Ataques a Marina Silva em comissão do Senado partiram de senadores com identidade cristã 

Bereia levantou os perfis dos dois agressores e da ministra do Meio Ambiente e Mudança no Clima 

No final de maio de 2025, a  ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva, foi alvo de ataques verbais por parte dos senadores Plínio Valério (PSDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO) durante uma sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado. 

Os episódios, marcados por misoginia e desrespeito, não são casos isolados, mas expressam uma escalada do tensionamento político em torno das pautas ambientais no Congresso. Os dois senadores, ligados à bancada ruralista, têm histórico de confrontos com movimentos socioambientais e reforçam, em seus discursos, uma retórica hostil às políticas de preservação ambiental e de defesa dos povos da floresta.

O convite para participação da ministra Marina Silva na comissão do Senado partiu, formalmente, de um requerimento do senador Lucas Barreto (PSD-AP), sob o argumento de discutir a criação de unidades de conservação marinha na região Norte e seus possíveis impactos sobre a prospecção de petróleo na Margem Equatorial do Amapá. A audiência, rapidamente, deixou de ser um debate técnico e transformou-se em uma armadilha discursiva para desferir ataques pessoais à ministra. 

Como parte do compromisso do Bereia com a circulação de informação qualificada sobre religião, foram levantados os perfis dos dois senadores e da ministra envolvidos no caso, diante da repercussão que ele ganhou nas mídias digitais, uma vez que os três têm identidade religiosa. 

Marcos Rogério: a face legalista do ruralismo radical

O presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Marcos Rogério iniciou sua trajetória política no PDT. Eleito vereador em Ji-Paraná (RO) em 2008, logo despontou na política estadual. Foi eleito deputado federal, em 2010, e, em 2014, foi o segundo mais votado no estado. Em 2016, trocou o PDT pelo DEM. Em 2018, com a alavancada da extrema direita no processo eleitoral, Rogério alcançou o topo das urnas: foi o senador mais votado de Rondônia, com 324.939 votos (24,06%). Em 2020, ingressou no PL,como fizeram vários apoiadores de Jair Bolsonaro, quando o então presidente da República migrou do PFL para este partido.

Jornalista e radialista, formado evangélico nas Assembleias de Deus, Marcos Rogério construiu sua carreira sobre pautas conservadoras, especialmente ligadas à segurança pública, religião e defesa do agronegócio. Ele integra a Frente Parlamentar Evangélica no Senado Federal.

Durante os primeiros anos de mandato no Senado, foi vice-líder do governo Jair Bolsonaro e um dos principais articuladores da base bolsonarista. Em 2021, notabilizou-se como um dos defensores mais aguerridos do governo na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Pandemia, na tentativa de blindar o presidente da República em meio às denúncias de negligência e corrupção. Já propôs projetos de endurecimento penal, como o Projeto de Lei que trata invasões de terra como terrorismo, e defendeu a flexibilização do armamento no campo.

Em 2022, foi candidato ao governo de Rondônia e chegou ao segundo turno, mas acabou derrotado por Marcos Rocha (União Brasil). Atualmente, preside a Comissão de Infraestrutura do Senado, cargo que já havia ocupado entre 2019 e 2020.

Marcos Rogério é membro da Frente Parlamentar da Agropecuária e relator de projetos polêmicos, como o PL do Marco Temporal, que busca limitar a demarcação de terras indígenas — proposta considerada inconstitucional pelo STF, mas amplamente defendida por ruralistas. Também articula medidas para flexibilizar normas ambientais, incluindo a tentativa de anular decretos antifogo do governo federal em meio aos recordes de queimadas na Amazônia e no Pantanal.

Articulado com as estratégias políticas que caracterizam a direita extremista no Brasil e em outras partes do mundo, o  senador do PL é notório propagador de desinformação em mídias digitais. Bereia já checou declarações de Marcos Rogério durante a CPI da Pandemia, como uso de vídeos fora de contexto sobre cloroquina, alegação enganosa sobre repasses federais, falsa narrativa sobre interferência do STF e manipulação de fala de médicos e governadores. 

Plínio Valério: o antiambientalismo que se veste de soberania

Plínio Valério teve uma trajetória política marcada por instabilidade e sucessivas derrotas até conquistar o Senado em 2018. Passou por cinco partidos ao longo da carreira: PDT (1979–2001), PV (2001–2007), PTB (2007–2009), DEM (2009–2011) e, desde então, está filiado ao PSDB. Foi vereador em Manaus por dois mandatos, mas enfrentou diversos fracassos eleitorais: foi derrotado nas disputas para o Senado (2002 e 2006), para a Prefeitura de Manaus (2004), para deputado federal (2010) e para deputado estadual (2014). 

