Eleições 2024: as principais mentiras circulantes na reta final do segundo turno em três capitais

Na reta final das eleições municipais de 2024, a disseminação de informações falsas se intensificou, o que levanta reflexões para garantir a integridade de futuros processos eleitorais. Bereia checou o que circulou em ambientes digitais religiosos – tanto em mídias de notícias, perfis em mídias sociais e em grupos de WhatsApp. Foi verificado que, em Belo Horizonte, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) fez graves acusações contra o prefeito reeleito Fuad Noman (PSD), associando-o a conteúdos impróprios, o que levou a uma decisão judicial que determinou a remoção de um vídeo do parlamentar em campanha pelo oponente, Bruno Engler (PL), considerado enganoso. 

Em Fortaleza, alegações falsas sobre a substituição de urnas eletrônicas e a manipulação de áudios que envolveram compra de votos também circularam. Este cenário se agravou em São Paulo, onde mentiras sobre o apoio controverso a candidatos e promessas inexistentes permearam as redes digitais, o que evidencia a urgência de checagens rigorosas para combater as mentiras que podem influenciar a escolha dos eleitores.

Pânico moral disseminado em Belo Horizonte

O deputado federal de identidade evangélica Nikolas Ferreira (PL) divulgou, em seus perfis das redes digitais, em 24 de outubro, um vídeo com acusações ao prefeito candidato à reeleição de Belo Horizonte Fuad Noman (PSD). Na gravação, o parlamentar associa um livro escrito por Fuad a conteúdos de pornografia com “trechos explicitos de sexo que narram o estrupo de uma criança de 12 anos”. 

No vídeo, Nikolas Ferreira também criticou a realização do já tradicional 12° Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, e afirmou que o evento expõe crianças e adolescentes a material inapropriado. “O problema é quando a ficção vira realidade e, pior, chega até seu filho. Em maio deste ano, 2024, na gestão de Fuad, a prefeitura ajudou a realizar o evento”, declarou o deputado, ao insinuar a relação da prefeitura na divulgação de conteúdos inadequados no evento.

Para reforçar o ataque, o deputado recupera a antiga desinformação sobre a suposta distribuição de um “kit gay” pelo governo da presidente Dilma Rousseff  e afirma que escolas distribuem obras “que ensinam sobre a linguagem neutra e abordam a virgindade apenas como uma lenda para controle”. 

O livro criticado por Nikolas Ferreira, de autoria do candidato à reeleição à Prefeitura de Belo Horizonte Fuad Noman, é intitulado Cobiça. Na obra, é contada a história de Sueli em uma viagem ao interior de Minas Gerais, onde ela revive memórias familiares e descobre segredos do seu passado. O livro foi publicado em 30 de junho de 2020 e aborda a ganância humana e suas consequências sociais e políticas. O texto explora como o desejo insaciável por poder e recursos pode corromper indivíduos e instituições, gerando impactos negativos na sociedade.

Durante uma entrevista gravada para o Estado de Minas, Fuad Noman defendeu-se das acusações de Nikolas Ferreira, e afirmou que a divulgação de informações sobre o livro de ficção foi uma tentativa de desqualificá-lo. “Pegaram um livro de ficção, inventaram uma porção de coisa (…) ou leram outro livro, porque o meu livro não fala aquilo que eles tavam falando, mas livro é uma ficção, livro é um romance (…) então isso aí é desespero de quem não tem o que o apresentar, é desespero de quem não conseguiu descobrir nada que afete minha vida. Eu tenho 56 anos de vida pública, 77 anos de idade, minha vida é limpa, clara, transparente, sem nenhum escândalo, sem nenhum momento de nada, sem nenhuma corrupção, então ‘ah vou arrumar um escândalo’ ‘ah, vou inventar, inventaram o livro’”.

Imagem: reprodução/Instagram

Sobre a antiga desinformação sobre “kit gay”, desde 2019 Bereia tem checado o uso do termo, usualmente empregado por políticos ultraconservadores. Ele surgiu como um apelido dado por deputados federais ao material resultante da campanha “Brasil sem Homofobia”, lançada durante governo primeiro governo Lula (em 2004), aprovada no Congresso Nacional. 

O material direcionado a escolas, finalizado em 2011, seria dirigido aos professores e não a crianças e adolescentes. A cartilha explicava conceitos como gênero e sexualidade e sugeria atividades em sala de aula para os alunos refletirem sobre temas como comportamento preconceituoso e analisarem, por exemplo, expressões sexistas na língua portuguesa. Também havia sugestão de materiais audiovisuais para a sala de aula. Organizado por profissionais de educação, gestores e representantes da sociedade civil, o material era composto de um caderno, uma série de seis boletins, cartaz, cartas de apresentação para os gestores e educadores e três vídeos. A pressão dos deputados da base ultraconservadora na Câmara forçou o governo de Dilma Rousseff a suspender a distribuição. 

