Sobre nós

Proposta Bereia

Bereia – Informação e Checagem de Notícias. Separar o Joio. Guardar o trigo.

O Coletivo Bereia é uma iniciativa jornalística sem fins lucrativos voltada para o combate à desinformação em ambientes digitais religiosos. Criada em 2019, como resultado de uma pesquisa do Grupo de Estudos sobre Desigualdades na Educação e na Saúde (Gedes) do Instituto NUTES da UFRJ, a iniciativa tem como foco o segmento evangélico, no qual a circulação de desinformação é prevalente. O nome “Bereia” faz referência a uma cidade mencionada na Bíblia, cujos habitantes foram elogiados por verificarem a veracidade das pregações religiosas que recebiam, com consulta às Escrituras Sagradas.

 

Produzir e receber informação digna e coerente com fatos e ocorrências é urgente em um tempo marcado pela chamada “pós-verdade”. O termo se refere a material circulante pelas mídias digitais, em que os fatos têm menos influência do que os apelos às emoções e às crenças pessoais, e se constitui em base para a propagação de desinformação, conteúdo popularmente conhecido com fake news.

A partir do desafio imposto por essa realidade, Bereia surgiu como uma iniciativa sem fins lucrativos, criada por um grupo de pesquisadoras/es, jornalistas, profissionais de áreas das ciências humanas e sociais e organizações dedicados à defesa do direito humano à comunicação, à informação e à liberdade de expressão e ao enfrentamento da desinformação, especificamente em espaços digitais religiosos.

Como Bereia foi criado

Bereia foi criado em 2019 como um dos resultados de uma pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos sobre Desigualdades na Educação e na Saúde (Gedes), do Instituto NUTES da UFRJ  intitulada “Valores e argumentos na assimilação e propagação da desinformação: uma abordagem dialógica”. A iniciativa teve como objetivo investigar como a desinformação circula entre grupos ligados a religiões, pelo WhatsApp e também por outras mídias sociais, com foco no segmento evangélico.

Naquele processo, foi observado que as demais agências e projetos de checagem de conteúdo desenvolvem trabalho relevante, de alcance significativo, no entanto não estão atentos a conteúdos específicos do universo religioso. Bereia surgiu com esse objetivo, e na fase de implantação contou com o apoio da organização de abrangência internacional Paz y Esperanza, em sua seção Brasil, e com um expressivo grupo de profissionais e estudantes de Comunicação e de outras áreas do conhecimento.

O nome Bereia é simbólico para cristãos, grupo religioso mais vulnerável à circulação de desinformação em mídias digitais, de acordo com a pesquisa NUTES/UFRJ. Ele faz referência a uma cidade grega, localizada na região da Macedônia, citada em um dos livros do Novo Testamento da Bíblia, o dos Atos dos Apóstolos (capítulo 17, versículos 11 a 15). O texto registra um elogio aos judeus de Bereia, que participavam das reuniões promovidas por cristãos, não apenas por sua abertura para ouvir os novos ensinamentos. Os bereanos foram exaltados porque, eles mesmos, examinavam diariamente as Escrituras para verificar se o que recebiam como pregação religiosa estava correto.

Enfrentar a desinformação que circula em ambientes digitais religiosos, portanto, é o principal objetivo do Bereia. Com base nos estudos e no trabalho já desenvolvido, entendemos a desinformação como conteúdo deliberadamente criado (falso ou enganoso) para convencer, captar apoios, confundir (desviar a atenção, dividir), destruir reputações, com a finalidade de se obterem ganhos econômico-financeiros e/ou políticos (defesa de pautas e/ou campanhas eleitorais) para interferência em temas e situações de interesse público.

Apoios e parcerias

Desde a criação, em 2019, Bereia conta com o apoio de várias organizações, com significativas adesões ao longo dos anos de trabalho do coletivo: Associação Católica de Comunicação – Brasil (SIGNIS), Associação Mundial para a Comunicação Cristã – América Latina (WACC-AL, na sigla em inglês), Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), Djanira – Instituto de Educação e Pesquisa, Grupo de Pesquisa Comunicação e Religião da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (GP Comunicação e Religião – INTERCOM), Instituto Incube, Instituto de Estudos da Religião (ISER), Paz y Esperanza – Brasil. Periodicamente, são realizados convênios com essas organizações para atividades de checagem de conteúdo e ações educativas no enfrentamento da desinformação.

