Mentira se tornou estratégia deliberada de campanha política, alerta editora-geral do Bereia

A mentira se transformou em estratégia deliberada de campanha política, alertou a editora-geral do Coletivo Bereia Magali Cunha durante entrevista ao Jornal GGN em 24 de setembro. O programa conduzido pelo jornalista Luis Nassif tratou das eleições municipais, com especial atenção a episódios de violência verbal e física, bem como da falta de propostas de grande parte dos candidatos.

A pesquisadora lembrou que apesar de a postura de mentir ser algo que sempre existiu no meio político e de que candidatos e políticos fazem promessas que sabidamente não vão ser cumpridas, a novidade está no fato de que tal comportamento é deliberado. “Capturar a atenção das pessoas, construir imagem, ocupar espaço na arena política [com base na mentira, na falsidade, no engano] é algo novo”, comentou.

De acordo com Magali Cunha, esse processo ganhou força em 2016 com o Brexit – movimento promovido na Grã-Bretanha para a retirada da Comunidade Europeia – e no mesmo ano na campanha de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. “A partir daí, foi como uma bola de neve chegando ao Brasil em 2018 e por aqui se consolidando a ponto de haver pessoas vitoriosas nas urnas sem apresentar nem sequer propostas”.

A editora-geral do Bereia chamou atenção ainda para a midiatização da política. Na sua opinião, a política deixou de ser um espaço do contato, de colocação de ideias e se transformou em um processo no qual as mídias determinam o que deve ser dito, como e para quem. A consequência disso, aponta Magali Cunha, é a preocupação em performar nessas mídias, tendo em vista como vai sendo construída a imagem de quem está se candidatando ou discute alguma pauta na arena política.

Confira a íntegra da entrevista no YouTube.

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Foto de capa: Mohamed Hassan / Pixabay

Editora do Bereia defende vigilância constante às instituições para o enfrentamento da desinformação

É necessário que haja uma vigilância constante e pressão às instituições, como Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Congresso Nacional, para que cuidem adequadamente do tema da desinformação e dos desdobramentos dele. A opinião é da editora-geral do Coletivo Bereia Magali Cunha, entrevistada do Programa Desinformação & Política da TV GGN, em 10 de setembro de 2024.

Segundo ela comentou, alguns episódios de manipulação da informação e de fortalecimento de fake news nos últimos dez anos no mundo causaram perplexidade e precisam trazer aprendizados. A pesquisadora lembrou de articulações que envolveram o processo do Brexit (saída da Grã-Bretanha da Comunidade Europeia), em 2014, e da campanha eleitoral norte-americana de 2016 que resultou na vitória de Donald Trump. Citou ainda o que ocorreu no Brasil nas eleições presidenciais em 2018 e em 2022, e nas eleições municipais de 2020. Em todos eles a disseminação de conteúdos desinformativos foi intensa, conforme ressaltou.

De acordo com a editora-geral do Bereia, alguns avanços têm sido observados, ainda que existam entraves significativos a serem superados. “Isso [iniciativas] ocorre especialmente no Poder Judiciário, por meio do TSE, que em vista do ocorrido em 2018 e 2020, já tomou uma série de providências para coibir a situação [disseminação de desinformação]”. “Agora chegamos às eleições de 2024 com o aperfeiçoamento dessas medidas, mas é preciso que a preocupação não fique restrita aos períodos eleitorais”, acrescentou.

Magali Cunha fez referência a outras iniciativas da sociedade civil. Ela lembrou de esforços da academia na produção de pesquisas sobre o tema e também da criação e articulação de movimentos pelo país, como a Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNC) e o Coletivo Bereia. 

A íntegra da entrevista, que trata também dos motivos que tornam o segmento cristão o mais vulnerável à desinformação, está disponível em: