acesso 26 set 2025


Bereia

https://coletivobereia.com.br/eduardo-bolsonaro-afirma-que-trabalha-para-dificultar-o-trabalho-de-senadores-brasileiros-nos-eua/ Acesso 26 set 2025


Comissão Nacional da Verdade/Memórias Reveladas

https://www.gov.br/memoriasreveladas/pt-br/assuntos/comissoes-da-verdade Acesso 26 set 2025

Portal STF

https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/ap-2668-stf-comeca-julgamento-do-nucleo-1-da-tentativa-de-golpe-de-estado/ Acesso 26 set 2025

Filho de sindicalista morta pela ditadura desinforma sobre história da mãe

* Matéria atualizada em 15/04/2022 às 10:56

Bereia recebeu o pedido de verificação do conteúdo que tem sido divulgado em mídias do Nordeste sobre o filho de Margarida Alves, José de Arimatéia Alves, e tem circulado em ambientes digitais católicos.

O filho da sindicalista assassinada há 38 anos, durante o regime militar, na região de Alagoa Grande, no Brejo paraibano, tinha oito anos de idade à época e presenciou a morte de sua mãe, tendo sofrido as consequências psicológicas e econômicas da perda, entre outras, especialmente para uma criança. Atualmente, José de Arimatéia Alves é evangélico ligado à Assembleia de Deus na Paraíba, conhecido como pastor Arimatéia Alves. Tornou-se político do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), aliado do governo federal e se lançou candidato a deputado estadual. No último dia 17 de março, Arimatéia Alves participou de uma cerimônia de filiação ao PRTB.

Arimateia Alves na cerimônia de filiação ao PRTB. Imagem: reprodução do site ClickPB

O candidato tem usado a memória de sua mãe, uma católica, líder sindical de agricultores nas décadas de 60 a 80, considerada mártir da luta camponesa, em sua campanha política e para promover o atual governo que busca reeleição neste ano eleitoral. No evento de filiação, o pastor Arimatéia Alves agradeceu ao governo Bolsonaro “por reparar e indenizar” à família pelo assassinato de sua mãe, Margarida Alves, morta por matador de aluguel em 1983.

Durante um evento realizado em um shopping em João Pessoa, pelo Dia Internacional da Mulher, o filho de Margarida Alves declarou: “Após 20 anos de espera para que o Estado brasileiro pudesse reconhecer a negligência da elucidação do assassinato de minha mãe, foi preciso que um paraibano, um servo de Deus, chegasse à Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do governo federal, o Dr. Sérgio Queiroz, então Secretário Nacional de Proteção Global para resolver o caso e a indenização a mim e a minha família. Sérgio Queiroz teve sensibilidade para tomar para si esse processo e só descansou quando foi encerrado em 2019”, afirmou o candidato.

Na ocasião, o procurador da Fazenda Nacional, nomeado pela ministra Damares Alves como secretário de Proteção Global, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, e agora pré-candidato ao Senado, Queiroz teria afirmado que conseguiu resolver “um dos mais enigmáticos casos da Paraíba e do Brasil, que se arrastava em cortes internacionais”.

Damares Alves, Arimateia e Sergio Queiroz na cerimônia de reparação pública.
Imagem: reprodução do site Parlamento PB

Uma fonte ligada às  Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica avalia a situação: “De fato, o filho de Margarida Alves foi para um partido de direita, sob influência da igreja que ele participa e todos nós ficamos bem assustados. Eu participei muito tempo com o Arimatéia na Pastoral de Juventude [Católica] aqui em João Pessoa, por isso é meio assustadora esta decisão dele.”. A fonte conta que Margarida participou de muitos encontros de base, com Nequinho, que é o atual presidente do Sindicato em Alagoa Nova e outros ligados à luta da CPT pela terra. “Por isso é assustador. A gente fica com pena do que ele está fazendo, usando a história da mãe para legitimar este governo, não é nada libertador. Saber o que Margarida sofreu do latifúndio e ver o filho dela neste rumo aí. Ele nunca mais me mandou notícias, mas acho que é porque ele sabe a minha posição”, lamenta a fonte.