Desde as eleições de 2018, o caso tem sido usado com discurso enganoso, para criar pânico moral contra candidatos alinhados à esquerda. Afirma-se que o material foi distribuído em escolas para crianças, a fim de propagar uma “ditadura gay”.

A Justiça Eleitoral de Belo Horizonte determinou a remoção do vídeo de Nikolas Ferreira, em 25 de outubro. A decisão respondeu a um pedido de direito de resposta da Coligação BH Sempre em Frente. O juiz da 331ª Zona Eleitoral alegou que o conteúdo continha informações descontextualizadas e inverídicas, com a intenção clara de prejudicar a imagem do candidato. O magistrado esclareceu que o livro em questão, Cobiça, é uma obra de ficção e que o trecho utilizado por Nikolas foi retirado de seu contexto original, que não indica  apoio à violência sexual. 

Quanto ao festival de quadrinhos, a decisão ressaltou que as atividades com alunos da rede municipal foram realizadas sob supervisão pedagógica e que medidas foram implementadas para garantir a adequação do material exposto. A Justiça estabeleceu um prazo de 24 horas para a remoção do vídeo, sob pena de multa de R$ 5 mil por hora de descumprimento. Também foi garantido que a discussão da obra literária não seria censurada, mas a distorção de informações para fins eleitorais seria considerada propaganda disfarçada. A decisão visou combater a propagação de informações inverídicas. As plataformas Meta, X e YouTube também foram notificadas para excluir as publicações.

Em 27 de outubro, Fuad Noman foi reeleito prefeito de Belo Horizonte, com 53,73% dos votos válidos, o que equivale a 670.574 votos, enquanto seu adversário, Bruno Engler (PL), recebeu 577.537 votos, equivalente a 46,27%.

As três falsidades que agitaram a reta final do segundo turno em Fortaleza 

Candidato do PL acusa adversário por uso de IA 

Desinformação que circulou uma semana antes do segundo turno em Fortaleza (CE)  estava em um áudio disseminado em grupos e páginas favoráveis ao candidato de identidade católica Evandro Leitão (PT). Nele, uma voz semelhante à do candidato opositor, o de identidade evangélica André Fernandes (PL), sugere a compra de votos. Em resposta, Fernandes solicitou ao Ministério Público Eleitoral do Ceará e à Polícia Federal a abertura de um inquérito contra seu adversário e mais três pessoas. O candidato alegou que a campanha de Leitão disseminou “conteúdo sabidamente falso e alterado mediante emprego ardiloso de inteligência artificial”.

No áudio, que o candidato do PL afirma ser uma deepfake (técnica que utiliza inteligência artificial para criar vídeos ou áudios falsos, nos quais a imagem ou a voz de uma pessoa é manipulada), é dito: “Daqui pra domingo é derramar dinheiro na mão de pastor, líder comunitário, o que tiver”. Evandro Leitão negou qualquer envolvimento na disseminação do conteúdo e respondeu às acusações, por meio de um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, alegando ser André Fernandes o “rei das fake news”, já tendo sido condenado por isto.

Imagem: reprodução/Instagram 

Os advogados de Fernandes apresentaram duas evidências para sustentar a responsabilidade de Leitão na produção do suposto áudio falso: a primeira é que o conteúdo foi inicialmente publicado em um grupo administrado pela campanha do candidato do PT, denominado Zap de Evandro #4; a segunda é que o áudio foi compartilhado no Instagram por um filiado do PT da cidade de Eusébio (CE). Porém, não foram apresentadas provas substanciais que comprovem que o áudio foi gerado por inteligência artificial. Além disso, não foram realizadas perícias sobre o áudio em questão.

Vídeo enganoso distorce reportagens para associar políticos do Ceará ao PCC

Outro conteúdo enganoso que circulou nas redes durante a reta final para o segundo turno em Fortaleza, foi um vídeo manipulado que utiliza imagens do programa Domingo Espetacular, da TV Record, para disseminar uma informação falsa. O conteúdo editado mostra imagens do apresentador Sérgio Aguiar e inclui um texto fictício que liga políticos associados ao governador Elmano de Freitas (PT) à facção criminosa de São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC). A TV Record afirmou, em nota, que o vídeo é uma “manipulação digital” e que as informações nele contidas não foram exibidas em qualquer telejornal do canal.

O vídeo é nitidamente uma montagem: começa com conteúdo original do programa, mas apresenta cortes de áudio e imagem logo aos três segundos. A narração utilizada pertence a matéria, veiculada pela emissora em 2021,  sobre policiais civis e militares flagrados na prática de extorsão de traficantes. Diferente do vídeo falso, que sugere ligações com o PCC, a matéria original mostra a operação policial denominada Gênesis, e não menciona participação da Polícia Federal, como indicado no vídeo manipulado. Além disso, as marcas d’água da emissora desaparecem no terceiro segundo no vídeo falso. As imagens exibidas são diferentes das que constam na reportagem original da TV Record, que mostra gravações de entrevistas e mantém a logomarca da emissora. 

