Nos salvaremos a partir do princípio-esperança

A grande enchente que está assolando o Rio Grande do Sul é um dos sinais  mais inequívocos, dado pela Mãe Terra, dos efeitos extremamente danosos das mudança climática. Já estamos dentro dela. Não adianta os negacionistas se recusarem em aceitar a esse dado. Os fatos falam por si. Dentro de pouco chegarão na vida de todas as pessoas, ricos e pobres, como chegou a todos na maioria cidades ribeirinhas daquele estado.

Ocorreu uma surpreendente aceleração do processo de aquecimento global e não se cumpriu o decidido no Acordo de Paris de 2015 segundo o qual se previa uma redução drástica de  gazes de efeito estufa para não aumentarmos a temperatura de 1,5ºC até 2030. Quase nada se fez: em 2022 foram lançadas na atmosfera 37,5 bilhões de toneladas de CO² e em 2023 foram 40,8 bilhões de toneladas. Tudo foi excessivo. Em razão disso  alguns climatólogos sustentam que antes de 2030 como previsto, o aquecimento se antecipou. Por volta de 2026-2028 o clima da Terra se estabilizaria em torno de 38-40ºC e em alguns lugares com números mais elevados.

A temperatura de nosso corpo está por volta de 36,5ºC. Imaginem se pela noite a temperatura ambiente se mantiver por volta de 38ºC? Muitos, entre os idosos e crianças, não aguentarão e poderão até morrer. E para todos será uma grande agonia. Sem falar da perda da biodiversidade e das safras de alimentos, necessários para a sobrevivência.

Quem viu claro o estado da Terra foi um representante dos povos originários, aqueles que se sentem Terra e parte da natureza, uma liderança yanomami Dário Kopenawa:” A Terra é nossa mãe e sofre há muito tempo. Como um ser humano que sente dor, ela sente quando invasores, o agronegócio, mineradoras e petroleiras derrubam milhares de árvores e cavam fundo no solo, no mar. Ela está pedindo ajuda e dando avisos para que os não indígenas parem de arrancar a pele da Terra.”

Como continuamos arrancando a pele da Terra e agravando a mudança climática, o potencial de esperança está chegando ao limite. Cientistas deixaram claro que a ciência e a técnica não poderão reverter esta situação, apenas advertir da chegada de eventos extremos e mitigar suas consequências desastrosas. Chegamos à atual situação global simplesmente porque grande parte da população desconhece a real situação da Terra e a maioria dos chefes de Estado e os CEOs das grandes empresas preferem continuar a lógica da produção ilimitada, arrancada da natureza e do consumo sem limites, a ouvir as advertências das ciências da Terra e da vida. Não se fez a lição de casa. Agora a fatura amarga chegou.

O que ocorreu no Sul do Brasil é apenas o começo. Os desastres ecológicos vão se repetir com mais frequência e de forma cada vez mais grave em todas as partes do planeta.

Onde vamos buscar energias para ainda crer e esperar? Como foi dito com sabedoria: “quando não há mais razão para crer, então começa a fé; quando não há mais razão para esperar,então começa a esperança”. Como disse com acerto o autor da epístola aos Hebreus (por volta dos anos 80):” A fé é o fundamento do que se espera e a convicção das realidades que não se vêem”(11,1).A fé vê o que não se vê com os simples olhos carnais. A fé vê, com os olhos do espírito que é o nosso profundo, a possibilidade de um mundo que ainda virá, mas que, seminalmente mas ainda invisível, está entre nós. Por isso a fé se abre à esperança que é sempre ir além do que é dado e verificado. A fé e a esperança fundam o mundo das utopias que forcejam por se realizar historicamente.

Aqui vale o princípio-esperança. O filósofo alemão Ernst Bloch cunhou a expressão principio-esperança. Ele representa um motor interior que sempre está funcionando e alimentando o imaginário e o inesgotável potencial da existência humana e da história. O Papa Francisco na Fratelli tutti afiança: “a esperança nos fala de uma realidade enraizada no profundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive” (n. 55). Assumir este princípio-esperança hoje,nesta nova fase da Terra, é extremamente urgente.

O princípio-esperança é o nicho de todas as utopias. Ele permite continuamente projetar novas visões, novos caminhos ainda não trilhados e sonhos viáveis. O sentido da utopia é sempre nos fazer andar (Eduardo Galeano), sempre superar dificuldades e melhorar a realidade. Como humanos, somos seres utópicos. É o princípio-esperança que nos poderá salvar e abrir  uma direção nova para a Terra e seus filhos e filhas.

Qual a nossa utopia mínima, viável e necessária? Ela implica, antes de mais nada, a busca da humanização do ser humano. Ele se desumanizou pois se transformou no anjo exterminador da natureza. Só recuperará sua humanidade se começar  a viver a partir daquilo que é de sua natureza: um ser de amorização, de cuidado, de comunhão, de cooperação, de compaixão, de ser ético e de ser espiritual que se responsabiliza por seus atos para que sejam benfazejos para o todos. Pelo fato de não ter criado espaço a esses valores e princípios, fomos empurrados na crise atual que pode nos conduzir ao abismo.

Essa utopia viável e necessária se concretiza sempre, caso tenhamos tempo, dentro das contradições, inevitáveis em todos os processos históricos. Mas ela significará um novo horizonte de esperança que alimentará a caminhada da humanidade na direção do futuro.

Desta ótica nasce uma nova ética.  Por todos os lados surgem forças seminais que buscam e já ensaiam um novo padrão de comportamento humano e ecológico. Representará aquilo que Pierre Teilhard de Chardin desde seu exílio na China em 1933 chamava de noosfera. Seria aquela esfera na qual as mentes e os corações (noos em grego) entrariam numa nova sintonia fina, caracterizada pela amorização, pelo cuidado, pela mutualidade entre todos, pela espiritualização das intencionalidades coletivas.Dizia um aforisma antigo:”quando não sabes para onde vais, regresse para saber de onde vens”. Temos que regressar à nossa própria natureza de onde viemos e  que contém as  indicações para onde vamos: àqueles valores acima enunciados que poderão nos tirar desta dramática situação.

No meio de tanto abatimento e melancolia pela situação grave do mundo, nisso cremos e esperamos.

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Foto de capa: Gaspar Rocha/Pixabay

Carla Zambelli divulga relatório sobre incêndios no Pantanal mas omite causas e ações em curso

A deputada federal, de identidade religiosa católica, Carla Zambelli (PL-SP) publicou, em seus perfis nas redes digitais, a informação de que os incêndios no Pantanal aumentaram quase 900%, com 880 focos de queimadas nos cinco primeiros meses de 2024, e que este é um recorde desde 2020.

Zambelli aproveitou as mobilizações em torno do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, que neste ano tiveram como foco a tragédia no Rio Grande do Sul, para atacar o governo federal. Ela criticou o discurso da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil Marina Silva (Rede), divulgado no dia 5, e acusou o presidente Lula da Silva (PT) de cometer ‘barbaridade’. Bereia checou o discurso da deputada.

Imagem: reprodução Facebook

Incêndios no Pantanal

A Organização Não-Governamental (ONG) WWF Brasil, que atua em causas ambientais, divulgou, em 3 de junho, uma análise comparativa entre os registros de focos de queimadas, de janeiro a maio, de 2024 e 2023, que apontou um aumento de 898%. O levantamento, baseado nos dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também comparou a taxa com a média do mesmo período nos últimos três anos (2021 a 2023) e revelou que os 880 focos, valor cumulativo dos primeiros cinco meses deste ano, é o segundo maior registro dos últimos 15 anos. O maior registro de focos de queimadas, para o mesmo período analisado, ocorreu em 2020, com 2.128 focos. 

A analista de conservação da WWF Brasil Cyntia Santos, ao comentar o relatório da ONG,  ressalta que a falta de chuvas, a pouca quantidade de água acumulada no território e o acúmulo de matéria orgânica seca, características dos solos pantaneiros, são os principais fatores que intensificam os incêndios.