A marcante história de Margarida Alves 

Margarida Maria Alves nasceu e cresceu em Alagoa Grande, no Brejo Paraibano, em 5 de agosto de 1933.  De acordo com sua biografia, registrada no site da Fundação de Defesa dos Direitos Humanos Margarida Alves (FDDHMA), “foi a primeira mulher presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em sua cidade, por 12 anos. Lá, fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, uma iniciativa que, até hoje, contribui para o desenvolvimento rural e urbano sustentável, fortalecendo a agricultura familiar”.

Museu Casa Margarida Maria Alves.
Imagem: divulgação

A líder agricultora lutou pela defesa dos direitos dos trabalhadores sem terra, buscando e incentivando todos a buscarem o registro em carteira de trabalho, a jornada diária de trabalho de oito horas, 13° salário, férias e demais direitos, para que as condições de trabalho no campo pudessem ser equiparadas ao modelo urbano. “Durante sua gestão, o Sindicato moveu mais de 600 ações trabalhistas e fez diversas denúncias, como a endereçada diretamente ao Presidente do Brasil, em 1982, João Batista Figueiredo”.

Margarida Alves não viveu para ver o resultado de sua luta. “Por causa do surgimento do Plano Nacional de Reforma Agrária, a violência no campo foi intensificada por parte dos latifundiários, que não queriam perder suas terras, mesmo as improdutivas”. E desde então, “o trabalho de Margarida na defesa dos direitos dos trabalhadores entrou em conflito com os interesses dos latifundiários, tornando-a uma ameaça para eles”.

Durante a comemoração do 1° de maio de 1983, na cidade de Sapé, na Paraíba, Margarida Alves fez um discurso no qual  afirmou: “Eles não querem que vocês venham à sede porque eles estão com medo, estão com medo da nossa organização, estão com medo da nossa união, porque eles sabem que podem cair oito ou dez pessoas, mas jamais cairão todos diante da luta por aquilo que é de direito devido ao trabalhador rural, que vive marginalizado debaixo dos pés deles”.

A trabalhadora rural e presidente do Sindicato foi assassinada três meses depois dessa declaração. “O principal acusado é Agnaldo Veloso Borges, então proprietário da usina de açúcar local, a Usina Tanques, e seu genro, José Buarque de Gusmão Neto, mais conhecido como Zito Buarque. Seu sogro era o líder do Chamado Grupo da Várzea, composto por 60 fazendeiros, três deputados e 50 prefeitos. O crime ocorreu no dia 12 de agosto de 1983, quando um pistoleiro de aluguel, (…) disparou um tiro (…) em seu rosto, quando ela estava na frente de sua casa”. O marido de Margarida, Severino Alves e seu filho, na ocasião da tragédia com oito anos de idade, José de Arimatéia Alves viram tudo.

O soldado da Polícia Militar  Betâneo Carneiro dos Santos, os irmãos pistoleiros Amauri José do Rego e Amaro José do Rego e Biu Genésio foram acusados do crime.

O assassinato de Margarida Alves teve repercussão internacional, com denúncia encaminhada à Corte Internacional de Direitos Humanos (CIDH) e várias outras entidades. “Criada, pela Arquidiocese da Paraíba, a Fundação de Defesa dos Direitos Humanos Margarida Maria Alves, em 2002, recebeu a Medalha Chico Mendes de Resistência, oferecida pelo Grupo Tortura Nunca Mais/RJ. O dia de seu assassinato, 12 de agosto, é conhecido como o Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo e pela Reforma Agrária”.

Museu Casa Margarida Maria Alves.
Imagem: reprodução do TripAdvisor

Quem fez a reparação histórica?

De fato a reparação histórica do assassinato da mãe do atual candidato a deputado estadual pelo PRTB ocorreu, mas ao contrário do que ele e o governista Sérgio Queiroz afirmam, essa reparação não foi uma iniciativa do governo Bolsonaro, mas um esforço sistemático durante décadas da parte de pessoas, movimentos e instituições, que foi concluído durante o atual governo.

Em 5 de novembro de 2019, a indenização ao filho de Margarida Alves, José Arimatéia Alves foi assim decidida pela Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da Quinta Região (TRF5), direito a : uma  a título de reparação econômica, no valor de R$ 181.720,00, e outra por danos morais, fixada em R$ 250 mil com um total de R$ 431.729,00. O reconhecimento de Margarida Maria Alves como anistiada política do regime militar no Brasil ocorreu em 6 de julho de 2016 e foi baseado “em longo processo administrativo”, segundo a sentença do TRF5.