O conteúdo usa principalmente imagens estáticas, e incluem reproduções de portais da internet e fotos, o que é característico das montagens falsas. Além disso, apresenta uma única imagem em movimento da TV Bandeirantes, com sua marca d’água e logotipo. A narração do vídeo manipulado continua utilizando a imagem do apresentador do Domingo Espetacular Sergio Aguiar. 

Mentiras sobre manipulação de urnas eletrônicas no segundo turno 

Conteúdo que acusou a substituição de mais de mil urnas eletrônicas que retiraram votos de André Fernandes foi divulgado por apoiadores do candidato, que foi derrotado por Evandro Leitão. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) relatou, no entanto, que das 5.274 urnas utilizadas no segundo turno em Fortaleza, somente três foram substituídas. A Corte informou, ainda, que nenhum voto computado foi perdido, pois os equipamentos possuem mecanismos de contingência que garantem a preservação dos votos. Dessa forma, é falso que mais de mil urnas tenham sido trocadas

Evandro Leitão (PT) venceu as eleições com 50,38% dos votos válidos, enquanto André Fernandes obteve 49,62%, uma diferença de 10.838 votos. 

São Paulo: campanha final pela reeleição de Ricardo Nunes (MDB) é marcada por disseminação de conteúdo falso 

Avaliado por analistas como o caso mais grave de disseminação de mentira em campanha nas eleições de 2024,  a declaração do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 27 de outubro, no dia das eleições para o segundo turno na capital do estado, gerou muitas reações. Freitas disse em entrevista, sem apresentar provas, que interceptações do serviço de inteligência do estado revelaram que membros de uma facção criminosa orientaram pessoas a votar em Guilherme Boulos (PSOL) para a Prefeitura de São Paulo. 

A informação já havia sido publicada na véspera das eleições, noite de sábado, 26 de outubro, em matéria do Metrópoles, que afirmava que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo teria interceptado, no mês de setembro, ao menos quatro bilhetes de membros da facção que orientavam voto na chapa do PSOL. “A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo interceptou pelo menos cinco comunicados assinados por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) orientando o voto da facção nas cidades, na capital paulista e em Santos. No ‘Salve das Eleições’, as ordens são destinadas a familiares, amigos e outros membros da facção”. No dia seguinte, o governador confirmou o fato à imprensa.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) informou que não recebeu qualquer relatório sobre o tema e que soube do assunto por meio da imprensa, enquanto a Secretaria de Segurança Pública confirmou que mensagens atribuídas a uma facção criminosa foram interceptadas, sugerindo a escolha de candidatos em várias cidades, inclusive São Paulo. Em defesa, Boulos publicou um vídeo no Instagram, no qual negou qualquer vínculo com o PCC e anunciou que entraria na Justiça para solicitar a cassação de Tarcísio e a inelegibilidade do candidato de identidade católica Ricardo Nunes (MDB), beneficiário da divulgação deste tipo de acusação no dia das eleições.

Imagem: reprodução/Instagram

O secretário nacional de Segurança Pública Mario Sarrubbo contradisse a afirmação de Tarcísio de Freitas, e informou que não houve, entre as investigações relacionadas às eleições, detecção de recomendações de facções para apoiar candidatos durante o segundo turno. Boulos protocolou uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) na 1ª Zona Eleitoral, com a alegação de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O processo registrado é o de número 0601230-56.2024.6.26.0001. Ricardo Nunes conquistou a reeleição para o cargo de prefeito de São Paulo, com 59,35% dos votos válidos. Guilherme Boulos (PSOL) recebeu 40,65% dos votos. 

Houve, ainda, a propagação de outros conteúdos desinformativos nos últimos dias da campanha para a Prefeitura de São Paulo.

Apoio de  Pablo Marçal (PRTB) a Boulos 

Às vésperas do segundo turno para a eleição à Prefeitura de São Paulo, circulou nas redes conteúdo que afirmava que o candidato derrotado no primeiro turno, Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado, teria declarado apoio a Guilherme Boulos. Não foram identificados registros públicos de que Marçal tivesse manifestado tal apoio

Em entrevista em 25 de outubro, ele afirmou que pretendia anular o voto. As publicações enganosas, que acumularam 150 mil visualizações no TikTok e também circulam no Kwai, afirmaram incorretamente que Marçal apoiaria Boulos. Além disso, essas peças manipulam uma imagem de uma coletiva de imprensa, realizada em 8 de outubro, apresentando-a como um momento de apoio, o que não ocorreu. 

Implantação de linguagem neutra nas escolas por Guilherme Boulos 

Circulou também um conteúdo baseado em pânico moral, que alegava que Guilherme Boulos havia prometido implementar a linguagem neutra nas escolas municipais de São Paulo, caso fosse eleito prefeito. No entanto, tal projeto não consta em seu plano de governo nem em seus discursos, e o próprio candidato desmentiu essa informação durante a campanha. 