Em 2010, assumiu, por nove meses, o mandato de deputado federal como suplente. Sua primeira vitória só veio em 2018, quando, na esteira da consolidação da extrema direita e do discurso antipetista, foi eleito senador pelo Amazonas com mais de 834 mil votos. 

Plínio Valério expõe publicamente sua fé como cristão católico:

Imagem: Reprodução de publicação no perfil do X do senador Plínio Valério

Imagem: Reprodução de publicação no perfil do Instagram do senador Plínio Valério

Após sua eleição ao Senado, Valério aprofundou o alinhamento com as políticas do  presidente Jair Bolsonaro e com as bandeiras da extrema direita. Defendeu abertamente os acampamentos golpistas em frente a quarteis e manifestou apoio à tese do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. Também posicionou-se em favor da flexibilização do porte e posse de armas no país. 

A atuação política do senador é marcada pela articulação de um discurso nacionalista, com críticas contundentes a organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Amazônia. Em 2023, presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito das ONGs, pela qual acusou essas entidades de operarem como “poder paralelo” na região.

O colunista da Agêncioa Pública Rubens Valente explica que a chamada CPI das ONGs, instalada no Senado sob forte influência da direita, foi criticada por não apresentar um fato determinado — requisito básico para sua legalidade — e por ter um escopo tão amplo (21 anos de repasses a centenas de milhares de entidades) que se torna ineficaz e impossível de investigar de forma séria. 

A iniciativa, liderada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), resgatou teorias conspiratórias antigas sobre ONGs na Amazônia e ignorou o papel já desempenhado por órgãos oficiais de fiscalização, como o TCU e a CGU. 

Com requerimentos genéricos e convites a figuras negacionistas e ex-gestores ligados ao governo Bolsonaro, a CPI se desenhou como um palco de desinformação, mais preocupada em desgastar adversários do que em apurar irregularidades reais. Dois senadores membros da CPI  deviam, à época, R$ 548 mil em multas ao Ibama. 

Charge: marioadolfo.com 

Entre as principais bandeiras de Plínio Valério está a defesa da pavimentação da BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho, projeto criticado por ambientalistas devido ao potencial impacto destrutivo na região. Plínio Valério é também proprietário de um imóvel irregular em área de proteção ambiental. 

Além disso, segundo investigação da Agência Pública, Valério apresentou, em 1983, cinco requerimentos para pesquisa de ouro em uma área de 5 mil hectares no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), região com presença de povos indígenas e reservas ambientais. Todos os pedidos foram rejeitados pela Agência Nacional de Mineração (à época, DNPM) por sobreposição com áreas protegidas. Questionado sobre o caso, o atual senador alegou que os requerimentos teriam sido feitos com “interesse jornalístico”, com o intuito de investigar a atuação de ONGs na Amazônia. 

Charge: https://marioadolfo.com/ 

Um relatório do projeto Amazônia Livre de Fake, coordenado pelo Intervozes e outras 14 organizações, apontou o senador Plínio Valério como um dos principais propagadores de desinformação socioambiental na Amazônia Legal. 

Ao lado de outros políticos, Valério disseminou conteúdos negacionistas sobre a crise climática, atacou ONGs e defendeu obras como a BR-319, minimizando seus impactos ambientais. Parte dessas postagens foi impulsionada com dinheiro público, ampliando seu alcance nas redes.

Imagem: https://amazoniareal.com.br/ 

O antropólogo e professor universitário José Ribamar Bessa Freire, pesquisador renomado da cultura amazônica e das populações indígenas, já foi professor de Plínio Valério e da ministra Marina Silva nos anos 1970 e escreveu duas crônicas contundentes sobre o senador. 

Em Carta fechada ao senador Plínio Valério e Enforcando o senador Plínio Valério, meu ex-aluno, publicadas no site Taquiprati, Bessa Freire resgata com ironia e pesar a trajetória de seu ex-aluno — hoje, em suas palavras, um político que “transformou o mandato em arma contra a floresta e os povos que nela vivem”.

Nas crônicas, o professor critica a atuação de Valério na CPI das ONGs, sua retórica agressiva contra ambientalistas e a defesa da pavimentação da BR-319 a qualquer custo. Segundo Bessa, o senador se tornou símbolo de um antiambientalismo que fala em nome da soberania nacional enquanto, na prática, abre caminho para a grilagem, o desmatamento e o lucro fácil de poucos. Ele acusa Valério de ignorar os saberes tradicionais e a ciência, e de promover uma guerra cultural contra a floresta em nome de uma ideia distorcida de “progresso”.