No entanto, apesar da ação em favor desse reconhecimento, “o direito à devida reparação pecuniária pelos danos causados em decorrência da perseguição política” foi negado pela União em 24 de janeiro de 2017. Posteriormente, quando da decisão pelo TRF5 pelo pagamento da indenização ao filho de Margarida Alves, o relator do processo, desembargador federal Cid Marconi Gurgel de Souza registrou nos autos  que “a União é a responsável direta nas ações em que se postula o pagamento da aposentadoria ou pensão excepcional de anistiados”. O desembargador decretou ainda que “cabe ao Tesouro Nacional arcar com o pagamento de indenizações decorrentes de anistia política Estas decisões explicitam que,  no Brasil, a luta por indenização a anistiados perseguidos pela ditadura, obteve resultado na forma de lei a ser cumprida pela União. Portanto, a reparação e a indenização à família de Margarida Alves foi uma decisão judicial , não uma ação  do governo Bolsonaro. Ela foi um desdobramento do caso desde a decisão de anistia em 2016 e das recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que também recebeu petição sobre o caso de Margarida Alves, em 2000.

A cerimônia simbólica de reparação realizada pelo governo brasileiro e a participação de lideranças governistas em reunião sobre o caso na CIDH, em 2019,  não foram iniciativas do governo, mas o cumprimento de um protocolo resultante de um processo que se desenrolou desde o final da ditadura militar e que o atual governo teve que cumprir, por recomendação da CIDH registrada em 31 de março de 2008.

Ao contrário do que diz o filho de Margarida Alves, o governo Bolsonaro tem atuado, desde 2019, para obstaculizar o trabalho da Comissão de Anistia das vítimas da ditadura e tem agido para impedir novas decisões por anistia e indenizações.

Os encaminhamentos históricos pela justiça a Margarida Alves

O “Relatório do Mérito Margarida Maria Alves e Familiares”, n. 31/20, foi publicado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em 26 de abril de 2020,  especifica que a CIDH “recebeu petição do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares, da Fundação de Defesa dos Direitos Humanos Margarida Maria Alves, de outras instituições ligadas à defesa dos direitos humanos e a pastoral da terra, por violações de direitos humanos cometidas em prejuízo de Margarida Maria Alves e seus familiares”.

O relatório registra que a petição foi recebida em 17 de outubro de 2000, com aprovação do relatório de admissibilidade (n. 9/08) em 5 de março de 2002. Em 31 de março de 2008, a Comissão notificou esse relatório às partes e se colocou à sua disposição para mediar o alcance de uma solução amistosa. Todas as informações foram devidamente transmitidas entre as partes, que tiveram prazo para apresentarem considerações sobre o mérito.

O documento oferece provas suficientes de que a luta pelos direitos de reparação e de indenização de Margarida Alves e seus familiares faz parte de um processo longo de luta de organizações de defesa de direitos humanos, instituições católicas e assessorias jurídicas às organizações populares no Brasil, que no ano de 2000 buscaram a ajuda da CIDH para que justiça fosse feita nesse caso. Ou seja, a luta das instituições com o apoio da CIDH, foi que levou o governo brasileiro, presidido por Fernando Henrique Cardoso, em 2002, a criar a Lei n. 10.559 que rege a “indenização a anistiados políticos”.

O processo também levou a Comissão de Anistia, ligada ao Ministério da Justiça do governo Dilma Rousseff, a aprovar em sua 12a Sessão de Julgamento realizada em 6 de julho de 2016, a condição de anistiada política post-mortem a Margarida Maria Alves. Finalmente, em 25 de outubro de 2019, foi concluído o longo processo, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, quando houve a cerimônia de Reparação Simbólica à Memória de Margarida Maria Alves pelo Estado brasileiro, no auditório da Justiça Federal, em João Pessoa. O evento marcou, publicamente, o encerramento do Caso 12.332, como ficou conhecido internacionalmente o assassinato da sindicalista paraibana na CIDH. A reparação ocorreu 36 anos após a sua morte, depois de 20 anos de tramitação na corte internacional. Estiveram presentes na cerimônia, além do filho de Margarida Alves, José Arimateia Alves, a ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos Damares Alves e seu secretário nacional de Proteção Global Sérgio Queiroz.