A assessoria de Boulos esclareceu que ele “não vai adotar linguagem neutra na rede municipal de ensino, nem nunca propôs algo semelhante”, conforme consta no programa de governo apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O plano incluiu ações para combater a violência e discriminação, expandir programas de apoio à comunidade LGBTQIA+ e melhorar o atendimento à saúde, mas não menciona a adoção da linguagem neutra.

Proposta de taxa para o enterramento de fios feita por Nunes em 2023 nunca foi colocada em prática

Ao final da campanha do segundo turno em São Paulo, a cidade foi atingida por uma forte tempestade que causou queda de árvores, danificou fiação elétrica e prejudicou o fornecimento de energia. O episódio gerou críticas e denúncias contra o atual prefeito, então em campanha pela reeleição Ricardo Nunes de descaso em relação à falta de poda das árvores e à infraestrutura urbana. 

Em meio à crise, o prefeito Ricardo Nunes fez declarações sobre um projeto de aterramento dos fios, e mencionou  uma possível contribuição voluntária de moradores interessados na melhoria. No entanto, emergiram informações que alegam que o prefeito havia sugerido a criação de uma taxa obrigatória na conta de luz para financiar esse projeto. Nunes desmentiu a informação, e esclareceu que a contribuição seria opcional, não obrigatória, e que em “hipótese nenhuma” haveria cobrança compulsória, conforme reafirmado após a repercussão negativa.

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É observada a consolidação do uso de desinformação como estratégia eleitoral. Este processo foi iniciado com as eleições de 2018 e continuou em 2020 e 2022 e nestas eleições municipais se mostra aperfeiçoado e mais intensificado. Bereia alerta leitores e leitoras para a importância da confrontação deste tipo de prática eleitoral que não apenas ameaça a democracia mas retira do eleitorado o direito à informação digna e construtiva. 

Referências:

O Fator. https://ofator.com.br/informacao/justica-determina-remocao-de-video-de-nikolas-ferreira-sobre-livro-de-fuad-noman/. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Amazon. https://www.amazon.com.br/Kit-Gay-Vitorelo/dp/8595710805. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

G1.https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2024/10/25/justica-eleitoral-remocao-video-nikolas-ferreira-livro-fuad-noman.ghtml. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

G1.https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/eleicoes/2024/noticia/2024/10/27/fuad-noman-e-reeleito-prefeito-de-belo-horizonte.ghtml. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

G1. https://g1.globo.com/ce/ceara/eleicoes/2024/noticia/2024/10/27/evandro-leitao-e-eleito-prefeito-em-fortaleza.ghtml.  Acesso em: 29 de outubro de 2024.

G1. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2024/noticia/2024/10/27/tarcisio-diz-que-policia-interceptou-mensagem-de-faccao-orientando-voto-em-boulos-tre-nega-ter-recebido-relatorio.ghtml. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

G1. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2024/noticia/2024/10/27/ricardo-nunes-do-mdb-e-reeleito-prefeito-de-sao-paulo.ghtml. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Coletivo Bereia. https://coletivobereia.com.br/kit-gay-continua-sendo-alvo-de-politicos-de-direita/. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Aos Fatos. https://www.aosfatos.org/noticias/falso-mil-urnas-substituidas-em-fortaleza/. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Aos Fatos. https://www.aosfatos.org/noticias/segundo-turno-fortaleza-suposto-uso-de-ia/. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

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Aos Fatos. https://www.aosfatos.org/noticias/boulos-nao-prometeu-implementar-linguagem-neutra-nas-escolas/. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Aos Fatos. https://www.aosfatos.org/noticias/taxa-enterrar-fios-proposta-por-nunes-2023-nunca-foi-implementada/. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Folha de S.Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/10/boulos-pede-a-justica-cassacao-de-tarcisio-e-inelegibilidade-de-nunes-apos-fala-sobre-pcc.shtml. 29 de outubro de 2024.

Lupa. https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/23/ea38be68-9b61-4724-8c11-e5cd51dce62e. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Lupa. https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/27/fala-de-tarcisio-sobre-pcc-gera-onda-contra-boulos-e-impacta-170-mil-em-apps. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Nota pública. https://a.storyblok.com/f/134103/529×124/feec7059c5/nota-tvrecord.jpeg. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=O2bMyfsOHfM&ab_channel=DomingoEspetacular. Acesso em: 29 de outubro de 2024.

Uol. https://www.bol.uol.com.br/noticias/2024/10/27/declaracao-tarcisio-boulos.htm. Acesso em 04 de novembro de 2024.

Instagram. https://www.instagram.com/reel/DBfNjXAiNjo/?igsh=bHZwaXowbHIya2I2. Acesso em 29 de outubro de 2024.

Metrópoles.https://www.metropoles.com/colunas/paulo-cappelli/bilhetes-interceptados-mostram-indicacoes-de-voto-do-pcc-em-sao-paulo. Acesso em 04 de novembro de 2024. 