Bereia é membro fundador da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD), que reúne quase 200 coletivos, iniciativas desenvolvidas dentro de universidades, agências, redes de comunicação, revistas, projetos sociais, projetos de comunicação educativa para a mídia e redes sociais, aplicativos de monitoramento de desinformação, observatórios, projetos de fact-checking, projetos de pesquisa, instituições científicas, revistas científicas, dentre outros, para o enfrentamento da desinformação.

Bereia também é membro convidado do Fórum Ecumênico ACT Brasil (FE Brasil) que trabalha como espaço compartilhado entre os membros da Aliança (Internacional) ACT no Brasil e outros atores do cenário ecumênico brasileiro. Este espaço, calçado nos princípios citados e na premissa do Estado Laico de Direitos, visa aumentar a eficácia e o impacto da assistência humanitária, de ações de incidência pública por direitos humanos e dos trabalhos de desenvolvimento transformador realizados pelos membros.

Bereia já realizou parcerias específicas em atividades de checagem e educativas com o Projeto Comprova, o projeto Coronavírus em Xeque (Universidade Federal de Pernambuco), a Rede Signis de Rádio, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito-MG e o Laboratório de Antropologia da Religião (Universidade de Campinas). Desde agosto de 2023, está em curso uma iniciativa conjunta com o podcast SimPodCrer, dirigido por Sérgio Pavarini e Will Carvalho, em que semanalmente uma pessoa da equipe participa do programa com uma checagem.

Metodologia de Checagem

Bereia faz a checagem de fatos publicados diariamente em mídias digitais que abordem conteúdos sobre religiões e suas lideranças. Também oferece ampla e densa pesquisa sobre o conteúdo checado, com o princípio da transparência, com base em sua política editorial, para que leitores/as tenham condições de avaliar se a informação está correta e contextualizada de acordo com os fatos. Não são checados material analítico ou opiniões, apenas material informativo (notícias).

Diariamente, a equipe do Bereia acompanha sites e portais (agências) de notícias com identidade religiosa, perfis de mídias sociais de lideranças e influenciadores religiosos de expressão nacional, de políticos e de pessoas ocupantes de cargos públicos com identidade religiosa para verificar se conteúdos veiculados são informativos (verdadeiros) ou desinformativos (falsos, enganosos, inconclusivos ou imprecisos). Também dedica atenção a notícias e pronunciamentos sobre religião publicados pela imprensa e divulgados em espaços digitais de alcance nacional.

Para a checagem, Bereia adota um protocolo com cinco passos:

1 – Identificação de conteúdo relacionado a religião ou grupos religiosos no espaço público e/ou sobre religião, na forma de textos ou imagens, com destaque na imprensa ou em mídias sociais, que demande verificação: (a) por ter relevância (interesse público ou alcance de grande número de pessoas); (b) por não conter autoria, fonte, datação, dados substanciais; e (c) por conter afirmações absolutas, ufanismo, casos inusitados, acusações e alarmismo. 

2 – Pesquisa sobre a fonte original (quando existir).

3 – Pesquisa sobre o que foi publicado a respeito do assunto/tema.

4 – Pesquisa em fontes oficiais e alternativas (incluindo pessoas, grupos, instituições/organizações/associações/movimentos sociais citados) para confirmação, identificação de lacunas e de distorções ou para refutação do conteúdo. Tudo é relatado no texto elaborado pela equipe do Bereia com a devida indicação do acesso dos leitores/as a essas fontes.

5 – Contextualização e comprovação do conteúdo checado, com busca de fontes documentais (prioritariamente primárias) e bibliográficas e de declaração de especialistas no tema em questão.

6 – Classificação do conteúdo em cinco etiquetas (Verdadeiro, Falso, Enganoso, Impreciso e Inconclusivo) definidas a partir de estudos sobre desinformação.