Ainda sobre o relatório, o especialista em conservação da WWF Brasil Daniel Silva afirmou que “não adianta conservar só um bioma, precisamos ter políticas consistentes para diferentes áreas do país. E, no Brasil, barrar o desmatamento é o ponto mais importante para evitar efeitos ainda mais severos da crise climática”.

Imagem: incêndio no pantanal – Joédson Alves/Agência Brasil (2023)

A publicação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apresenta, como fonte, matéria da CNN que divulgou a análise do WWF. A postagem acusa o presidente da República Lula da Silva de “cometer barbárie”, mas não apresenta as causas dos incêndios nem a forma como o líder do governo tem conduzido a situação.

A publicação não explora, tampouco, fenômenos climatológicos em curso que contribuíram para o atual cenário no pantanal. A WWF Brasil afirma que a seca é impulsionada pelo forte fenômeno climático El Niño, que ocorreu no país em 2023 e que, desde o início deste abril, “especialistas já alertavam que o bioma poderia passar, em 2024, por uma de suas piores secas da história”. À época, a chuva no estado de Mato Grosso do Sul estava cerca de 600 milímetros abaixo do esperado.

Ações do Governo

A ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva, o governador de Mato Grosso do Sul Eduardo Riedel (PSDB) e o governador de Mato Grosso Mauro Mendes (União), assinaram, em 18 de abril passado, o termo de cooperação de defesa, proteção e desenvolvimento sustentável do Pantanal.

O documento, com validade de cinco anos, sela o compromisso dos dois estados da federação em gerir um grupo de trabalho composto por equipes técnicas, criar respostas a incêndios florestais, responsabilizar culpados, elaborar mecanismo de monitoramento da fauna silvestre e investir em produção sustentável e turismo. 

Em fevereiro deste ano, entrou em vigor a Lei do Pantanal, nova norma estadual de Mato Grosso do Sul para conservação, proteção, restauração e exploração ecologicamente sustentável em toda Área de Uso Restrito do Pantanal, após consultas e negociações feitas pelo Grupo de Trabalho composto por técnicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da Procuradoria Geral do Estado (PGE), do Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul) e da secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) do Mato Grosso do Sul.

O presidente Lula da Silva, ao assumir o cargo em janeiro de 2023, alterou o nome da pasta para Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática e designou a internacionalmente reconhecida ambientalista, ex-ministra Marina Silva para dirigi-la. Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, a ministra Marina Silva fez um pronunciamento em rede nacional e discursou durante evento em que apresentou os resultados e as medidas do atual governo para as questões ambientais no Brasil. 

Imagem: reprodução YouTube

Entre as medidas anunciadas pelo Ministério, estão o lançamento do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Pantanal, na Caatinga, na Pampa e na Mata Atlântica, com previsão de lançamento em 2024. O comunicado expôs, ainda, dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes), segundo os quais houve queda de 9,2% no desmatamento no bioma Pantanal, de agosto de 2022 a julho de 2023, na comparação com o mesmo período anterior.

Foi anunciado, também, a criação de um pacto entre o governo federal e os entes estaduais para implementação de ações conjuntas de prevenção e combate a incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia. Além disso, foi anunciada a reestruturação da política climática brasileira.

Imagem: reprodução Balanço Geral MMA

Recorde de incêndios (2020)

Em 2020, o Pantanal foi atingido por incêndios históricos. O bioma teve 26% – cerca de quatro milhões de hectares – de sua área destruída pelo fogo. Apesar de ser considerada uma região adaptada a incêndios, que se renova em conformidade aos ciclos de seca e de chuvas, incêndios de grandes proporções provocam perdas significativas de vegetação e de fauna.

As causas dos incêndios à época foram os mesmos fenômenos de seca e falta de chuvas, no entanto, o então presidente da República Jair Bolsonaro declarou, em setembro daquele ano, em discurso apresentado na cúpula de biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU), que “algumas ONGs” comandavam crimes ambientais no Brasil e no exterior.

Além disso, seu governo não implementou políticas de controle e prevenção e punição. O Ministério do Meio Ambiente, à época comandado pelo hoje deputado federal Ricardo Salles (PL), chegou a anunciar a suspensão das ações contra o desmatamento na Amazônia, em razão de suposta inviabilidade fiscal. O enfrentamento dos crimes ambientais no período foi agravado pelo que foi avaliado como sucateamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

Em 2023, a Justiça Federal no Pará aceitou uma denúncia do Ministério Público Federal contra Salles por uma mudança de regras no Ibama, em fevereiro de 2020, que permitiu a exportação ilegal de madeira. O caso, que veio à tona em 2021, já havia resultado no afastamento do então ministro do governo Bolsonaro. 

Imagem: reprodução UOL

Naquele mesmo  2021, Carla Zambelli, que já havia reproduzido o discurso de que ONGs colocavam fogo na Amazônia, assumiu a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. Em seu discurso de posse do cargo, a então deputada não fez qualquer menção aos índices recordes de queimadas e desmatamento registrados  durante a gestão Bolsonaro.

Em entrevista ao Jornal da USP à época, o professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP) Luiz Côrtes, disse que, dado o histórico de Zambelli, não era possível esperar que ela defendesse causas ambientais. 

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Os dados sobre incêndios no pantanal divulgados na publicação feita pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) são verdadeiros e condizem com os números divulgados pela organização WWF Brasil, reconhecida por sua atuação na proteção do meio ambiente. A análise propagada pela deputada alerta para a realidade ocasionada pelas mudanças climáticas, situação enfrentada pelo Brasil e por outros países, independentemente do governo. 

A deputada dissemina desinformação, no entanto, ao omitir em sua publicação as causas do fenômeno, além de dizer, sem respaldo na realidade, que o atual presidente da República “está fazendo” o que chamou de “barbaridade”. A deputada também não apresenta o contexto e a realidade do bioma em questão.

O levantamento da WWF Brasil e o alerta de especialistas sinaliza preocupação em evitar o que ocorreu em 2020. Não aponta negligência ou descaso com a situação do Pantanal da parte do atual governo federal, nem responsabiliza qualquer pessoa de forma individual. Bereia considera imprecisa a publicação da deputada.

A omissão deliberada de informações, mesmo quando acompanhada de dados verdadeiros, é uma estratégia política que visa ensejar interpretações limitadas ou exageradas sobre fenômenos e acontecimentos. Especialmente no que diz respeito ao tema ambiental, é necessário entender o fenômeno de maneira completa e buscar, sempre, o que dizem as autoridades no assunto.

Referências da Checagem:

WWF

https://www.wwf.org.br/?88741/Em-alerta-Pantanal-ja-acumula-o-maior-numero-queimadas-desde-2020 Acesso em: 8 jun 2024

Inpe

https://terrabrasilis.dpi.inpe.br/queimadas/situacao-atual/estatisticas/estatisticas_estados/ Acesso em: 8 jun 2024

CNN

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/incendios-no-pantanal-aumentam-quase-900-e-regiao-totaliza-maior-indice-desde-2020-diz-wwf-brasil/ Acesso em: 8 jun 2024

G1

https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2024/04/18/ms-e-mt-assinam-plano-integrado-de-protecao-contra-queimadas-no-pantanal.ghtml Acesso em: 8 jun 2024

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2020/10/11/queimadas-no-amazonas-em-2020-superam-recorde-de-2005-e-registram-maior-numero-da-historia.ghtml Acesso em: 9 jun 2024

https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/09/27/secom-divulga-informacao-incorreta-sobre-queimadas-em-2020.ghtml Acesso em: 9 jun 2024

Governo do Mato Grosso do Sul

https://agenciadenoticias.ms.gov.br/lei-do-pantanal-entra-em-vigor-governo-foca-na-fiscalizacao-e-decreto-traz-primeiras-regulamentacoes/ Acesso em: 8 jun 2024

Poder 360

https://static.poder360.com.br/2024/06/Apresentacao-Dia-do-Meio-Ambiente-2024.pdf Acesso em: 8 jun 2024

YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=cwNdOXENtBU Acesso em: 8 jun 2024

Jornal da USP

https://jornal.usp.br/atualidades/questao-ambiental-nao-vai-avancar-com-carla-zambelli-na-comissao-de-meio-ambiente/ Acesso em: 9 jun 2024

Folha de São Paulo

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2021/03/pro-governo-e-sem-mencionar-desmate-ou-queimada-carla-zambelli-assume-comissao-do-meio-ambiente.shtml Acesso em: 9 jun 2024

UOL

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/08/28/justica-aceita-denuncia-ricardo-salles-exportacao-madeira.htm Acesso em: 10 jun 2024

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Foto de capa: Joédson Alves/Agência Brasil (2023)

Comunicadores cristãos são convocados a difundir a causa da preservação ambiental

Ciclone extratropical deixa rastro de destruição e mortes no RS”;  “Choveu dois meses em um só dia no litoral de SP”; “Maior seca em 43 anos na Amazônia”; “Queimadas caem 1% no Brasil, mas crescem 14% na Amazônia”; “Calor Extremo: julho de 2023 foi o mês mais quente já registrado no planeta

Manchetes como estas estão cada vez mais comuns nos jornais diários no Brasil e em todo o mundo. Temperaturas extremas, tempestades e secas jamais vistas, derretimento de geleiras, mortes e destruição. Sim, as mudanças climáticas têm uma variedade de consequências no planeta e países do mundo todo estão debruçados sobre estudos avançados para tentar reverter ou, pelo menos, frear os efeitos devastadores dessas mudanças. Mas a pergunta que fica é: por que estamos enfrentando desastres e eventos climáticos tão severos em diferentes regiões da Terra?  

Pensando em difundir entre cristãos brasileiros as causas das severas mudanças climáticas e como protegermos o que nos resta, a Iniciativa Inter-Religiosa pelas Florestas Tropicais no Brasil (IRI-Brasil) promoveu, durante os dias 26 e 27 de setembro, um encontro entre comunicadores cristãos. 

Um grupo com cerca de 40 pessoas entre jornalistas, influencers, radialistas, apresentadores e produtores de todo o país esteve em São José dos Campos, interior de São Paulo, para palestras e oficinas com pesquisadores no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ambos órgãos ligados ao governo federal. Beréia foi representado no encontro pela jornalista Viviane Castanheira. 

O IRI

O IRI é uma iniciativa mundial, criada em 2017 em Oslo, capital da Noruega, em um encontro inédito de lideranças religiosas católicas, evangélicas, muçulmanas, judaicas, budistas, hindus e taoístas, além de cientistas climáticos, especialistas em florestas tropicais e representantes dos povos indígenas do Brasil, Colômbia, República Democrática do Congo, Indonésia e Peru, países que juntos contém 70% das florestas tropicais restantes no mundo. 

A iniciativa funciona como uma plataforma de apoio às lideranças religiosas para que estas possam dar amplitude à causa ambiental e, assim, contribuir para a preservação, equilíbrio climático, e a proteção dos povos indígenas e das comunidades locais. Uma aliança internacional e multi-religiosa que visa trazer urgência moral e liderança baseada na fé aos esforços globais para acabar com o desmatamento tropical, destaca o site da entidade. 

CEMADEN

No primeiro dia, 26 de setembro, a visita ao Cemaden foi recheada de boas conversas logo na parte da manhã, o grupo foi agraciado com um bate-papo com o coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden José Marengo, reconhecido internacionalmente, como um dos melhores cientistas ambientais no Brasil e no mundo. Marengo destacou que o homem não é culpado pelo aquecimento global, visto que este é um processo natural. “Entretanto, estamos acelerando esse processo. O principal fator é a queima de combustíveis fósseis pela industrialização”, ressaltou o pesquisador que frisou a importância de haver políticas públicas direcionadas à promoção de ações sociais junto aos moradores de áreas de risco.  “Podemos ter os melhores modelos, computadores, equipamentos para prever chuvas, desastres naturais etc, mas se não resolvermos a questão da vulnerabilidade social não adianta nada”, lamenta. 

À tarde, os comunicadores conheceram a “Sala de Situação”, onde equipes multidisciplinares constituídas por meteorologistas, hidrólogos, geólogos e cientistas sociais monitoram todo o país por 24 horas, sete dias por semana. Além dos especialistas em áreas técnicas, há os especialistas em ciências sociais para analisar como determinados eventos naturais vão impactar a vida das comunidades que vivem nos locais atingidos pelos desastres naturais. “O Brasil é um dos países mais complexos do mundo, por isso temos um desafio maior de interligar essas tecnologias com essas dificuldades. Nós possuímos vários produtos de monitoramento o que nos ajuda a tornar o alerta mais preciso”, explica o PhD em Mudanças Climáticas e Desastres Pedro Ivo Camarinha, mostrando como funciona cada sistema no painel de controle. Camarinha é responsável pelo envio de alertas de risco de desastres causados por movimentos de massa do Cemaden. 

Além do monitoramento propriamente dito, a entidade mantém o projeto Cemaden Educação, uma rede de escolas, comunidades, pesquisadores e defesas civis locais que trabalha na prevenção de riscos de desastres socioambientais. De acordo com a instituição federal, o programa tem o objetivo de contribuir para a geração de uma cultura de percepção e prevenção e busca colaborar com a construção de sociedades sustentáveis. “Por meio da promoção e difusão científica, cada escola participante pode se tornar um Cemaden micro-local, espaço para realizar pesquisas, monitorar o tempo e o clima, compartilhar conhecimentos, entender e emitir alertas de desastres. Além de fazer a gestão participativa de intervenções com suas comunidades”, descreve o site do programa.

INPE

A visita ao Inpe não ficou para trás. O Instituto, que foi criado em 1961, atua nas áreas de ciências espaciais e atmosféricas, previsão do tempo e estudos climáticos, observação da Terra, ciência do sistema terrestre, entre outras pesquisas e tecnologias que têm como missão oferecer produtos e serviços singulares e soluções inovadoras nas áreas do espaço exterior e do sistema terrestre, para o avanço e a difusão do conhecimento e o desenvolvimento sustentável, em benefício do Brasil e do mundo. 

Imagem: visita ao INPE. Foto de Viviane Castanheira

A primeira demanda do Inpe, na verdade, foi verificar se as pessoas que foram cooptadas durante o Regime Militar para ocupar a Amazônia, com o intuito de proteger a área da ação estrangeira, estava de fato desmatando e construindo áreas civilizadas. Atualmente, o propósito é outro. Os vários sistemas de monitoramento das florestas brasileiras, usa imagens de satélites para identificar onde está havendo desmatamentos, queimadas e eventos desta natureza. “Pegamos novas imagens, e fazemos um comparativo com o ano anterior para identificar novos desmatamentos”, conta o pesquisador Sênior do Inpe e Coordenador do Centro de Ciências do Sistema da Terra (CCST / Inpe) Jean Pierre Henry Balbaud Ometto. O pesquisador explicou para o grupo como funcionam os sistemas e plataformas de monitoramento do Instituto. 

Além das palestras, os visitantes conheceram a Coordenação de Rastreio, Controle e Recepção de Satélites onde puderam ver como os satélites funcionam e como as imagens são captadas. Equipamentos de última geração. Inclusive, o Brasil tem um satélite de fabricação própria chamado Amazonia-1, o primeiro satélite de Observação da Terra completamente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil, lançado em 2021. O Amazonia-2 já está em fase de planejamento e vai dar continuidade à missão do satélite anterior, fornecendo dados de sensoriamento remoto para monitorar o desmatamento especialmente na região amazônica e a agricultura em todo o território nacional, entretanto, ainda não tem data para lançamento. 

O grupo de quase 40 comunicadores presentes em São José dos Campos certamente saiu desta experiência com uma bagagem de ferramentas e conhecimentos imprescindíveis para propagar os ideais de proteção e defesa do meio ambiente das nossas florestas tão necessários para o futuro da nossa civilização.

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Foto de Capa: Cemaden, por Viviane Castanheira

Um Brasil em fazimento

*Extrato de artigo enviado ao Bereia

Que Brasil queremos” nunca sai da pauta de nossas discussões, especialmente na bases que sofrem o peso de um tipo de Brasil marcado por imensas desigualdades.

Para dar consistência ao projeto-Brasil, importa trabalhar  sobre três eixos dialeticamente imbricados: a educação libertadora, a democracia integral e o desenvolvimento socio-ecológico. Resumidamente, é mister  desenvolver  uma educação libertadora que nos abra para uma democracia integral, capaz de produzir um tipo de desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente sustentado.

Partimos do pressuposto de que a Terra não tem mais condições de aguentar a depredação produzida pela voracidade produtivista e consumista do ethos do capital. Esta ordem na desordem somente perdura porque se utiliza a força dura e doce  para manter as grandes maiorias  em estado de penúria crônica. Dezoito por cento da população mundial consome, irresponsavelmente, 80% dos recursos não-renováveis com nenhum  sentido de solidariedade geracional e de respeito ao patrimônio natural de toda a vida. 

Com acerto assinalava Celso Furtado: “O  desafio que se coloca no umbral do século XXI é nada menos do que mudar o curso da civilização, deslocar o seu eixo da lógica dos meios a serviço da acumulação, num curto horizonte de  tempo, para uma lógica dos fins em função do bem-estar social, do exercício da liberdade e da cooperação entre os povos” (Brasil, A construção interrompida, Paz e Terra 1993. p.76).

Novo paradigma de desenvolvimento

O que  aqui se postula é uma mudança no paradigma do desenvolvimento, indispensável para resguardar a natureza, salvar a humanidade e possibilitar um projeto-Brasil alternativo. A Declaração Sobre o Direito dos Povos ao Desenvolvimento da ONU de 18 de outubro de 1993 assimilava já esta necessidade ao definir que o desenvolvimento é “um processo econômico, social, cultural e político abrangente, que visa o constante melhoramento do bem-estar de toda a população e de cada indivíduo na base de sua participação ativa, livre e significativa, e na justa distribuição dos benefícios resultantes dele” (Declaration on the Right to Development, ECOSOC  18.10.1993). Nos acrescentaríamos ainda, no sentido da integralidade, a dimensão psicológica e espiritual.

Portanto, postula-se que a economia, como produção dos bens materiais é meio para a possibilitar o desenvolvimento cultural, social e espiritual do ser humano. Errônea e com funestas consequências  é a visão que entende o ser humano apenas como um ser de necessidades e de desejo de acumulação ilimitada, e por isso da economia como crescimento ilimitado, como se ele fosse meramente um animal faminto e não um ser criativo, com fome de beleza, de comunhão e de espiritualidade. O Papa Francisco, na encíclica Laudato Si, chama este pressuposição de “mentira” (n.106).

Faz-se mister produzir e consumir o que é necessário e decente, e não produzir e consumir o que é supérfluo, excessivo e abusivo. Precisamos passar de um economia da produção ilimitada para uma economia multidimensional da produção do suficiente generoso, para todos os humanos  e também para os demais seres da comunidade de vida à qual pertencemos.

O sujeito central do desenvolvimento, portanto, não  é a mercadoria, o mercado, o capital, o setor privado e o estado, mas o ser humano e os demais seres vivos como os principais documentos sobre a ecologia o enfatizam.

Construção da democracia integral

É dentro deste  contexto que se planteia a questão da democracia integral. Primeiro como valor universal a ser vivido em todos os âmbitos onde o ser humano se encontra com outro ser humano, nas relações familiares, comunitárias, produtivas e sociais. Em seguida como forma de organização política. Seria o sistema  que garante a cada um e a todos os cidadãos a participação  ativa e criativa em todas as esferas de poder e de saber da sociedade. Essa democracia seria, por definição, popular (mais ampla que a democracia burguesa e liberal), solidária (não excluiria ninguém, em razão de gênero, de  raça ou ideologia), respeitadora das diferenças (pluralista e ecumênica), sócio-ecológica (porque incluiria como cidadãos e sujeitos de direitos também o meio-ambiente, as paisagens, os rios, as plantas e os animais).  Numa palavra, uma democracia verdadeiramente integral.