Imagem: Tara Winstead/Pexels

Eleitores evangélicos viram público-alvo de fake news na campanha pelo segundo turno das eleições municipais

São quatro as campanhas eleitorais para prefeituras consideradas as mais sujas do Brasil, no tocante à disseminação de desinformação e calúnia contra concorrentes. O Coletivo Bereia teve acesso a materiais impressos e digitais de contracampanha para prefeituras do Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e São Gonçalo, e identificou conteúdos muito semelhantes, com alertas de pânico moral, acusações e mentiras, especialmente contra de candidatos de partidos de esquerda com chances de vitória. Além da disseminação de desinformação, com linguagem religiosa voltada a eleitores evangélicos, a quase totalidade tem autoria desfocada ou era anônima, o que configura crime eleitoral.

Os ataques de contrapropaganda, visando associar candidatos às prefeituras dessas cidades a perseguição religiosa e a perversão moral, foram repetidos pelo presidente da República no Facebook, na transmissão ao vivo que faz semanalmente, em 26 de novembro.

Os apelos do presidente da República

Na transmissão, Jair Bolsonaro (sem partido) repetiu conteúdo da campanha difamatória contra o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em favor do candidato a reeleição no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos). A campanha ataca o PSOL para atingir o concorrente de Crivella, Eduardo Paes (DEM). Depois de ser derrotado no primeiro turno das eleições, o PSOL não declarou apoio em Eduardo Paes, mas conclamou seus partidários a derrotarem Crivella nas urnas no segundo turno. O partido foi mais bem sucedido em São Paulo, com a candidatura de Guilherme Boulos que disputou o segundo turno com Bruno Covas (PSDB). Bereia publicou matéria sobre as fake news contra o PSOL proferidas por Marcelo Crivella o início do segundo turno.

Bolsonaro estava acompanhado na transmissão ao vivo pelo pastor evangélico ministro da Educação, Milton Ribeiro. Foram feitas várias afirmações contra a política de educação dos governos anteriores e contra o fechamento das escolas durante a pandemia. Ele desafiou que alguém provasse que tenha chamado a COVID-19 de gripezinha. A doença atingiu mais de 6 milhões de brasileiros e já matou mais de 171 mil – entre os quais um senador da República, o integrante da bancada evangélica Arolde de Oliveira (DEM-RJ), apoiador de Bolsonaro e crítico das medidas de contenção. Esta mentira proferida pelo presidente repercutiu fortemente nas mídias noticiosas, uma vez que um dos usos do termo “gripezinha” por Bolsonaro ocorreu em março passado, em pronunciamento oficial.

No final da transmissão de 26 de novembro, o presidente da República repetiu as mentiras da campanha eleitoral de Marcelo Crivella, que levaram a Justiça Eleitoral a retirar do ar o vídeo de divulgação desse conteúdo e concedeu direito de resposta ao PSOL no Facebook do candidato:

Domingo eu vou no Rio de Janeiro, está previsto vou votar. O pessoal já sabe em quem eu vou votar. Fiz campanha pro Marcelo Crivella. Não me interessa pesquisa. Nunca acreditei em pesquisa. E quem vai pro segundo turno, boa sorte. Uma boa decisão. E leva em conta, sim, o partido, a qual esse candidato no segundo turno pertence. O que esse partido defende, sempre defendeu . Ideologia de gênero, desgaste dos valores familiares, ignorando educação, um montão de coisa. Veja o que esses partidos defenderam, e você então não votar nesses candidatos a prefeitos, desses partidos. Vocês sabem é PT, PC do b, PSOL, PDT entre outros ali. Esse é o apelo que eu faço, porque o futuro do teu filho vai passar pelas mãos desse prefeito. Esse prefeito vai decidir se a escola vai tá fechada, ou não. E o que em parte vai ser ensinado em sala de aula. O quê ele vai defender. O que, muitas vezes, esse candidato a prefeito prometeu a um partido coligado a ele. Por exemplo, vamos supor, no Rio de Janeiro o candidato a prefeito lá, prometeu ao Psol a secretaria da educação. Se esse cara ganhar, não reclame do lixo que teu filho vai ter, quando chegar em sala de aula”.

Jair Bolsonaro

Bereia já havia produzido verificação sobre estas mentiras, em matéria de 20 de novembro.

Bereia ouviu o advogado Gabriel Antunes, que fez o alerta de que os eleitores ou candidatos que veicularem, ou repassarem este tipo de propaganda, em tese, podem ser responsabilizados perante a Lei Eleitoral. De acordo com o disposto na Lei 13.834, de 4 de junho de 2019, os perfis de mídias sociais e os usuários poderão ser enquadrados no crime de denunciação caluniosa com finalidade eleitoral. São considerados agravantes, o anonimato e aquele que divulga “incorrerá nas mesmas penas deste artigo quem, comprovadamente ciente da inocência do denunciado, e com finalidade eleitoral, divulga ou propala, por qualquer meio ou forma, o ato ou fato que lhe foi falsamente atribuído”. A aplicação dessa pena, ou mesmo indiciamento, porém, ainda não está clara. Todavia, o alerta é: se há lei, está tipificado o crime.