Marina Silva: uma vida entre a floresta, a fé e o fogo cruzado político

Filha de seringueiros do Acre, alfabetizada apenas aos 16 anos e sobrevivente de malária, hepatite e mercúrio, Marina Silva construiu uma das trajetórias mais respeitadas na política ambiental global. Ex-seringueira, formou-se em História, tornou-se vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente no primeiro governo Lula.

Desde o início, atuou em defesa dos povos tradicionais da floresta e da preservação da Amazônia — enfrentou interesses econômicos poderosos e o escárnio de adversários políticos de todos os espectros.

Durante sua primeira passagem pelo Ministério do Meio Ambiente (2003–2008), no primeiro mandato de Lula na Presidência da República, Marina Silva implementou a mais bem-sucedida política de combate ao desmatamento da história brasileira, derrubando os índices de destruição da floresta com medidas estruturais e articulações interministeriais. 

No entanto, deixou o cargo após embates com a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Um dos estopins foi o projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, que Marina Silva sempre considerou um desastre socioambiental — noção, confirmada por estudos e reportagens, como o livro Brasil, construtor de ruínas, de Eliane Brum que descreve a devastação, os conflitos, as violações de direitos humanos e o colapso social deixado pela obra.

Ao deixar o governo em 2008, Marina Silva desvinculou-se do PT e fundou, em 2015,  o partido sob sua liderança, a Rede Sustentabilidade. Foi pela Rede que ela se candidatou a presidente da República em três pleitos, o que lhe gerou ataques intensos. Eles ocorreram quando se lançou como candidata em 2010 e, especialmente, em 2014, quando foi alvo de campanhas difamatórias da direita e da esquerda.  Em 2018, o próprio PT conduziu uma campanha marcada por desinformação, como a ideia de que Marina acabaria com o Bolsa Família ou entregaria o Brasil aos bancos. 

Nas eleições de 2022, rompeu anos de silêncio e se aproximou novamente do então candidato Lula. A ambientalista candidatou-se pela Rede a deputada federal por São Paulo, tendo sido eleita com 237.526 votos.Com a vitória de Lula e a construção do novo governo, Marina Silva aceitou retornar ao governo federal e assumir o Ministério do  Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

Marina Silva durante campanha eleitoral de 2022. Foto: Ricardo Stuckert

Apesar de sua trajetória reconhecida internacionalmente — com prêmios como o Goldman Environmental Prize e convites para palestrar em fóruns mundiais de ampla repercussão —, Marina Silva segue sendo alvo frequente de desqualificação no Brasil, da parte de lideranças políticas e outras personagens ligadas ao agronegócio, a hidrelétricas, a mineradoras e outros grupos interessados na exploração predatória do meio ambiente. 

A ministra é tratada com frequência como “empecilho ao progresso”, numa inversão retórica que revela a profunda resistência a modelos de desenvolvimento que incluam justiça socioambiental. A Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, por exemplo, aprovou moção de repúdio a Marina Silva, projeto do deputado estadual Delegado Péricles (PL), que a criticou por considerar que ela representa um empecilho ao desenvolvimento da região.

Marina Silva foi formada nas comunidades de base da Igreja Católica no Acre, tendo se tornado, depois, evangélica, membro da Assembleia de Deus — uma dimensão por vezes esquecida em sua figura pública. Na identidade cristã ela afirma fazer uma síntese da primeira formação com a experiência da conversão a outra confissão de fé. 

O episódio na Comissão de Infraestrutura: ataques à Marina Silva e omissão institucional

A audiência da Comissão de Infraestrutura do Senado foi presidida pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), em 27 de maio, e o tom do debate escalou rapidamente para a hostilidade quando o senador Plínio Valério (PSDB-AM) passou a questionar duramente a ministra. 

Depois de discordar dos dados e argumentos apresentados por Marina Silva, com referência a suposta demora em conceder licenças ambientais, e ouvir da ministra que demandava respeito dos senadores, Valério afirmou: “A mulher merece respeito, a ministra, não”. A frase foi proferida com ironia, num tom acusatório e desdenhoso, o que levou a ministra a pedir a palavra e se retirar da audiência, dizendo: “Eu sou uma mulher, e não admito ser desrespeitada”.

Antes disso, Valério já havia proferido, em 13 de março, durante evento na Federação do Comércio do Amazonas, a seguinte frase: “Tolerar Marina por 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la é muito”. Como Bereia checou e alertou leitores e leitoras, o acúmulo de declarações agressivas revela não apenas uma estratégia de desestabilização da interlocutora, mas também uma prática contínua de violência política de gênero.

