A trajetória política da deputada Carla Zambelli (PL-SP) é marcada pela ascensão no ativismo da extrema direita e os constantes embates judiciais e mentiras articuladas. Conhecida por sua atuação polarizadora e por ser uma propagadora de desinformação, suas publicações foram checadas inúmeras vezes pelo Bereia (só no ano passado foram mais de cinco checagens).
Esta matéria oferece um perfil aprofundado da deputada que se declara católica, buscando entender as nuances de sua trajetória e atuação. Além do episódio que a levou à fuga – a condenação judicial pelo crime de invasão de sistemas digitais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) –, a parlamentar ainda responde a outros processos criminais, como o notório caso da arma em punho em via pública para perseguir um opositor. Zambelli, recentemente presa na Itália, onde estava foragida, não é estranha aos holofotes da controvérsia.
Ascensão e atuação política
Nascida em Ribeirão Preto (SP), em 3 de julho de 1980, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, depois de integrar o grupo feminista Femen, no início dos anos 2010, acabou emergindo no cenário nacional como líder do movimento “Nas Ruas”. Esta foi uma das articulações que organizaram manifestações pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, com discurso contra a corrupção, em 2016.
Essa atuação conferiu visibilidade a Zambelli, impulsionando-a para a política partidária. Na trilha da intensificação dos movimentos ultraconservadores que ganharam força no período pós-impeachment, foi eleita deputada federal, em 2018, pelo Partido Social Liberal (PSL). Carla Zambelli se estabeleceu como uma voz proeminente da extrema direita no Congresso Nacional, alinhada às pautas ultraconservadoras e como apoiadora de frente do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022). Na campanha eleitoral de 2022, junto com outros deputados, deixou o PSL, se filiou ao União Brasil, e, no mesmo ano, passou a integrar o Partido Liberal (PL), com Jair Bolsonaro, que pleiteava a reeleição, e outros apoiadores.
A atuação parlamentar de Carla Zambelli é caracterizada pelo apoio irrestrito às políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem é considerada uma das mais fiéis aliadas. Ela se posiciona firmemente contra o que denomina “ideologias de esquerda”, na defesa de valores como a “família tradicional”, a “liberdade individual” e o “armamento civil”.
Sua influência transcende o Congresso Nacional, alcançando uma base de seguidores engajada nas redes sociais, onde suas publicações frequentemente geram debates acalorados. Zambelli utiliza essas plataformas para disseminar suas ideias, criticar opositores e mobilizar seus apoiadores, consolidando-se como uma figura-chave na polarização política brasileira. Sua presença nas mídias segue o padrão estratégico de outros parlamentares da direita extremista. Nesses espaços, a deputada frequentemente se manifesta sobre temas polêmicos, na maior parte das publicações com desinformação, o que gera engajamento e, por vezes, reações adversas. A deputada é reconhecida por sua retórica incisiva e pela disposição em confrontar adversários políticos e críticos.
Nas eleições de 2018, Carla Zambelli foi eleita deputada federal pelo PSL-SP como uma das mais votadas do país, e em outubro de 2022, foi reeleita repetindo o feito, sendo a segunda mais votada do estado de São Paulo e a terceira mais votada do país.
Controvérsias, crimes e embates judiciais
A trajetória de Carla Zambelli é indissociável de uma série de polêmicas e processos judiciais. Entre os casos de maior repercussão, destacam-se:
• Calúnia contra deputado federal:Em 2018, a associação Brasil nas Ruas, presidida por Zambelli, foi processada pelo então deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ) por danos morais, ao publicar conteúdo calounioso nas mídias sociais que acusavam o parlamentar de crime de pedofilia. Após ser condenada a pagar R$ 40 mil reais de indenização a Willys, Zambelli, recém-eleita deputada, afirmou que o valor seria pago por meio de valores arrecadados com seus eleitores, pois ela já tinha destino para seu novo salário de deputada.
• Citação no “Inquérito das fake news”:Carla Zambelli e um grupo de outros seis deputados do PSL, passaram a ser investigados no Inquérito nº 4.781, aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito investiga a propagação de conteúdo falso, calunioso, ameaçador e roubo de publicação sem os devidos direitos autorais, contra os membros da Suprema Corte e seus familiares. Segundo os autos, este grupo publicou cerca de duas postagens por dia em mídias sociais em um período de três meses, com desinformação ou mencionando o STF de forma crítica e ameaçadora. Parte do grupo era o deputado Daniel Silveira (RJ) que acabou preso em fevereiro de 2021, por ações radicalizadas por meio de vídeos.
