Desinformação, especialmente a que interfere no interesse público, é ‘nociva’, alerta editora-geral do Bereia

A editora-geral do Coletivo Bereia Magali Cunha definiu como algo “muito nocivo” a propagação de mentiras e inverdades, principalmente aquelas que afetam o interesse público. Ela participou, em 5 de agosto de 2024, do programa “Espiritualidade na Ação”, apresentado por Frei David, no canal do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), que tratou das fake news nas igrejas católicas, evangélicas e as de matriz africana.

Em diálogo do qual também fez parte o pesquisador do Instituto de Estudos da Religião (ISER) e que atua na área de articulação do Projeto Fé no Clima Paulo Sampaio, ela comentou sobre o período de pandemia da COVID-19, em que pessoas deixaram tomar os cuidados com a saúde e até se recusaram a se vacinar por causa de informações falsas que recebiam.

Esse tipo de comportamento, conforme avalia, se baseia em pelo menos dois fatores. O primeiro tem a ver com o que ela chama do lado humano que caracteriza as pessoas, que a fazem acreditar naquilo que provoca medo e riscos, paralisando-as e impedindo-as de pensarem adequadamente.

O segundo se refere à tendência de elas quererem acreditar naquilo que têm como crenças. Nesse caso, conteúdos falsos são aceitos e passados adiante como verdadeiros, sem sequer ter sido checados, pois desejam que assim sejam.

“Nesse raciocínio, grupos religiosos, que são formados por pessoas, estabelecem entre seus integrantes laços comunitários muito intensos, e o senso de pertença é tão forte que quando chega alguma coisa pelo grupo de WhatsApp da igreja, pelo pastor, pelo padre, aquilo bate como verdade. Afinal, como uma comunidade de fé vai apresentar um conteúdo que não é verdadeiro”, analisa Magali Cunha.

A pesquisadora lembra que estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) nos anos de 2019 e 2020 para pesquisar como isso ocorre em ambientes religiosos digitais evidenciou isso não apenas no âmbito cristão, mas no de todas as religiões. Como participante do trabalho, ela percebeu que as igrejas são o grupo mais vulnerável.

Magali comenta que dessa pesquisa nasceu o Coletivo Bereia, hoje o único projeto no Brasil e na América Latina que faz uma checagem daquilo que circula nos ambientes digitais religiosos, com prioridade aos grupos cristãos.

A íntegra do programa, que aprofundou esses e outros temas, está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=tcKzQSSfrkk

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