O curioso ataque em São Gonçalo

O presidente Jair Bolsonaro também declarou curioso apoio a uma candidatura de cidade com pouco destaque no quadro político nacional, São Gonçalo, da região do Grande Rio.

Foto: Reprodução/Facebook

O capitão Nelson, candidato do Avante a prefeito em São Gonçalo, agradeceu ao presidente Bolsonaro pelo apoio nos segundo turno e fez circular o vídeo que lhe é favorável. O adversário de Nelson é Dimas Gadelha, do PT, cuja vitória no primeiro turno reforça tendência de consolidação de um “cinturão da esquerda” na região metropolitana do Rio, o que pode explicar a investida do presidente.

Pesquisa do Instituto Inteligence Serviços, entre 23 e 24 de novembro, apontava em Dimas Gadelha (PT) com 61% das intenções de voto e o Capitão Nelson (Avante) tem 39%.

A campanha pró-Nelson usa o mesmo argumento de pânico moral pró-Crivella, de que PT, PSOL e a esquerda são contra a família, a favor da “ideologia de gênero” e da erotização de crianças nas escolas. Uma das mentiras propagadas era a de que o candidato adversário iria instalar banheiros unissex nas escolas da cidade. O boato foi desmentido pelo site Boatos.org.

São Gonçalo já teve uma prefeita evangélica, Aparecida Panisset (PDT), de 2005 a 2012. Ela foi denunciada pelo Ministério Público por repasses de verbas à duas igrejas evangélicas em um convênio de 600 mil reais. Além da pauta de costumes, comum aos evangélicos, Aparecida Panisset também promovia “guerras espirituais” contra as religiões e monumentos de matriz africana. Desde Panisset, a força do eleitorado evangélico é disputada por todos os candidatos em São Gonçalo.

Em estratégia para enfrentar os ataques do Capitão Nelson, Dimas Gadelha acabou assinando uma carta em que nega apoiar as pautas relacionadas à perversão moral de que foi acusado, como trata análise publicada na seção Areópago do Coletivo Bereia.

O ataque a Marília Arraes em Recife

Foto: Autoria desconhecida/Reprodução/Época

As acusações contra Marília Arraes (PT) no segundo turno em Recife, seguem os mesmos temas de pânico moral e, também, a mesma estética dos demais folhetos espalhados entre eleitores cristãos no Rio e em Fortaleza.

Os folhetos (atribuídos à coligação de João Campos) acusavam Marília Arraes, ainda, de ser contra a presença e a leitura da Bíblia nas escolas. O projeto Comprova, com a colaboração do Coletivo Bereia, checou as alegações e concluiu que as acusações distorceram as falas da candidata com objetivos eleitorais.

O ataque a João Sarto, em Fortaleza, mesmo ele sendo evangélico

O candidato ao segundo turno de Fortaleza João Sarto (PDT) é evangélico, mas isto não foi suficiente para livrá-lo dos ataques que apelam à fiéis do segmento a não votarem nele, favorecendo o concorrente, o Capitão Wagner (PROS).

O mesmo tipo de material impresso, sem autoria, foi distribuído em Fortaleza nos últimos dias.

Foto: Autoria desconhecida

O Coletivo Bereia produziu matéria com a verificação deste conteúdo classificado como falso.

O Coletivo Bereia chama a atenção para a análise publicada no Observatório das Eleições, do UOL, que constatou que as campanhas de desinformação buscaram mobilizar grupos de eleitores conservadores contra os líderes em intenção de voto da esquerda, em uma reação às derrotas do primeiro turno e ao encolhimento das bancadas conservadoras para Câmaras Municipais em várias cidades. A estratégia de voltar às pautas morais exploradas na campanha eleitoral de 2018 é uma tentativa de repetir os êxitos e surpresas daquele ano. Somente após a divulgação dos resultados será possível avaliar se a estratégia alcançou resultado.

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Foto de Capa: Desconhecido/Reproduzido por Época

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Referências

Youtube, https://www.youtube.com/watch?v=UqEQfL6il8M. Acesso em 28 nov. 2020.

Coletivo Bereia, https://coletivobereia.com.br/marcelo-crivella-e-deputado-federal-apoiador-proferem-mentiras-na-campanha-para-prefeitura-do-rio/. Acesso em 28 nov. 2020.

Folha de S. Paulo, https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/11/bolsonaro-nega-que-chamou-covid-19-de-gripezinha-apos-ter-usado-o-termo-em-pronunciamento-oficial.shtml. Acesso em: 28 nov. 2020.

Estado de Minas, https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2020/11/11/interna_politica,1203769/justica-tira-do-ar-propaganda-de-crivella-por-exposicao-excessiva-de-b.shtml. Acesso em: 28 nov. 2020.