• Rompimento com a ex-deputada Joice Hasselmann (PSL-SP): a relação com a ex-deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), uma importante líder do partido na legislatura 2019-2022, inicialmente de aliança, deteriorou-se em um rompimento público e trocas de acusações, evidenciando tensões internas entre apoiadores do então presidente da República Jair Bolsonaro.
• Uso de arma em via pública: em outubro de 2022, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, Zambelli foi flagrada perseguindo e ameaçando um homem negro, que lhe fez oposição, com uma arma em punho em São Paulo. O incidente gerou ampla repercussão e resultou em investigações que a tornou ré de um processo judicial em curso no STF.
• Mandato cassado: em janeiro de 2025, por decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), a deputada federal, que foi reeeleita em 2022, teve mandato cassado e direitos políticos suspensos por oito anos por divulgar conteúdo falso sobre o processo eleitoral brasileiro. Como coube recurso, o processo ainda segue em julgamento.
• Invasão de sistemas do CNJ: em processo instaurado pela Polícia Federal a deputada foi julgada e condenada pelo STF a dez anos de prisão por invadir sistemas digitais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com a ajuda de um hacker contratado, ela inseriu documentos falsos. Antes da efetivação da prisão, Carla Zambelli fugiu do país e fez uso de passaporte italiano para se refugiar na Itália. Incluída na lista de procurados da Interpol, foi presa em 29 de julho passado.
• Processos contra a Wikipédia: Zambelli moveu ações judiciais contra a plataforma digital colaborativa Wikipédia, em razão de informações contidas na biografia em verbete com o seu nome , buscando a remoção de conteúdos que considerava difamatórios (menções sobre suposta prática de prostituição).
Esses episódios, entre muitos outros, delineiam a imagem de uma política combativa, mas constantemente envolvida em disputas e conduta questionável diante da legalidade de várias ações. A lealdade de Zambelli à base política de Jair Bolsonaro é um traço marcante de sua atuação, e suas polêmicas frequentemente se entrelaçam com a defesa das pautas e do legado do ex-presidente. Porém, o caso da perseguição armada a um homem pelas ruas de São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022, abalaram ainda mais a figura de Carla Zambelli no grupo “bolsonarista” e no PL. O episódio, fartamente reportado em vídeos, é considerado um importante elemento para a queda de votos em Bolsonaro naquele pleito, dada a associação estreita da deputada com o então presidente.
Desinformação como identidade
Além dos embates judiciais, Carla Zambelli é frequentemente associada à disseminação de informações falsas e imprecisas, utilizadas especialmente para manipular temas sensíveis, gerar apoio ao extremismo direita e fazer oposição ao atual governo federal. Uma seleção das mais recentes lista:
Uma destacada situação para gerar apoios à pauta moral extremista, checada pelo Bereia em 2020, foi a alegação de que a apresentadora Xuxa Meneghel lançaria um livro para estimular a homoafetividade entre o público infantil. Zambelli, outros parlamentares e sites gospel utilizaram essa informação para atacar a artista. A apuração do Bereia indicou que a notícia era imprecisa, pois, embora Xuxa realmente fosse lançar um livro, o tema da homossexualidade era um entre outros que abordavam a necessidade de superação de preconceitos, a discriminação e o julgamento social perante as escolhas, condições ou vontades das pessoas.
Um exemplo de desinformação para política de oposição, também checado pelo Bereia, foi a manipulação de conteúdo sobre os incêndios no Pantanal, em junho de 2024. Em publicação nas redes, a deputada divulgou dados sobre a devastação do bioma, atribuindo responsabilidade ao governo federal, sobretudo ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, ela omitiu as causas climáticas e as próprias ações governamentais para combater o problema. O Bereia classificou a publicação como imprecisa, destacando a omissão deliberada de informações cruciais que distorcem a realidade da situação para uso político.
Contribuindo para a escalada de ódio e da desinformação em torno do conflito Israel-Palestina, a deputada disseminou, em 2024, que movimentos pró-Palestina seriam antissemitas. Bereia checou que Carla Zambelli repercutiu e reforçou esse posicionamento enganoso, utilizado para apoiar as medidas tomadas pelo governo dos Estados Unidos de repressão a protestos estudantis naquele país, com base em uma suposta existência de ritos islâmicos nas universidades.
A fuga depois da condenação à prisão pela invasão dos sistemas digitais do CNJ e a consequente prisão de Carla Zambelli na Itália também produziram informações falsas. Apesar de publicações em mídias sociais afirmarem que a Interpol teria rejeitado o pedido do STF para incluir o nome da deputada na lista internacional de procurados, o UOL Confere desmentiu o conteúdo. A Interpol, de fato, atendeu à solicitação da Corte brasileira e incluiu o nome da parlamentar em sua lista vermelha, tornando-a procurada internacionalmente. O fato do seu nome não ter aparecido na lista pública não significava que ela estivesse liberada, pois a maioria das difusões vermelhas é restrita ao uso exclusivo das forças da lei.