Antropóloga que conheceu a agricultora relata a sua luta

Bereia ouviu a antropóloga e pesquisadora das religiões Dra. Regina Novaes, que foi professora durante dez anos da Universidade Federal da Paraíba. Ela  relatou sua experiência e conhecimento da história de Margarida Alves: “Fiz minha tese de doutorado sobre movimentos sociais rurais e fiz parte de um Grupo de Assessoria Sindical através do qual conheci e tive bastante contato com Margarida Maria Alves. Ela integrava um grupo de sindicalistas apoiado pelas pastorais católicas, sobretudo pelo Centro de Educação Popular, que  era coordenado pela irmã Valéria Rezende em Guarabira. O bispo na cidade era D. Marcelo Carvalheira, que junto com D. José Maria Pires, fundou  a ‘igreja da libertação’ na Paraíba.  Com esses apoios, Margarida Alves se destacou na luta pelos direitos dos trabalhadores rurais de Alagoa Grande, sindicato da qual era Presidente (concorreu depois que seu marido Casemiro adoeceu e não pode participar da disputa)”, relata a antropóloga. 

Novaes conta que a atuação de Margarida Alves “incomodou  usineiros e senhores de engenho e seu assassinato ocorreu no dia 12 de agosto de 1983. Seu filho único tinha oito anos de idade. O assassinato teve grande repercussão na sociedade civil e nos movimentos sociais”. No Brasil surgiram movimentos importantes como a “Marcha das Margaridas”, que se tornou um símbolo nacional. 

Primeira Marcha das Margaridas, em Brasília, no ano 2000.
Imagem: Claudia Ferreira/Acervo Memória e Movimentos Sociais

A  apropriação do caso para campanha

A profa. Regina Novaes esclarece ainda: “Depois de muito trabalho pelo reconhecimento do assassinato como crime político, no âmbito da Comissão da Anistia, em 6 de julho de 2016 o resultado foi alcançado. Ou seja, o que foi ‘conseguido’ por Sergio Queiroz, no governo Bolsonaro, foi finalizar (e se apropriar de) um processo que por décadas contou com o empenho de organizações da sociedade civil e – em decorrência disso – com o reconhecimento do poder público”.

Em relação a José de Arimatéia Alves, ela afirma que “pelas informações que circulam publicamente, não foi uma vida fácil. Assistiu ao assassinato da mãe, perdeu o pai, saiu da Paraíba, foi viver no Rio de Janeiro,  teve problemas com alcoolismo.  Como acontece com parte significativa dos filhos das classes trabalhadoras no Brasil de hoje, o filho de Margarida Alves parece ter encontrado em igrejas evangélicas uma rede de apoio espiritual e material para se reerguer. Tornou-se  pastor. Até aí, vemos repetida uma história conhecida”.  A antropóloga ainda explica: “A novidade vem em 2019,  quando a imprensa anuncia  o recebimento da indenização com o empenho governista de Sérgio Queiroz.  Começava-se assim a construção de uma narrativa de apropriação da história de Margarida Alves. Em 2021, a ministra  da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves e a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos da Paraíba também se fazem presentes quando  o pastor Arimatéia diz trocar ‘desejo de vingança e alcoolismo’ pela defesa do legado da mãe’”. 

Regina  Novaes relata que “finalmente, em 2022, já pastor e candidato, Arimatéia Alves insiste em lembrar o ‘feito’ de Sérgio Queiroz (agora pré-candidato ao Senado) e agradece ao presidente Jair Bolsonaro pela indenização recebida”.  Sobre a questão que surge – se há mentiras nessa narrativa – a antropóloga responde: “Certamente há manipulação da verdade por meio de esquecimento de tudo que foi feito antes pelos movimentos sociais e pelas instâncias governamentais do governo Dilma Rousseff para que o Sérgio Queiroz pudesse fazer algo que concluísse na indenização da família de Margarida Alves; e exagero no peso das ‘cortes internacionais’ na resolução do caso com o objetivo de valorizar a trajetória pessoal de Sérgio Queiroz, que tinha uma ligação com alguma agência internacional; e a introdução do protagonismo de Damares Alves e Bolsonaro de maneira a justificar as candidaturas políticas”, explica Novaes.

A pesquisadora ouvida pelo Bereia acrescenta: “Ao meu ver, não se trata de pegar esse caso como exemplar das consequências nefastas do crescimento das ‘igrejas neo-pentecostais’ em uma região onde as pastorais progressistas católicas tiveram um papel importante na época de Margarida. Isso é pouco e faz economizar reflexão. Acho  que se trata de um caso exemplar de: a) conjugação de fatores do pertencimento religioso e de reprodução da cultura política local e, b) de como são construídas fake news: produzindo parciais esquecimentos de fatos e de pessoas e  maximizando eventos e personagens que se tornam centrais na narrativa”.