Durante o episódio na Comissão de Infraestrutura, o presidente da sessão, senador Marcos Rogério, se absteve de intervir para garantir a ordem ou mediar o respeito entre os parlamentares. Ao contrário, reforçou o tom agressivo ao não permitir que a ministra contradissesse afirmações questionáveis dos senadores, ao dizer a ela que“deveria se pôr no seu lugar”. A declaração, amplamente criticada por movimentos sociais e parlamentares progressistas, depois de propagada no noticiário, foi vista como um endosso à violência verbal praticada por Valério.

O líder do governo no Senado Rogério Carvalho (SE) e parlamentares da base, como a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), se pronunciaram tanto durante a sessão quanto fizeram publicações, em mídias sociais, em repúdio ao episódio. O presidente Luis Inácio Lula da Silva ligou para a ministra para manifestar apoio e condenar a agressão praticada contra ela. 

A sessão evidenciou, mais uma vez, como a pauta ambiental se tornou campo de batalha ideológica no Congresso Nacional — onde o debate técnico é frequentemente substituído por ataques pessoais, negacionismo climático e misoginia explícita. O Código de Ética do Senado prevê sanções para condutas desrespeitosas entre parlamentares — algo que não foi sequer cogitado pela Presidência da Casa, em relação a este caso.

Marina Silva, que já havia sido alvo de campanhas difamatórias em outras gestões, na atual segue como um dos principais focos de hostilidade por parte de parlamentares ligados ao agronegócio, como Bereia já informou. 

Referências: 

De Olho nos Ruralistas – https://deolhonosruralistas.com.br/   Acesso em: 28 Mai 2025 

Senado Federal – https://www25.senado.leg.br   Acesso em: 28 Mai 2025 

BBC Brasil – https://www.bbc.com/portuguese   Acesso em: 28 Mai 2025 

O Globo – https://oglobo.globo.com   Acesso em: 28 Mai 2025 

Folha de S. Paulo – https://www1.folha.uol.com.br   Acesso em: 28 Mai 2025 

Livro: BRUM, Eliane. *Brasil, construtor de ruínas*. Companhia das Letras, 2019. 

Senado

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2025/05/27/marina-silva-abandona-audiencia-na-ci-apos-discussao-com-senadores Acesso em: 28 Mai 2025 

Agência Brasil

https://agenciabrasil.ebc.com.br/meio-ambiente/noticia/2025-05/saiba-como-se-formaram-margem-equatorial-e-o-petroleo-da-regiao Acesso em: 28 Mai 2025 

Site taquiprati

https://www.taquiprati.com.br/ Acesso em: 28 Mai 2025 

https://www.taquiprati.com.br/cronica/1766-enforcando-o-senador-plinio-valerio-meu-exaluno  Acesso em: 28 Mai 2025 

https://www.taquiprati.com.br/cronica/1679-carta-fechada-ao-senador-plinio-valerio?utm_source=chatgpt.com Acesso em: 28 Mai 2025 

Revista Cenarium

https://revistacenarium.com.br/cientista-rebate-senador-do-amazonas-sobre-br-319-um-negacionista/?utm_source=chatgpt.com Acesso em: 28 Mai 2025 

https://marioadolfo.com/ditoefeito/ Acesso em: 28 Mai 2025 

De olho nos ruralistas

https://deolhonosruralistas.com.br/2023/12/06/senadores-da-cpi-das-ongs-devem-r-548-mil-em-multas-ao-ibama/ Acesso em: 28 Mai 2025 

https://deolhonosruralistas.com.br/2023/12/05/presidente-da-cpi-das-ongs-possui-imovel-irregular-em-reserva-ambiental-na-amazonia/ Acesso em: 28 Mai 2025 

https://agenciacenarium.com.br/longe-dos-holofotes-senador-plinio-valerio-reaparece-para-defender-atos-golpistas-e-impeachment-de-ministro-do-stf/?utm_source=chatgpt.com Acesso em: 28 Mai 2025 

Amazonia Real

https://amazoniareal.com.br/ Acesso em: 28 Mai 2025 

 https://amazonialivredefake.intervozes.org.br/ Acesso em: 28 Mai 2025 

Coletivo Intervozes 

https://intervozes.org.br/publicacoes/relatorio-amazonia-livre-de-fake-2024/ Acesso em: 28 Mai 2025 

Governo Federal

https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/noticias/2023/09/senado-federal-aprova-o-inconstitucional-pl-do-marco-temporal-contrariando-recente-decisao-do-stf Acesso em: 28 Mai 2025 