G1, https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/eleicoes/2020/noticia/2020/11/27/justica-concede-direito-de-resposta-ao-psol-apos-crivella-dizer-que-paes-levaria-pedofilia-para-escolas-com-apoio-do-partido.ghtml. Acesso em: 28 nov. 2020.

O Globo, https://oglobo.globo.com/brasil/eleicoes-2020/pt-pdt-buscam-consolidar-cinturao-de-esquerda-na-regiao-metropolitana-do-rio-24760393. Acesso em: 28 nov. 2020.

O São Gonçalo, https://www.osaogoncalo.com.br/politica/90732/dimas-gadelha-pt-vence-por-61-contra-39-de-capitao-nelson-em-votos-validos-aponta-pesquisa. Acesso em: 28 nov. 2020.

Boatos, https://www.boatos.org/politica/dimas-gadelha-banheiro-unissex-escolas-sao-goncalo.html. Acesso em: 28 nov. 2020.

Coletivo Bereia, https://coletivobereia.com.br/para-fugir-de-estigma-candidato-de-esquerda-embarca-em-fake-news/. Acesso em: 28 nov. 2020.

Comprova, https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/panfletos-distorcem-frase-de-marilia-arraes-sobre-a-biblia/. Acesso em: 28 nov. 2020.

Coletivo Bereia, https://coletivobereia.com.br/folheto-contra-o-candidato-sarto-pdt-ce-tem-conteudo-falso/. Acesso em: 28 nov. 2020.

UOL, https://noticias.uol.com.br/colunas/observatorio-das-eleicoes/2020/11/26/campanhas-de-desinformacao-mobilizam-conservadores-contra-lideres-em-votos.htm. Acesso em: 28 nov. 2020.

Folheto contra o candidato Sarto (PDT–CE) tem conteúdo falso

Circula em formato impresso e digital o seguinte panfleto sobre a candidatura de José Sarto (PDT) à Prefeitura de Fortaleza no Estado do Ceará.

Foto: Reprodução de panfleto

O texto anônimo acusa Ciro Gomes (líder do partido de Sarto) de ameaçar prender pastores e querer o fim da moral cristã. O panfleto afirma ainda que Sarto teria implementado “ideologia de gênero que visa erotizar nossos filhos” nas escolas da cidade de Sobral, e condena o candidato à Prefeitura de Fortaleza por ser favorável ao aborto. As afirmações são, todas, falsas.

O Coletivo Bereia verificou cada uma destas afirmações que funcionam como contracampanha à candidatura de José Sarto.

  1. “Em vídeo publicado nas redes sociais, Ciro Gomes ameaça mandar prender pastores e padres durante a pandemia”. FALSO

A afirmação não contém a fonte. Possivelmente, ela se refere à transmissão ao vivo no canal do Youtube do empresário e palestrante Eduardo Moreira, em 28 de março de 2020, com entrevista do político cearense do Partido Democrático Trabalhista (PDT) Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex-candidato à Presidência da República. Neste evento, Ciro Gomes fala aos 21min45s:

“Burgueses brasileiros fazerem carreata na rua, dentro de carro de luxo com ar-condicionado, com máscara, para pedir que o povo vá para dentro de ônibus, pra estações de metro e de trem, ficar um empurrando o outro, esses camaradas têm que ser presos. E é o que vamos fazer aqui no Ceará. Aqui no Ceará, e com ordem do Ministério Público, quem fizer carreata com esse tipo de exposição do povo à morte vai para a cadeia, como também pastores, padres ou seja quem for.”

Ciro Gomes

A afirmação de que “Ciro Gomes ameaça prender pastores”, portanto, tira do contexto a fala do político: o ex-governador afirmou que, com ordem do Ministério Público (que pode ser verificada aqui), qualquer um que promovesse manifestações contra as medidas de isolamento social, preventivas ao coronavírus, seria preso. Ciro Gomes incluiu, na descrição, padres e pastores, porém em nenhum momento afirmou que estes seriam presos durante a pandemia – apenas que seriam tratados como todo cidadão que descumprisse e agisse contra as medidas de isolamento social.

  1. “Ciro Gomes, o líder maior de Sarto, afirmou publicamente que quer o fim da moral cristã.” FALSO

Esta fake news circula desde a campanha das eleições 2018, quando Ciro Gomes foi candidato a Presidência da República, e foi checada pela agência Aos Fatos. O que ocorreu, na época e em 2020, foi também a retirada de declarações do ex-governador do contexto em que foram proferidas, imputando-lhe um sentido que não existe.

A declaração original de Ciro Gomes se deu em maio de 2017, em debate na Universidade de Oxford, em que o então pré-candidato à Presidência disse que “[reforma política pode existir, várias modalidades] tanto faz] rigorosamente eu digo a vocês, se a gente não resolver uma equação. Primeira equação: moral luterana, anglo-saxã: dinheiro é um dom de Deus”. O político, então, se referia ao fato de que deve acabar a ideia de que quem tem dinheiro foi abençoado por Deus, uma moralidade específica e não a moral cristã como um todo.