A antropóloga conclui: “Por isso vale voltar ao caso e se contrapor ao agradecimento de Arimatéia para Bolsonaro (interessante esse agradecimento a alguém que  tantas vezes se colocou contra medidas de Justiça e Reparação).  A aposta é que o eleitor nem vá observar essa contradição pois:  a) já estaria  predisposto a apoiar quem apoia Bolsonaro ou b) já tem relações prévias com Arimatéia e sua redenção”.  A profa. Regina Novaes avalia que essa estratégia dos candidatos pelo PRTB até pode gerar vantagem, mas tem dúvidas.

 Leis da Anistia e de Indenização

A Lei da Anistia é como ficou conhecida a Lei n° 6.683 sancionada pelo presidente João Batista Figueiredo em 28 de agosto de 1979, após grande mobilização social, ainda durante a ditadura militar.

Manifestantes erguem cartazes de desaparecidos políticos pela ditadura nas galerias da Câmara dos Deputados, durante a votação da Lei da Anistia.
Imagem: Sonja Rego/CPDoc JB

O lema da campanha pela anistia no final da década de 70 era: “Anistia Ampla, Geral e Irrestrita” e mobilizou o Congresso e a nação, levando o último presidente da Ditadura Militar, general João Batista Figueiredo a escrever texto da lei que foi avaliada pelo Congresso e recebeu alterações feitas pelos parlamentares naquela ocasião para a aprovação do presidente. A anistia, da forma como foi acordada no Brasil, deu perdão a perseguidos, a exilados e a presos políticos, mas impediu a punição aos agentes perpetradores das violações de direitos, entre elas a tortura e os assassinatos.

Em 2002, ao fim do governo de Fernando Henrique Cardoso, foi aprovada a Lei no. 10.559, que passa a determinar as indenizações. Elas são uma forma de reparação a pessoas atingidas pelos atos do Estado brasileiro nas ditaduras, entre 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988.

A Comissão Nacional da Verdade, instaurada por lei em 2012, durante a presidência de Dilma Rousseff, investigou e relatou as violações de direitos humanos cometidas pelo Estado nesse período. O relatório final está disponível para acesso livre

Cerimônia de entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade.
Imagem: Portal Brasil

A postura do atual governo federal Ao contrário do que propaga o filho de Margarida Alves, o governo Bolsonaro tem criado obstáculos para o trabalho da Comissão de Anistia das vítimas da ditadura e tem atuado para impedir novos processos e anistia e indenizações.

O técnico em eletrônica Edson Benigno, hoje com 72 anos, ouvido pelo jornal O Globo, “foi detido {e torturado} aos 26 anos pela ação política do pai, antigo militante do Partido Comunista Brasileiro. Mas mesmo com o histórico de perseguição, prisão e tortura, não conseguiu ser anistiado. Seu processo chegou a ser aprovado na Comissão de Anistia, no governo de Michel Temer, mas não teve a portaria publicada até hoje. Ao longo do governo de Jair Bolsonaro, o caso segue parado na comissão, sem previsão de aprovação da anistia e reparação econômica”. Edson Benigno diz não ter “qualquer expectativa de que esse governo, que elogia a ditadura, irá reconhecer que fui vítima daquele período”.

Imagem: reprodução do Twitter

De acordo com a reportagem, “o governo revisa e reconta a história para negar a ditadura militar. Nas duas comissões instituídas durante o governo Bolsonaro, em curso há mais de vinte anos para tratar e julgar as violações cometidas naquele período — de Anistia e de Mortos e Desaparecidos Políticos — os conselheiros, escolhidos a dedo (incluindo militares), ignoram os fatos, negam a perseguição política, ‘desanistiam’ militantes já anistiados e abandonam a busca por desaparecidos”.