Agência Pública 

https://apublica.org/2023/11/presidente-de-cpi-das-ongs-tentou-licenciar-exploracao-de-ouro-na-amazonia/ Acesso em: 28 Mai 2025 

https://mailchi.mp/apublica/newsletter-brasilia-a-quente-020?e=3bb95a6af0 Acesso em: 28 Mai 2025  

 https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1405200802.htm Acesso em: 28 Mai 2025 

https://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/22/politica/1411413204_446746.html Acesso em: 28 Mai 2025 

https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22549/1/2017_SabrinaBomtempoRodrigues_tcc.pdf Acesso em: 28 Mai 2025 

Estado de Minas

https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/06/25/interna_politica,1280650/rolando-lero-na-cpi-personagem-viraliza-apos-fala-de-marcos-rogerio.shtml Acesso em: 28 Mai 2025 

https://www.goldmanprize.org/recipient/marina-silva/ Acesso em: 28 Mai 2025 

Revista Exame

https://exame.com/mundo/marina-silva-defende-adiamento-leilao-belo-monte-548550/ Acesso em: 28 Mai 2025 

Revista Época

https://epoca.globo.com/brasil/noticia/2018/03/o-legado-de-violencia-deixado-pela-usina-de-belo-monte.html Acesso em: 28 Mai 2025 

Senado

https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/148850#:~:text=Projeto%20de%20Lei%20n%C2%B0%202250%2C%20de%202021&text=2021%20Descri%C3%A7%C3%A3o%2FEmenta-,Altera%20o%20art.,p%C3%BAblica%2C%20como%20ato%20de%20terrorismo. Acesso em: 28 Mai 2025 

 https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/06/12/ccj-derruba-decreto-que-flexibiliza-porte-de-arma-materia-segue-para-o-plenario Acesso em: 28 Mai 2025  

Senador do Amazonas declara desejo de enforcar ministra Marina Silva

Uma fala do senador da República Plínio Valério (PSDB-AM) a respeito da ministra Marina Silva repercutiu nas mídias sociais e foi alvo de críticas pelo teor da declaração. No trecho que circula, o parlamentar afirma que a participação da ministra na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, em 2023, o fez “querer enforcá-la”. Bereia confirmou a veracidade do recorte e checou o caso.

Imagem: reprodução/Instagram

O vídeo foi gravado durante solenidade realizada pela Federação do Comércio do Amazonas (Fecomércio-AM) no último dia 13 de março, em Manaus. Em pronunciamento na quarta-feira, 19 de março, ao programa “Bom Dia, Ministra”, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), a ministra repudiou a atitude do senador: “Alguém que é ministra do Meio Ambiente, alguém que, de certa forma, é conhecida dentro e fora do país, tem que ouvir uma coisa dessas de alguém incitando a violência por discordar de alguém, é uma forma de incitar a violência contra uma mulher. Dificilmente, talvez, isso fosse dito se o debate fosse com um homem”. Além disso, a chefe da pasta do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, que é evangélica, comentou que esse tipo de atitude é “típica de psicopata”.

Em resposta à repercussão da fala nas mídias sociais, o senador negou a violência e as acusações de machismo, e insistiu que “foi brincadeira”; por isso, não se arrepende de ter feito o comentário. 

Após ser repreendido pelo presidente do Senado Federal Davi Alcolumbre (União-AP) e por senadoras de diversos partidos, em sessão no Plenário em 19 de março, o senador Plínio Valério afirmou: “Eu não excedi, eu brinquei, talvez, fora da hora. Mas não me excedi. Eu passei seis horas e dez minutos tratando [a ministra] com decência, como merece toda mulher”. O parlamentar sustentou que não trata as mulheres mal e que “isso [a acusação de violência contra a ministra] para mim não pega”.

Na noite de 19 de março, o parlamentar fez mais uma menção ao episódio, dessa vez por meio de uma postagem em seu perfil do X. Nela, afirmou que a repercussão negativa da fala está sendo usada para uso político. “Usei figura de linguagem para expressar minha indignação e dos amazonenses com a falta de sensibilidade da ministra Marina Silva, que na CPI das ONGs fez piada com o clamor de meus conterrâneos em ter a BR-139”. No dia seguinte, o senador também emitiu uma nota oficial em que desmentia os adjetivos de machista e misógino: “Minhas divergências são em relação à atuação da ministra Marina Silva, e não à sua pessoa. Peço desculpas, de forma sincera, a todos que se sentiram ofendidos pela minha infeliz colocação”, escreveu.

Imagem: reprodução/X

CPI das ONGs: o que ocorreu entre Plinio Valério e Marina Silva

A CPI das ONGs foi protocolada pelo senador Plínio Valério em outubro de 2019 e instaurada no Senado Federal em abril de 2023. O objetivo registrado era apurar se os repasses de recursos públicos destinados a organizações não governamentais (ONGs) de cunho ambiental estavam sendo utilizados corretamente, para cumprir a finalidade das ONGs.