Já no momento da prisão, os advogados de Zambelli e políticos do PL negaram a captura e divulgaram à imprensa que ela havia se entregado voluntariamente. O advogado Fabio Pagnozzi publicou em seu perfil de mídia social que Zambelli se entregou para pedir asilo político ao governo italiano, o que foi repercutido por políticos aliados. Vídeos com a gravação da prisão depois confirmaram que a deputada foi capturada no apartamento que utilizava como esconderijo, quando estava pintando e lavando o cabelo.
Conflito de valores
Para o advogado da Rede Cristã de Advocacia Popular Lucas de Andrade Quirino, ouvido pelo Bereia, o discurso de Carla Zambelli pode até fazer sucesso entre parte dos seus seguidores, mas suas ações contradizem os valores que diz defender.
“Não se pode acreditar que alguém que persegue com arma em punho um jornalista, que promoveu invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça e que foge do país para não responder à Justiça, dê qualquer testemunho cristão”, afirma Quirino. Ele destaca que tal comportamento também não corresponde ao esperado de um parlamentar ou de um patriota, conforme os ideais de uma sociedade fraterna e pluralista previstos na Constituição.
Ao todo, a operação envolveu 29 mandados de busca e apreensão
Arte: Luciano Hang, Roberto Jefferson, Allan dos Santos e Sara Winter.
No último 27 de maio, a Polícia Federal (PF) realizou buscas e apreensões domiciliares nas residências oficiais de políticos e empresários suspeitos de envolvimento na produção em massa de fake news e ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ação da PF é parte do “Inquérito das Fake News” instaurado pela Corte, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Ao todo, foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão nesta operação da PF. Entre os principais alvos da ação estão elencados deputados federais do PSL, aliados do Presidente Jair Bolsonaro, empresários financiadores do esquema, como Luciano Hang, dono da Havan, o líder do Centrão do Congresso Nacional, Arthur Lira, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB/RJ), além de personagens midiáticas e blogueiros. Os mandados foram cumpridos nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso,Paraná e Distrito Federal.
“O objeto deste inquérito, é a investigação de notícias fraudulentas (fake news), falsas comunicações de crimes, denunciações caluniosas, ameaças e demais infrações revestidas de calúnias, difamações ou injúrias (escritas em latim:.“animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi”), que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal e de seus membros; e a verificação da existência de esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Poder Judiciário e ao Estado de Direito.
As provas colhidas e os laudos técnicos apresentados no inquérito apontaram para a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática.
As investigações também apontaram que toda essa estrutura, aparentemente, estaria sendo financiada por empresários que, atuando de maneira velada, fornecem recursos das mais variadas formas para os integrantes dessa organização, inclusive impulsionando vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes.
Da mesma maneira, relatórios técnicos constataram a existência de um mecanismo coordenado de criação, divulgação e disseminação de notícias ofensivas e fraudulentas por intermédio de publicações em redes sociais, atingindo um público diário de milhões de pessoas, de maneira a expor a perigo de lesão a independência dos poderes e o Estado de Direito.”
“são inúmeras as postagens e reiteradas quase que diariamente. Há ainda indícios de que essas postagens sejam disseminadas por intermédio de robôs para que atinjam números expressivos de leitores.”
O ministro afirmou ainda que “toda essa estrutura, aparentemente, está sendo financiada por um grupo de empresários que, conforme os indícios constantes dos autos, atuaria de maneira velada fornecendo recursos (das mais variadas formas) para os integrantes dessa organização”.
Que é um grupo de empresários denominados “Brasil 200 Empresarial”, em que os participantes colaboram entre si para impulsionar vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes”.
Até o momento, foram identificados três empresários, que tiveram a quebra dos sigilos bancários e fiscais entre julho de 2018 e abril de 2020, período, em que se suspeita, terem financiado esquema. Eles são:Edgard Corona, das redes de academias Bio Ritmo e Smart Fit e Luciano Hang, da rede de lojas Havan e Otávio Oscar Fakhoury, que administra um fundo imobiliário próprio. Entre as personagens midiáticas investigadas estão o humorista Reynaldo Bianchi Júnior, (conhecido como Rey Bianchi) e Winston Rodrigues criador do Bloco Movimento Brasil e dono do canal do Youtube ‘Cafézinho com Pimenta’. Além delas estão um grupo de blogueiros que seria acionado para selecionar previamente temas que eram disparados através de mensagens falsas. Na sequência, seus seguidores criaram uma hashtag para multiplicar os ataques nas redes sociais.
“Querem o caos. Estão querendo repetir 1968, onde o STF da época soltou a escumalha terrorista (não é mera coincidência), levando o governo da época a endurecer com o AI-5 para preservar a segurança nacional e institucional. Querem o mesmo agora para nos acusar de golpe.”
Na decisão que autorizou a operação, o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de contas em mídias sociais, tais como Facebook, Twitter e Instagram, de 16 investigados. Segundo ele,a medida é “necessária para a interrupção dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.
Bereia mapeou os alvos com ligações religiosas e apresenta o perfil de cada um e suas trajetórias nas mídias digitais, na política, as acusações e defesas no Inquérito das fake news. São eles: Luciano Hang, Roberto Jefferson, Allan dos Santos e Sara Winter.
O empresário e filho de operários da Indústria Têxtil de Santa Catarina, dono da rede de lojas Havan, que queria entrar para a política, Luciano Hang é um dos apoiadores mais fiéis de Jair Bolsonaro.
Um dos sete homens mais ricos do país, o empresário ganhou destaque há dois anos, após boatos sobre quem seria o dono da Havan, resultantes da curiosidade sobre as réplicas da Estátua da Liberdade dos Estados Unidos, expostas na porta dos seus estabelecimentos comerciais. O catarinense representa o eleitorado ultraconservador de Bolsonaro, dizendo-se prezar a família, exaltar o “patriotismo”, e pregar “Deus acima de todas as coisas”, ser antipetista e crítico da “ideologia comunista”, que não o impediu de entrar na lista de bilionários da Forbes em 2019.
Com mais de três milhões de seguidores em seu perfil do Instagram e postagens que alcançaram mais de 80 milhões de pessoas em 2018, o “Veio da Havan”, como foi apelidado por opositores, se tornou uma das principais vozes pró-Bolsonaro.
Reprodução/Instagram
O dono da Havan segue o protocolo da extrema-direita, que orienta apoiadores a não acompanhar os noticiários da “grande mídia”, classificadas “notícias negativas”, que abre caminho para a disseminação do noticiário paralelo, frequentemente marcado por conteúdo falso.
Nas mídias, Hang ganhou popularidade com vídeos bem humorados e caricatos. De religião não declarada, ele faz uso da fé cristã por meio de postagens que utilizam textos bíblicos como palavras de motivação aos seus seguidores.
Em 11 de Maio, Hang realizou uma doação de lençóis, edredons, talheres e pratos para o Hospital católico Imaculada Conceição de Nova Trento.
O pleito eleitoral de 2018 foi marcado pela polarização política entre Bolsonaro e Haddad, disputa que se acentuava através dos posicionamentos de seus apoiadores. Como ocorreu no episódio que “alterou os ânimos políticos e pessoais” do empresário, em um vídeo, onde usou “sua fé em Deus” como protesto ao repudiar a participação dos candidatos opositores do Presidente Jair Bolsonaro, Fernando Haddad e Manuela Dávila em uma missa em que tomaram o sacramento, segundo ele, indignamente por serem “ateus”.
Em entrevista ao site NSC Total, o bilionário disse ainda que, só pararia de trabalhar “quando Jesus lhe chamar” – brincou.”
Entre suas alianças religiosas estão ministros de Estado, como a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e pastora, Damares Alves, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, o ex-senador, Magno Malta e deputados da Bancada Evangélica, além de apóstolos, como o Apóstolo Estevam Hernandes que desfilam selfies e postagens ao lado do bilionário. Hang transita em espaços evangélicos, como aconteceu no Congresso “Gideões Missionários da Última hora”, em Santa Catarina, onde o empresário acompanhou o Presidente Jair Bolsonaro, sendo recebido com palmas pelos fiéis. No mesmo evento que Jair Bolsonaro recebeu uma placa com o provérbio: “Quando o justo governa, o povo se alegra”, e na Marcha para Jesus, em 2019, como um dos nomes mais cotados em apoio a campanha e fomento do Partido Aliança pelo Brasil (APB).
“Você impulsionou ilegalmente a Propaganda de Jair Bolsonaro pelo aplicativo whatsapp?”, questionou Cabrini.
“De forma nenhuma, é fake news”, enfatizou o empresário.
“Você contratou uma empresa pra isso?”, insistiu o apresentador.
“Não“, negou o empresário.
Com o cerco se fechando, em 15 de Março de 2020, o empresário foi convocado para dar um depoimento à CPI das Fake News. Agora, o inquérito do STF o aponta como um dos financiadores da rede de distribuição de fake news pró-Jair Bolsonaro, tornando-se alvo das buscas e apreensões. Ele tevecelulares e computadores” recolhidos pelos agentes da PF em dois endereços localizados em Brusque e no Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
O empresário concedeu entrevista à Revista Veja, alegando tranquilidade e inocência:
“Jamais patrocinei ou produzi fake news contra o STF ou qualquer membro da instituição”, afirmou Hang. Segundo ele, a perícia em seus aparelhos eletrônicos vão comprovar sua inocência. “Tudo o que eu falo e escrevo está publicado nas minhas redes sociais. Não tenho nada a esconder”.
Roberto Jefferson
Roberto Jefferson aparece empunhando um fuzil (modelo T4 Calibre 40, da Taurus) contra “comunistas” (FOTO: Twitter/Reprodução)
Advogado criminalista Roberto Jeferson é católico confesso, filho de libaneses, e neto de políticos petebistas, o advogado e ex-deputado federal condenado no escândalo do Mensalão e atual Presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), deu início à carreira política em 1971, e construiu uma larga experiência na vida pública brasileira.
Por conta da fama, em 1983, aos 29 anos, se elegeu deputado com 85.638 votos e em 2003 chegou à presidência do PTB, de onde não mais saiu. Ele assumiu, em 2016, pela terceira vez, a liderança maior do partido, tendo comandado a sigla no período de 2003 a 2005, de 2006 a 2012, e novamente em 2016.
O ex-deputado deixou o Congresso no sexto mandato consecutivo, em 2005, cassado no episódio do “Mensalão”, de 2004. Tornou-se, então, conhecido nacionalmente por seu envolvimento no esquema de corrupção do “Mensalão”, do qual participou e foi o primeiro a delatar. Foi condenado a sete anos de prisão pelo STF pela prática de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo a pena diminuída em um terço pela colaboração com a investigação do caso. Foi cassado em 2005 pela Câmara dos Deputados.
Entre suas alianças religiosas, seu nome foi citado pelo ex-deputado Carlos Rodrigues, ex-bispo da Igreja Universal, um dos operadores do “Mensalão”, acusado de comandar a cobrança de uma mesada de R$10 mil a R$15 mil de todos os deputados federais e estaduais do país ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, através do esquema chamado “Dízimo do Legislativo”.
Após o cumprimento da pena, em entrevista ao Programa de Rádio Pânico, Roberto Jefferson relembrou suas “memórias do cárcere” e elogiou o trabalho de evangelização e apoio que a Igreja Universal faz junto aos detentos nos presídios. Segundo ele, “há um grande preconceito contra a Igreja Universal, mas dentro do presídio é a Igreja mais presente”:
Antes de ser o delator do “Mensalão”, Jefferson já tinha posturas controversas na Câmara. Em 3 de fevereiro de 1988, em plena sessão da Constituinte, ele apareceu em um terno de linho branco e revólver na cintura, disposto a “resolver na porrada” uma discussão anterior com o então deputado gaúcho Jorge Uequed (MDB). Ele frequentemente circulava armado pela Casa — praticava tiro desde a juventude e chegou a possuir 125 armas, de todos os tipos e calibres.
Durante seus 22 anos de mandato, Roberto Jefferson apresentou 78 projetos e aprovou apenas dois, um deles permitindo aos advogados assistirem seus clientes em depoimentos à CPI. Defendeu o armamentismo e também os jogos de azar (ele havia sido advogado de grandes bicheiros do Rio).
“Deus é Amor”, a intromissão da religião na política é um fenômeno universal em todos os tempos. Os que não se curvam aos dogmas religiosos são demonizados, acusados de ser contra Deus. (…) Creio que Deus está na presença do amor, não do ódio. O Estado tem de ser laico. Quando a política é norteada pela religião, acaba em desastre.”
“Mais alegria, menos culpa. O Papa Francisco parece ser a pessoa certa para revitalizar a mensagem da Igreja Católica e conquistar principalmente os jovens, que estão se bandeando para outras doutrinas religiosas.”
Fotos: Em comemoração do aniversário da filha Cristiane Brasil (também alvo de operação contra fraudes, em 2018), no dia 8 de Maio, Roberto relembrou em suas redes sociais imagens do batismo e Primeira Comunhão da filha. (Reprodução / instagram)
Em março de 2016, Roberto Jefferson recebeu o benefício do indulto presidencial de natal, sendo perdoada a punibilidade do ex-deputado Federal que cumpriu um terço da pena.
O que o levou até a Operação?
Desaparecido da cena política desde sua prisão, Roberto Jefferson voltou a ser tema quando Jair Bolsonaro, em crise na relação com o Congresso Nacional, e na iminência de sofrer um processo de impeachment, recorreu ao apoio do Centrão, que tem o presidente do PTB como um dos líderes. Apoiador de Bolsonaro, Jefferson já havia atuado em 1992, como líder da “tropa de choque” que tentou impedir o impeachment do então presidente Fernando Collor.
No final de abril de 2020, Jefferson ressurgiu como aliado do governo Bolsonaro com críticas ao STF. Em postagem no Twitter, em 9 de Maio, ele pedia ao presidente “para atender o povo e tomar as rédeas do governo”. Para isso ele sugere “atitudes inadiáveis”.
“Demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita”.
Outro ataque de Jefferson dirigiu-se à Constituição, com a sugestão para “cassar, agora, todas as concessões de rádio e TV das empresas concessionárias GLOBO. Se não fizer, cai”.
Em outro tuíte, ele evitou citar o nome do magistrado, mas disse que “a Corte Constitucional deve coroar carreiras de juízes de direito. Não pode um ex-advogado de narcotraficantes milionários envergar a toga sagrada“. Acusação frequente da oposição ao ministro Alexandre de Moraes.
Na decisão que determinou a busca e apreensão nas casas do ex-deputado, o ministro Alexandre de Moraes determinou a apreensão de armas e também mandou bloquear as redes sociais do ex-parlamentar e afirmou que há indícios da prática de sete crimes. Os agentes da PF realizaram buscas em dois endereços do ex-deputado-federal, na cidade de Comendador Levy Gasparian e outro em Petrópolis, ambos no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao Programa “Os Pingos nos Is”, da rádio Jovem Pan, após a operação da PF contra as fake news, Jefferson agradeceu a Deus por estar sem o celular e computadores:
“A Polícia nos tratou muito bem. Revistou a casa toda. Eu não tinha nada que eles pudessem levar (além da apreensão das armas), celular eles nem tinham como levar, porque o meu celular não estava em casa, porque ontem visitei minha sogra e esqueci, foi a benção de Deus”.
De origem protestante, batista, Allan Lopes dos Santos é bacharel em Filosofia pelo Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil. Na biografia que divulga em seu website, diz ser “apaixonado pela Missa Gregoriana, também conhecida como Missa Tridentina ou Missa de Sempre e pela doutrina de Santo Tomás de Aquino, aos quais devota sua vida e trabalho”.
“O amor pela Igreja Católica nasceu quando em 1997, quando ainda herege protestante na Primeira “igreja” Batista de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, vi pela TV Sua Santidade o Papa João Paulo II sair do avião, debilitado, frágil e idoso, mas brilhante e glorioso, o Vigário de CRISTO na terra. Desde então, começou a minha via em busca da vivência dos Mandamentos divinos. Fui por seis anos membro da “Toca de Assis”, depois entrei no seminário da Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde fiz meu ano propedêutico; já a formação filosófica eu fiz pela Arquidiocese Militar do Brasil no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil. Viajei para o México e E.U.A para ingressar na Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, onde fui muito feliz e contente. Realizado com o apostolado tradicional nas paróquias de Scranton, PA, e em Omaha, NE. Apenas sob a atmosfera tradicional Católica, a qual se vive no Our Lady Of Guadalupe Seminary em Denton, NE”.
Durante o período que esteve fora do país, Allan dava os seus primeiros passos como blogueiro, gerando conteúdo sobre o seu dia a dia e estudos sobre os dogmas da Igreja Católica Romana que eram atualizados em um blog pessoal intitulado com o seu nome “Allan L. Dos Santos”. Como seminarista católico também passou a atuar como jornalista no Portal de notícias católico Church Militant, com sede no Estado de Michigan, nos Estados Unidos.
Ainda durante o seminário, Allan dos Santos passou a estudar com o escritor e astrólogo Olavo de Carvalho, que ainda é personagem importante e expressivo no canal do blogueiro.Este declara ter se formado no Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho, e ser um fiel seguidor do escritor considerado o guru do bolsonarismo.
Entre suas alianças religiosas, com mais de 930 mil inscritos em seu canal no Youtube, Allan dos Santos se utiliza da mídia alternativa como uma plataforma para alcançar o público cristão-conservador brasileiro (evangélicos e católicos), oferecendo uma linguagem coloquial e de fácil compreensão, com inserções de elementos cristãos em seus posts.
“Omitir o uso do cloroquina é o mesmo que deixar judeus na dúvida entre chuveiro e câmara de gás”.
Omitir o uso do cloroquina é o mesmo que deixar judeus na dúvida entre chuveiro e câmara de gás.
— #PartidoGenocidaChinês (@allantercalivre) April 8, 2020
“A Conib condena de forma veemente o senhor Allan Santos, desprezando o sofrimento das vítimas do Holocausto, ao fazer alusões a câmaras de gás relacionando-as ao uso de um remédio contra o Coronavírus. Antissemitas e oportunistas estão sempre à espreita para, em momentos como este, fazerem ataques contra judeus e outras minorias”, escreveu.
A entidade israelita também informou que denunciou a postagem ao Twitter e está examinando as alternativas legais.
O que o levou até a Operação?
O site de Allan dos Santos, Terça Livre, ganhou notoriedade durante as eleições de 2018, quando, o blogueiro passou a atuar próximo à família Bolsonaro, tendo livre acesso a áreas vedadas a repórteres de jornais e revistas.
Considerado um dos líderes do esquema de divulgação de notícias falsas e de ataques a adversários do Presidente Jair Bolsonaro, estimulado pelo próprio Palácio do Planalto, Allan dos Santos estaria inserido no chamado“Gabinete do Ódio”, inserido no Palácio do Planalto, reconhecido na decisão do ministro Alexandre Moraes pela operação da PF:
No final de 2019, Allan dos Santos foi um dos depoentes mais aguardados da Comissão Parlamentar Mista de Inquéritos (CPMI) das fake news, considerado “um dos mais conhecidos propagadores de fake news na internet”, cuja atuação tem sido “questionada desde a sua fundação, em 2014, por conta de inúmeras notícias falsas veiculadas por essa página”, dizia o requerimento de convocação aprovado pelo deputado federal Rui Falcão(PT-SP).
Foi na CPMI, instalada em setembro de 2019, que a deputada federal Joice Hasselmann (PSL/SP) depôs sobre a existência do que denominou “milícia” e “gabinete de ódio” na disseminação de fake news.
Acusado de propagar notícias falsas pelo inquérito do STF, Allan dos Santos alegou “liberdade de expressão” e disse não receber dinheiro de órgãos públicos. Todavia, dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação, publicados pelo Jornal “O Globo” em 31 de maio, apontam que a Secretaria de Comunicação da Presidência, no período de janeiro a setembro de 2019, o Governo veiculou quase 1500 anúncios no site “Terça livre”. Foram 28.845 anúncios das estatais Petrobrás e Eletrobrás veiculados em canais no Youtube, incluindo o canal de Allan dos Santos.
“É inconstitucional você não ter acesso aos autos. Eu nunca soube o que o STF queria nesse inquérito, se sou réu, investigado. Fui intimado duas vezes e não fui porque o processo estava sendo desrespeitado. Meus advogados nunca tiveram acesso aos autos. Agora, Alexandre de Moraes usa de toda a força do estado. Assim como Hitler, ele age como os nazistas agiram e como os comunistas costumam agir”, declarou ele. “Se aqui fosse os EUA, as minhas prerrogativas constitucionais estariam sendo respeitadas, mas não estão. Estamos no Brasil e não estamos vivendo em uma democracia“, acrescentou.
Todos. Eu quero ser maior do que todos eles. Esse é o meu objetivo, eu não vou descansar enquanto eu não chegar lá. (…) Eu quero destruir essa imprensa por completo, quero ficar muito maior do que todos eles. E eu tenho uma listinha de nomes de que quando eu ficar rico, muito rico, quando esses jornalistas vierem mendigar emprego, eu vou negar.”
Com um apelo bélico, eclesiástico e nacionalista, Allan deixou um recado para o público:
“Quem não deve, não teme. É óbvio que a força policial causa um pouco de medo, não adianta falar: “não fica com medo, que não vai acontecer nada”. O medo vai vir e você vai ter que lembrar que sem coragem você não vai ter esse Brasil que nós estamos vivendo. Nem resquício dele. Se você não lutar, nós iremos entregar o Brasil nas mãos dos inimigos, na mão dos adversários. Existem dois grupos, hoje, no Brasil, dois grupos que um não podem viver um com o outro: o grupo do crime, da corrupção e o grupo que defende valores morais, princípios e fé, a fé cristã. Então, não desanime, as dificuldades são muitas, mas Deus está olhando para o Brasil. Se Ele não estivesse olhando para o nosso país, se Ele não estivesse olhando para aquela mãe que derrama aquela lágrima à noite ao dobrar os teus joelhos, pedindo para o filho sair do narcotráfico, se Deus não estivesse olhando para essa mulher, nós jamais conseguiríamos o que nós estamos avançando, hoje, no Brasil. (…) um país que nós recebemos como pátria, com a nossa língua, nossa nação, nós não podemos entregar o nosso país para os nosso filhos e netos da maneira que recebemos, nós temos que lutar pelo país até o fim e Deus vai te recompensar por isso.”
Sara Winter foi líder do movimento feminista Femen, no Brasil, “considerada a ativista mais importante e engajada do país. Após passar pela experiência traumática de um aborto, converteu-se ao catolicismo, rompendo em 2013 com o movimento e “tornando-se uma das maiores lideranças e conferencista pró-vida e pró-família a nível nacional e internacional”, segundo biografia do site Sara Winter.