  1. “Chegando a colocar nas escolas de Sobral o ensino da Ideologia de Gênero, que visa erotizar nosos (sic) filhos.” FALSO

O tema “ideologia de gênero” abordada no folheto é um conteúdo de desinformação recorrente. Tem sido frequentemente desmentido nas mídias noticiosas, por profissionais da área médica, e em pesquisas acadêmicas e seu papel nas eleições tem aparecido recorrentemente. A “ideologia de gênero” é usada como argumento para disseminar terror entre os eleitores e permeia os debates públicos sobre planos de educação no Brasil desde 2014. Bereia já produziu várias matérias sobre o tema.

O assunto foi estudado por Toni Reis (Universidade do Valo dos Sinos) e Edla Eggert (PUC-RS), que caracterizam a “ideologia de gênero” como uma falácia de segmentos reacionários da sociedade que se mobilizam contra a entrada de temas sobre a identidade de gênero e a erradicação da violência de gênero nos Planos Nacionais de Educação. Em suas pesquisas, ambos apontam o seguinte sobre a “ideologia de gênero”:

“Criou-se uma falácia apelidada de “ideologia de gênero”, que induziria à destruição da família “tradicional”, à legalização da pedofilia, ao fim da “ordem natural” e das relações entre os gêneros, e que nega a existência da discriminação e violência contra mulheres e pessoas LGBT comprovadas com dados oficiais e estudos científicos. Utilizou-se também de uma espécie de terrorismo moral, atribuindo o status de demônio às pessoas favoráveis ao respeito à igualdade de gênero e diversidade sexual na educação”.

  1. “O grupo de Sarto é contrário à família cristã e favorável ao aborto”. FALSO

Em levantamento com a pesquisa sobre religião nas eleições do Instituto de Estudos da Religião (ISER) constatou-se que o candidato José Sarto é evangélico (Comunidade Videira), mas não faz uso desta vinculação religiosa para campanha política. Dessa forma, o candidato não se enquadra em um grupo que seja contrário à família cristã. Apesar disto, a candidatura de Sarto tem recebido apoio de diferentes lideranças religiosas, o que também contradiz o material verificado nesta matéria.

O Coletivo Bereia classifica, portanto, todos os conteúdos publicados no panfleto impresso e digital de contracampanha à candidatura de José Sarto à Prefeitura de Fortaleza como falsos. O fato de não ter autoria já descredencia o material divulgado, prática comum a propagadores de desinformação. Além disso, a pesquisa do Bereia mostrou o uso de conteúdos deliberadamente retirados de contexto para serem manipulados e fazer pensar que políticos ligados a Sarto, perseguem igrejas e pastores.

Acusadores de Sarto querem também fazer crer que o candidato a prefeito iria implementar a “ideologia de gênero” nas escolas da capital, usando para isso uma notícia retirada de contexto do Diário do Nordeste (maior jornal do estado). Tanto a ideia de que a “ideologia de gênero” teria sido implantada na cidade quanto a vontade do candidato de implementar algo similar na capital são falsas, e usadas para disseminar o pânico entre o eleitorado.

Referências

Youtube (Canal de Eduardo Moreira), https://www.youtube.com/watch?v=9IZCjrfJJss&feature=emb_logo. Acesso em 24 nov 2020

Youtube (Canal “Ciro Progressista”), https://www.youtube.com/watch?v=B4l4OQ1_q8U. Acesso em 24 nov 2020

Ministério Público do Estado do Ceará, http://www.mpce.mp.br/2020/03/27/ministerio-publico-recomenda-que-pm-impeca-carreatas-contra-as-medidas-de-isolamento-social/. Acesso em 24 nov 2020

G1, https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2020/04/17/ministerio-publico-recomenda-que-orgaos-de-seguranca-do-ceara-proibam-carreatas.ghtml. Acesso em 24 nov 2020

Aos Fatos, https://www.aosfatos.org/noticias/video-editado-de-ciro-gomes-engana-ao-dizer-que-ele-e-inimigo-da-igreja-catolica/ Acesso em 24 nov 2020

Aos Fatos, https://www.aosfatos.org/noticias/desenhamos-fatos-sobre-ideologia-de-genero/ Acesso em 24 nov 2020

Dr. Drauzio Varella, https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/ideologia-de-genero-artigo/ Acesso em 24 nov 2020

A Pública, https://apublica.org/2016/08/existe-ideologia-de-genero/, Acesso em 24 nov 2020

REIS, Toni, EGGERT, Edla. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. In: Educ. Soc. vol.38 no.138 Campinas Jan./Mar. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302017000100009 . Acesso em 24 nov 2020.

ISER, http://religiaoepolitica.com.br/, Acesso em 24 nov 2020

PDT, Site oficial. http://www.pdt.org.br/index.php/pastores-evangelicos-declaram-apoio-a-sarto-e-destacam-sua-trajetoria-de-honradez-e-dedicacao/. Acesso em 24 nov 2020.