Plínio Valério foi eleito presidente da comissão, que se encerrou em dezembro de 2023. Marina Silva foi uma das 38 pessoas que prestaram depoimento perante o colegiado. A ministra compareceu à reunião de 27 de novembro, após convocação, e passou as primeiras três horas de depoimento respondendo a questionamentos e indagações do senador Plínio Valério e do relator, senador Márcio Bittar (União-AC). 

Na ocasião, o presidente da CPI esteve ao lado da ministra durante as seis horas de depoimento. Dentre as divergências entre os dois está o posicionamento contrário de Marina a obras de pavimentação e restauração na BR-319, que liga Rondônia a Porto Velho e passa por Manaus. Para o senador, a rodovia é vital para a integração da região amazônica com o restante do Brasil, facilitando o escoamento de produtos da Zona Franca de Manaus e o trânsito de pessoas. Ele atribui o elevado número de mortos por covid-19 na Amazônia, durante a pandemia, ao esfacelamento das rodovias da região, que atrasaram a chegada de insumos às vítimas da doença. Já a ministra defende que as obras podem ser prejudiciais à região se não passarem antes por minuciosa avaliação técnica. 

Durante a reunião da CPI em que Marina Silva esteve presente, ela afirmou que as obras ainda não foram realizadas devido à dificuldade de provar a viabilidade econômica e ambiental do trecho. Em determinado momento, a ministra comentou que, apesar da importância social da rodovia, “não se faz uma estrada de 400km no meio de floresta virgem apenas para passear de carro, se não estiver associado a um projeto produtivo”. Na gravação, disponível na íntegra no canal da TV Senado no Youtube, não é possível ver a reação imediata do presidente da comissão. 

Quem é Plínio Valério?

O senador Plínio Valério, natural de Eirunepé (AM), foi eleito para o mandato de senador pelo estado do Amazonas em 2018. Ele professa a fé católica e, inclusive, afirmou que sua religiosidade não influenciou seu voto na sabatina do ministro André Mendonça para compor o Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021. “Acho irrelevante a questão religiosa. Ele é evangélico e sou católico. Acredito em N. Senhora e S. Francisco e isso não influenciará meu voto”, publicou no Twitter (atual X) em 1° de dezembro daquele ano.

Imagem: reprodução/X

Plínio Valério é jornalista, formado pela Universidade Federal do Amazonas. Dentre as pautas defendidas por ele estão o mandato fixo de dez anos e a possibilidade de impeachment para os ministros do STF. Em 2022, o senador cobrou a regulamentação urgente da lei, de sua autoria, que inclui o combate à violência contra a mulher no currículo escolar. 

Repercussão da fala destaca violência política de gênero

A fala de Plínio Valério foi destacada como violência política de gênero por parlamentares como a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), Tábata Amaral (PSB-SP) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Em 20 de março, nove deputadas assinaram uma representação ao Conselho de Ética do Senado contra o parlamentar. No documento, afirmam que houve extrapolação dos limites da imunidade parlamentar, e que a fala não pode ser relativizada: “O uso do termo ‘enforcá-la’ direcionado a uma mulher em um contexto de discordância política carrega uma carga simbólica extremamente grave, pois remete à supressão da voz feminina pelo uso da força, à tentativa de desqualificar e intimidar uma liderança política pelo simples fato de ser mulher”

Ainda, a Secretaria da Mulher, da Câmara dos Deputados, emitiu uma nota de solidariedade a Marina Silva. No texto, o órgão representativo da Bancada Feminina ressalta que “quando homens em posições de liderança desrespeitam mulheres publicamente, eles reforçam e validam comportamentos agressivos e misóginos na sociedade, alimentando um ciclo de violência e deslegitimação da participação feminina na política”.

Imagens: reprodução/X

No Brasil, a Lei n° 14.192 de 2021 criminaliza a violência política de gênero e a define como qualquer ação que discrimina, exclui ou restringe o reconhecimento ou o exercício dos direitos e liberdades políticas fundamentais das mulheres. Bereia publicou em março que tanto a desinformação quanto as ofensivas de gênero exemplificam a utilização e a tolerância de ataques misóginos como estratégias políticas contra a oposição, sob a justificativa de configurarem o exercício da liberdade de expressão.

Marina Silva: alvo recorrente de violência política 

A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática é alvo frequente de ataques que a desqualificam como mulher e como ministra. Comentários sobre sua aparência são recorrentes na internet, pelo menos desde a sua candidatura à Presidência da República, pelo PSB, em 2014, e seu posicionamento político e autoridade são frequentemente descredibilizados por parlamentares. 