Em abril de 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu para realizar uma missão no Brasil e investigar como estava a gestão do governo federal em relação aos mecanismos de reparação de vítimas da ditadura militar.  Segundo a matéria do jornalista que cobre a pauta internacional de direitos humanos, Jamil Chade, a ONU estaria preocupada com o desmonte promovido pelo governo e, por isso, pediu para investigar a situação no Brasil. A requisição foi feita pelo Grupo de Trabalho de Desaparecimentos Forçados da organização”. Já naquele momento, eram objeto de preocupação do GT da ONU as muitas falas públicas de membros do governo federal que estavam “negando a existência de uma ditadura militar no Brasil entre 1964 e 1985, ou avaliando positivamente os eventos ocorridos durante este período. Além disso, há um alerta sobre interferências no trabalho dos mecanismos de já existem para recompensar as vítimas do período”.

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Bereia classifica o conteúdo disseminado pelo filho de Margarida Alves, pastor Arimatéia Alves, que atribui ao governo de Jair Bolsonaro a responsabilidade pela reparação da memória de sua mãe como anistiada política e a indenização alcançada por ele como vítima do processo, como enganoso. A reparação simbólica e a indenização foram alcançadas no primeiro ano do governo Bolsonaro, de fato, mas foram a culminância de ações de organizações de direitos humanos, juntamente com a Pastoral da Terra da Igreja Católica, que duraram mais de 20 anos. As comissões de anistia e de indenizações em ação durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, de Luiz Inácio Lula da Silva, de Dilma Rousseff e de Michel Temer e a mediação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) tornaram possível este ato de justiça, cumprido em protocolo pelo governo Bolsonaro. 

Ao contrário do que o filho da agricultora morta durante a ditadura militar propaga, o governo Bolsonaro tem agido para impedir novos processos de reparação e atua para negar os efeitos nefastos produzidos pelos governos militares na vida de centenas de pessoas, diretamente atingidas, e de todo o país.

Referências:

Clickpb. https://www.clickpb.com.br/politica/filho-da-lider-sindical-margarida-maria-alves-se-filia-ao-prtb-e-vai-concorrer-ao-cargo-de-deputado-estadual-325664.html . Acesso em: 09 abril 2022.

PBAgora. https://www.pbagora.com.br/noticia/politica/filho-de-margarida-maria-alves-reconhece-atuacao-de-paraibano-para-encerrar-caso/ Acesso em: 09 abril 2022.

G1.  https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2021/08/12/morte-de-margarida-maria-alves-38-anos-depois-filho-abandona-desejo-de-vinganca-e-busca-manter-vivo-o-legado-da-mae.ghtml Acesso em: 09 abril 2022.

JusBrasil. https://trf-5.jusbrasil.com.br/noticias/776652157/filho-da-agricultora-e-lider-sindical-margarida-maria-alves-recebera-indenizacao Acesso em: 09 abril 2022.

Fundação Margarida Alves. http://www.fundacaomargaridaalves.org.br/2019/10/24/estado-brasileiro-realiza-evento-de-reparacao-simbolica-do-caso-margarida-maria-alves-em-joao-pessoa/  Acesso: em 12 abril 2022.

DW.COM. https://www.dw.com/pt-br/gest%C3%A3o-bolsonaro-celebra-golpe-de-64-pelo-quarto-ano-seguido/a-61322242 . Acesso em: 12 abril 2022.

O Globo. https://oglobo.globo.com/brasil/governo-bolsonaro-defensor-da-ditadura-anula-anistias-suspende-busca-por-desaparecidos-politicos-25221977. Acesso em: 12 abril 2022.

Organization of American States. https://www.oas.org/pt/cidh/decisiones/2020/BR_12.332_PT.PDF Acesso em: 12 abril 2022.

Fundação Margarida Alves. https://www.fundacaomargaridaalves.org.br/homenagens/ Acesso em: 14 abril 2022.

Portal Correio. https://portalcorreio.com.br/ministra-damares-alves-participa-de-cerimonia-em-jp-nesta-sexta/ Acesso em: 14 abril 2022.

El Pais. https://brasil.elpais.com/brasil/2021-04-10/governo-quer-fim-da-comissao-de-anistia-em-2022-e-nega-90-dos-pedidos-de-reconhecimento-de-anistiados.html Acesso em: 14 abril 2022.

UOL. https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/09/03/onu-pede-missao-ao-brasil-para-examinar-resposta-de-bolsonaro-a-ditadura.htm Acesso em: 14 abril 2022.

Memorial da Democracia. http://memorialdademocracia.com.br/card/margaridas-saem-em-marcha-por-justica Acesso em: 14 abril 2022.

Foto de capa: reprodução do YouTube

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