VERDADEIRO

 A notícia, o pronunciamento ou a declaração são corretos e coerentes com os fatos apurados.

FALSO

O conteúdo publicado não oferece informações, não tem substância factual e se caracteriza como inventado/fabricado para parecer informação. Os dados disponíveis sobre a situação em questão contradizem objetivamente o que é apresentado no conteúdo checado. É desinformação. 

ENGANOSO

O conteúdo publicado tem elementos factuais e verdadeiros, mas a apresentação deles é feita de forma distorcida para confundir e/ou levar receptores a crerem em determinado elemento que não é o foco do material original. Nesse tipo de publicação, títulos, chamadas e imagens não correspondem ao que é exposto na íntegra, com teores distorcidos para: (1) instigar julgamentos negativos de uma pessoa, um grupo ou instituição/organização/associação/movimentos sociais; e (2) invocar sensacionalismo a fim de conquistar audiência ou captar apoios a determinadas pautas, personagens ou bens (produtos e serviços). Representa desinformação e necessita de correções, substância e contextualização.

IMPRECISO

O conteúdo publicado tem elementos factuais e verdadeiros, mas não oferece dados comprováveis, não considera diferentes perspectivas e não contextualiza a situação em questão. Isso pode levar o público a julgamentos errôneos sobre casos, pessoas, grupos, instituições/organizações/associações/movimentos sociais. É desinformação e necessita de complementações e contextualização.

INCONCLUSIVO

O conteúdo publicado tem elementos factuais e verdadeiros, mas não apresenta todos os elementos conclusivos (dados, decisões, encaminhamentos) necessários para ser classificado como informação. Além disso, na maioria dos casos se trata de divulgação de processos ainda em curso, como pesquisas científicas, procedimentos médicos, decisões judiciais, votações parlamentares, investigações policiais e outros. É desinformação e demanda correções com base em cuidado, atenção e acompanhamento em torno da conclusão.

Política Editorial

Bereia checa apenas conteúdo:

(1) que se apresente como informação (conteúdo noticioso alicerçado em fatos e apresentação de ideias organizadas e ordenadas baseadas em dados);

(2) que tenha relevância (interesse público, ou que alcance o maior número de pessoas possível);

(3) que esteja relacionado à presença de grupos religiosos no espaço público;

(4) que seja destaque nas mídias noticiosas e nas mídias sociais. Nesse sentido, não verifica material opinativo na forma de artigos, editoriais e resenhas.

Bereia entende como desinformação: conteúdo deliberadamente criado (falso ou enganoso) para convencer, captar apoios, confundir (desviar a atenção, dividir), destruir reputações, com a finalidade de se obterem ganhos econômico-financeiros e/ou políticos (defesa de pautas e/ou campanhas eleitorais) para interferência em temas e situações de interesse público.

Bereia espera que os/as leitores/as participem ativamente do esforço de enfrentar a desinformação. Isso pode ocorrer de duas maneiras: (1) com verificação da própria atuação do coletivo, por meio do acesso às fontes de checagem divulgadas, a partir do compromisso estabelecido com a transparência; e (2) com indicação de conteúdo para que Bereia investigue o fato, seja no número de WhatsApp (21) 97884-2525, seja pelo e-mail coletivobereia@gmail.com, seja pelos espaços de interação nas mídias sociais @coletivobereia.

No que diz respeito ao conteúdo que publica, Bereia é apartidário, não realiza militância e não defende qualquer discurso, teologia, ideologia ou tendência político-partidária, tanto com checagens específicas quanto com produção de textos. Sua equipe é constituída com bases plurais, com pessoas vinculadas ou não a confissões religiosas e com afinidades ideológicas e políticas distintas. Quem adere ao projeto registra, por meio de documento, que assume compromisso com esse princípio.

Como um serviço jornalístico ético e transparente, Bereia sempre preza por apresentar perspectivas diversas sobre os fatos apurados, resultantes de pesquisa objetiva com fontes credenciadas.