Imagem: reprodução/Instagram
Imagem: reprodução/TikTok

Exemplo ainda são os ataques verbais que ela sofre, como ocorreu na sessão na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, em 2024, quando foi chamada de “adestrada” pelo presidente da comissão, Evair de Melo (PP-ES), ao rebater questionamentos sobre sua atuação na pasta. A ministra também já sofreu agressões verbais de cunho machista pelo ex-governador, ex-ministro e ex-deputado Ciro Gomes (PDT), ao se referir à pré-candidatura dela à Presidência da República, pela Rede Sustentabilidade, em 2017. 

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Após checar informações sobre o conteúdo que circulou nas redes digitais, Bereia classifica o vídeo que circula com a fala do senador Plínio Valério como verdadeiro. O vídeo, apesar de ser um recorte do discurso do parlamentar, foi confirmado pelo próprio congressista como sendo intencional. Este tipo de discurso contra mulheres na política é prática recorrente e deve ser informado como violência política de gênero. 

Referências:

Rádio Gov

https://radiogov.ebc.com.br/programas/bom-dia-ministro-2/curtas-no-mes-das-mulheres-ministra-comenta-violencia-politica-de-genero Acesso em 20 MAR 25

Valor Econômico

https://valor.globo.com/politica/noticia/2025/03/20/plinio-valerio-diz-nao-se-arrepender-por-fala-sobre-enforcar-marina-silva-leva-reprimenda-de-alcolumbre-e-e-chamado-de-psicopata-entenda-a-polemica.ghtml Acesso em 20 MAR 25

Poder 360

https://static.poder360.com.br/2025/03/representacao-deputados-contra-senador-jayme-campos-conselho-etica.pdf Acesso em 20 MAR 25

Agência Senado

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2025/03/19/senadoras-condenam-fala-de-plinio-valerio-sobre-marina-senador-se-defende Acesso em 20 MAR 25

Planalto

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14192.htm Acesso em 20 MAR 25

Coletivo Bereia

https://coletivobereia.com.br/liberdade-de-expressao-a-brasileira-desinformacao-de-genero-e-a-ofensiva-as-mulheres/  Acesso em 20 MAR 25

Youtube Senado Federal

https://www.youtube.com/watch%3Fv%3DMgpwDwWyU3Y&ved=2ahUKEwiw9J7t2puMAxWBqZUCHWABE48QwqsBegQIEhAF&usg=AOvVaw32W2bTexKxQw2JIkbDJ2NM. Acesso em 21 mar 2025

É verdade que STF derrubou obrigação de Bíblia em escolas e bibliotecas no Amazonas

No dia 13 de abril, o site gospel de notícias Pleno News publicou matéria na qual afirma que o STF havia derrubado a obrigação de escolas e bibliotecas públicas amazonenses manterem um exemplar da Bíblia em seus acervos. A decisão diz respeito à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) número 5258 e teve como relatora a ministra Carmen Lúcia. O relatório foi seguido por todos outros ministros da corte, em votação ocorrida em 12 de abril.

A lei contestada

A ADI tem como alvo a lei 74/2010 do Estado do Amazonas e foi requerida pelo então Procurador Geral da República Rodrigo Janot, em 2015, sob o argumento que a legislação contrariava o Artigo 19, inciso I, da Constituição Federal. No entanto, a ação foi incluída para julgamento apenas em 22 de março de 2021.

O trecho da Constituição referido pela ADI diz: “Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;”

De outro lado, a lei estadual teve os artigos 1º, 2º e 4º questionados, que trazem essas normas:

“Art. 1º – As unidades escolares da rede estadual de ensino e as bibliotecas públicas estaduais ficam obrigadas a manter em seus acervos ao menos um exemplar da Bíblia Sagrada. 
Parágrafo único. A obrigatoriedade prevista no caput não implica em restrição ou impedimento para a manutenção, nos acervos, de livros sagrados de outras tradições religiosas. 

Art. 2º – Os exemplares da Bíblia Sagrada deverão ser colocados à disposição de alunos, professores e demais usuários, em local visível e de fácil acesso.

Art. 4º – As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das dotações consignadas no orçamento vigente”.

Lei nº 74/2010

A PGR argumentou que essa legislação fez com que o Estado do Amazonas tenha passado a promover a fé cristã quando seu dever constitucional é de não se identificar nem adotar uma visão de mundo de ordem religiosa, moral ou filosófica. Além disso, o questionamento é que ao obrigar a presença da Bíblia em escolas e bibliotecas, o Estado promoveu seus dogmas em prejuízo daqueles condenados pelo texto sagrado dos cristãos, o que seria uma afronta à laicidade do Estado.

Justificativa de inconstitucionalidade pela ministra do STF Carmén Lúcia

Os ministros do STF decidiram em unanimidade que é inconstitucional a lei estadual que obrigaria escolas e bibliotecas a manterem ao menos um exemplar da Bíblia em seus acervos. Em sua justificativa, a relatora ministra Carmén Lúcia observou que a lei fere o princípio da laicidade. “Na determinação da obrigatoriedade de manutenção de exemplar somente da Bíblia, a lei amazonense desprestigia outros livros sagrados quanto a estudantes que professam outras crenças religiosas e também aos que não têm crença religiosa alguma”, escreveu. A ministra também ressaltou que compete ao Estado ser neutro para preservar o direito fundamental à liberdade religiosa em favor dos cidadãos.

A decisão também reitera a manifestação da Procuradoria-Geral da República:

“Não se afirma que seja ilícito a escolas públicas a aquisição da Bíblia, do Corão, da Torá, dos épicos Maabárata e Ramáiana, do Bagavadguitá, da Codificação Espírita de Allan Kardec, dos Vedas ou de outros livros sagrados, pois todos são objetos culturais, além de obras de culto. Tê-los ao dispor dos alunos e usuários de suas bibliotecas é plenamente compatível com o acesso a obras relevantes que bibliotecas não especializadas devem promover. Inconstitucionalidade há, todavia, na imposição normativa de compra de apenas um desses livros tidos como sagrados, por parte da administração pública, com evidente privilégio a determinada manifestação religiosa” 

Decisão do STF

Outros casos semelhantes

Bereia já verificou outras tentativas de pautar a obrigatoriedade da leitura bíblica em escolas públicas em outras cidades do Brasil. Projetos de lei semelhantes já foram propostos em Xangri-Lá (RS), São Paulo (SP), Nova Odessa (SP) e vetados em todas as cidades. Em Manaus, a Lei n. 1.679/2012, que obrigava que todos os espaços públicos municipais de leitura dispusessem de um exemplar da Bíblia, já havia sido vetada pelo STF em 2019.

Segundo o advogado Paulo Roberto Iotti Vecchiatti, Estado laico é a condição de um país ou nação que adota uma posição neutra no campo religioso, não apoiando ou discriminando qualquer religião. “Assim, tem-se que laicidade é a doutrina filosófica que defende e promove a separação entre Estado e religião ao não aceitar que haja confusão entre o Estado e uma instituição religiosa qualquer, assim como não aceitar que o Estado seja influenciado por determinada religião”, explica. 

Conclusão

Bereia verifica, portanto, que a notícia publicada por Pleno News de que o STF  derrubou a obrigação de Bíblia em escolas e bibliotecas no Amazonas é verdadeira. Os ministros decidiram por unanimidade que a Lei é inconstitucional pois fere o princípio do Estado laico. A decisão ressalta que a inconstitucionalidade não está em ter obras religiosas na biblioteca, mas a imposição normativa de compra de apenas um desses livros tidos como sagrados, por parte da administração pública. O amplo esclarecimento sobre a inconstitucionalidade do caso é muito relevante no contexto de publicações religiosas, uma vez que tal tipo de notícia pode ser usada em desinformação sobre suposta perseguição do STF a cristãos.

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Foto: Pixabay/Reprodução

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Referências

STF, http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4727836. Acesso em 14 de abril de 2021.

Consultor Jurídico, https://www.conjur.com.br/2021-abr-13/lei-amazonas-exige-biblia-escolas-inconstitucional. Acesso em 14 de abril de 2021.

Assembleia Legeslativa do Estado do Amazonas, https://sapl.al.am.leg.br/media/sapl/public/normajuridica/2010/9014/9014_texto_integral.pdf. Acesso em 14 de abril de 2021.

Planalto, http://planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 14 de abril de 2021.

STF, http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15321807264&ext=.pdf. Acesso em 14 de abril de 2021.

STF. https://www.conjur.com.br/dl/lei-amazonas-exige-biblia-escolas.pdf. Acesso em 15 de abril de 2021.

Coletivo Bereia. https://coletivobereia.com.br/materia-sobre-obrigatoriedade-da-leitura-biblica-nas-escolas-publicas-de-xangri-la-rs-e-imprecisa/. Acesso em 15 de abril de 2021.

Jus Brasil. https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/692169711/recurso-extraordinario-re-1191849-am-amazonas. Acesso em 15 de abril de 2021.  Jus Brasil, https://jus.com.br/artigos/11457/tomemos-a-serio-o-principio-do-estado-laico. Acesso em 15 de abril de 2021.

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