“A Marisa me perguntou na frente de uma sala cheia, se eu aceitava Jesus. Claro que eu disse que sim. Quem iria dizer não para Jesus?”, acrescentando “Eu amo Jesus e Deus“.
“Sara declarou sua fé no Deus verdadeiro, o Deus dos cristãos, Jesus e não em religião”, disse a psicóloga cristã Marisa Lobo, que fez o apelo para que a ex-feminista reconhecesse a ação de Jesus em sua vida.
“Quero criá-lo com base nos dez mandamentos da Bíblia. Eu acho que isso é muito importante, ainda que muitos valores tenham se perdido hoje em dia. Mas quero resgatar isso.”
Apoiadora de Bolsonaro, em abril de 2019, foi nomeada coordenadora nacional de políticas à maternidade do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sob a gestão da ministra e pastora Damares Alves, alvo de críticas dentro do governo, foi exonerada no mesmo ano.
Já em 2020 a sua trajetória virou documentário: “A Vida de Sara”, produzido por Matheus Bazzo e dirigido por Julia Sondermann, que retrata a transformação da ativista progressista em conservadora, que se tornou apoiadora destacada do governo Bolsonaro e da extrema direita brasileira.
Cena do filme que a blogueira defende o e Criacionismo:
Em abril de 2020, o Ministério Público do Distrito Federal (DF) já havia movido uma ação contra ela e outros integrantes de um acampamento instalado na Esplanada dos Ministérios. O grupo denominado “300 do Brasil” é chamado pelos Promotores, que tentam na Justiça o fim do acampamento, como “Milícia Armada”. A Justiça negou o pedido do MP para proibir o acampamento bolsonarista,ainda que, em entrevista à BBC News Brasil, a ativista tenha afirmado a presença de armas no grupo e aparecido em foto nas mídias socias portando armamentos.
Sara está entre os blogueiros suspeitos de integrar o complexo esquema de disseminação de notícias falsas por meio das mídias sociais, atingindo um público diário de milhões de pessoas, como já mostramos em checagens realizadas pelo Bereia.
Durante as buscas e apreensões da Operação da PF ligada ao inquérito do STF sobre fake news, Winter teve o seu computador, celular e dinheiro apreendidos, e logo em seguida, os seus advogados entraram com uma ação para recuperar os bens.
Após a ação policial, em vídeo publicado nas redes sociais, Winter convocou militantes para irem até o STF fazer uma manifestação contra o ministro Alexandre Moraes, e prometeu perseguir e “infernizar” a vida do magistrado, responsável por determinar a ação da PF.
Foto: Reprodução/ Instagram
“Se eu pudesse, eu já estava na porta da casa dele convidando ele para trocar soco comigo. Juro por Deus, essa é minha vontade, eu queria trocar soco com esse f… da p…, com esse arrombado. Infelizmente eu não posso, ele mora lá em São Paulo, né? Pois você me aguarde, Alexandre de Moraes, o senhor nunca mais vai ter paz“, ameaçou a ativista, que está em Brasília.
Na mesma gravação, ela cita Moraes e diz que “a gente vai infernizar a tua vida”. A gente vai descobrir os lugares que o senhor frequenta, quem são as empregadas domésticas que trabalham para o senhor. A gente vai descobrir tudo da sua vida. Até o senhor pedir para sair. Hoje o senhor tomou a pior decisão da vida do senhor”, declarou.
Ao analisar o vídeo, o relator do inquérito, Alexandre de Moraes apontou indícios de cinco crimes: injúria; ameaça; tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados; incitar a subversão da ordem política ou social; e caluniar ou difamar o presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação. Os três últimos estão previstos na lei que define os crimes contra a segurança nacional, editada no regime militar.
Sara Winter esteve à frente de um protesto contra o STF, marchando ao lado de manifestantes em frente à Esplanada dos Ministérios, na noite de 30 de maio. Os manifestantes, participantes do grupo intitulado “300 do Brasil “estavam vestidos de preto, com máscaras e empunhando tochas de fogo, seguindo em marcha até a Praça dos três poderes em frente ao STF.
Segundo especialistas ouvidos pela Agência Pública, o movimento “300 do Brasil”, criado em apoio ao Presidente Jair Bolsonaro, que é liderado por Sarah Winter, apresenta semelhanças com os movimentos neonazistas europeus.
O Bereia segue acompanhando os desdobramentos do Inquérito das fake News.
BBC NEWS Brasil – Luciano Hang, dono da Havan: Temos que bater palma quando alguém compra um avião, mas no Brasil a inveja é triste. Disponível em:https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48670848