Correção e atualizações de material publicado

Bereia admite que todo trabalho jornalístico está sujeito a erros, por isso defende que, quando ancorado em princípios éticos, esse trabalho deve ser transparente. Portanto, assume o compromisso de tornar públicos eventuais equívocos, com a garantia de correção, com agilidade e justiça.

Bereia segue esse princípio tanto nas matérias publicadas em todas as seções de seu website quanto no conteúdo que veicula nas mídias sociais em que tem perfis (Facebook, Twitter, Instagram e Youtube).

Nesse sentido, a editoria geral está disponível para receber comunicados com a indicação de eventuais incorreções identificadas por usuários por meio de mensagens pelo e-mail coletivobereia@gmail.com ou pelo número do WhatsApp (21) 97884-2525.

A mensagem de contestação deve conter o nome completo de quem a envia, e-mail ou telefone de contato, e o conteúdo no qual foi encontrado erro, com a indicação do que está incorreto e por quê, e, se possível, de fontes que o comprovem.

A equipe do Bereia sempre oferecerá uma resposta individual a esse tipo de mensagem indicativa de erro. Se for constatada a necessidade de correção, o texto será ajustado com um registro indicativo na publicação de que uma correção foi feita, com data e horário.

Se for o caso de alterar a verificação com nova etiqueta de classificação do conteúdo (verdadeiro, falso, enganoso, inconclusivo ou impreciso), isso será devidamente registrado na matéria.

Bereia também estará atento à atualização de conteúdo oferecido, com alteração de matéria publicada e o devido registro da data e do horário em que foi feita. Isso se refere a dados fornecidos, mas também ao pronunciamento posterior de pessoas, instituições ou organizações citadas em matérias produzidas pelo coletivo. Nesse caso, a editoria geral avaliará a necessidade de desdobramento, com aprofundamentos e esclarecimentos, incluindo a possível publicação de uma nota da redação.

Haverá chamadas em mídias sociais para matérias revisadas pelo Bereia, com correções e atualizações.

 

Recursos financeiros

Bereia é uma iniciativa sem fins lucrativos. Iniciou suas atividades em 2019 com base em trabalho voluntário, com pequeno recurso financeiro da organização Paz y Esperanza Internacional (PyE) e com doações individuais de pessoas físicas que acreditaram no projeto. Esses aportes empregados na criação e manutenção do website, na prestação de serviço da editoria executiva e em despesas básicas para estabelecimento do projeto.

Desde 2020, Bereia passou a receber apoio financeiro das seguintes fontes: 

  • 2020: cooperação com o Projeto Comprova, jornalismo colaborativo contra a desinformação, em projeto específico durante a pandemia da Covid-19.
  • 2021, 2023 e 2024: seleção, em 2021, para financiamento de projetos pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), por meio da linha “Projetos Parainstitucionais”. Em 2023 e 2024, foram obtidos novos apoios financeiros na modalidade “Pequenos Projetos” da CESE. As atividades foram voltadas ao aperfeiçoamento do website, à gestão de mídias sociais, ao início de processo de busca de credenciamento no International Fact-Checking Network (IFCN) e ao estabelecimento de um processo de remuneração da produção de matérias. Os recursos foram/são administrados pela coordenação executiva do Bereia, sob a gestão programática e contábil de Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço (2021, 2023) e do Instituto Incube (2024), com a devida prestação de contas, auditável.  
  • Houve ainda parcerias específicas com a CESE, em 2021 e 2022, para a produção de cards educativos no enfrentamento da desinformação no período da Covid-19 e do processo eleitoral. 
  • 2023-2024: apoio financeiro da Open Society Foundation, o que tornou possível consolidar a equipe permanente de jornalistas checadores, com remuneração para prestação de serviços editoriais, e maior divulgação dos conteúdos produzidos nas mídias sociais, em especial com vídeos e a publicação de uma newsletter quinzenal. Os recursos são  administrados pela coordenação executiva do Bereia, sob a gestão programática e contábil do Instituto de Estudos da Religião (ISER), com a devida prestação de contas, auditável.

 

Conselho Editorial

Conheça as pessoas que colaboram para garantir que o conteúdo publicado seja claro e verdadeiro.

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