Para ser cidadão-sujeito são exigidos três processos: o primeiro, o empoderamento, isto  é, a conquista de poder  para ser sujeito pessoal e coletivo de todos os processos relacionados com o seu desenvolvimento pessoal e coletivo; o segundo  é  a cooperação para além da competição  e da concorrência, motor da cultura do capital, que faz dos cidadãos protagonistas do bem comum. O terceiro, a autoeducação contínua para exercer sua cidadania e con-cidadania junto com outros sujeitos. Como asseverava Hannah Arendt: alguém pode  conhecer a vida inteira sem se auto-educar.

Educação da práxis

É nesse ponto que o desenvolvimento centrado no ser humano e na democracia integral   se articula com  a educação integral. A educação integral é um processo pedagógico permanente que abrange a todos os cidadãos em suas várias dimensões e que visa educá-los no exercício sempre mais pleno do poder, tanto na esfera de sua subjetividade quanto na de suas relações sociais.  Sem esse exercício de poder solidário e cooperativo não surgirá uma democracia integral nem um desenvolvimento centrado na pessoa e na natureza e por isso  o único verdadeiramente sustentado.

A prática, portanto, é a fonte originária do aprendizado e do conhecimento humano, pois o ser humano é, por natureza constitutiva, um ser prático. Ele não tem a existência como um dado, mas como um feito, como uma tarefa que exige uma prática de permanente construção. Não tendo nenhum órgão especializado, tem que continuamente se construir a si mesmo e ao seu habitat pela prática cultural, social, técnica e espiritual. Isso sublinhou com profundidade o economista e educador popular Marcos Arruda, discípulo de Paulo  Freire, em seu  livro Tornar o real possível (Vozes 2003).

Cabe reconhecer que  conhecimento sozinho não transforma a realidade; transforma a realidade somente  a conversão do conhecimento em ação. Entendemos por práxis exatamente esse movimento dialético entre  a conversão do conhecimento em ação transformadora e a conversão da ação transformadora em conhecimento. Essa conversão não apenas muda a realidade, mas muda também o sujeito. 

Práxis, portanto, é o caminho de todos na construção da consciência humana e universal. É acessível a todos os humanos que têm uma prática. O trabalhador manual, portanto, não precisa,  para aprender,  memorizar uma quantidade ilimitada de conteúdos. O essencial é que aprenda a pensar a sua prática individual e social, articulando o local com o global e vice-versa.

A educação da práxis visa atingir esses três objetivos principais:

1. A  apropriação dos instrumentos adequados para pensar a sua prática individual;

2. Apropriação do conhecimento científico, político, cultural e espiritual acumulado pela humanidade ao longo da história para garantir-lhe a satisfação de suas necessidades e realizar suas aspirações;

3. Apropriação dos instrumentos de avaliação crítica do conhecimento acumulado, para reciclá-lo e acrescentar-lhe novos conhecimentos que incluam a afetividade, a intuição, a memória biológica e histórica contida no próprio corpo e na psiqué, os sentidos espirituais como da ética, o da unidade do Todo, da beleza, da transcendência e do amor.

Educação: a maior revolução

Investir em educação, como sempre repetia Darcy Ribeiro, é inaugurar a maior revolução que se poderá realizar na história, a revolução da consciência que se abre ao mundo, à sua complexidade e aos desafios de ordenação que apresenta. Investir na educação é fundar a autonomia de um povo e garantir-lhe as bases permanentes de seu refazimento face a crises que o podem abalar  ou desestruturar. Investir em educação é investir na qualidade de vida social e espiritual do povo. Investir em educação é investir em mão de obra qualificada. Investir em educação é garantir uma produtividade maior. 

O estado brasileiro nunca promoveu a revolução educacional. É refém histórico das elites proprietárias que precisam manter o povo na ignorância e na incultura para ocultar a perversidade de seu projeto social, que é reproduzir seus privilégios e perpetuar-se no poder.

O projeto-Brasil, do Brasil em fazimento, fará da revolução educacional sua alavanca maior, criando o espaço para o povo poder expressar sua alta capacidade de criação artística e inventividade prática, finalmente, para plasmar-se a si mesmo como gostaria de se plasmar.

**Os artigos da seção Areópago são de responsabilidade de autores e autoras e não refletem, necessariamente, a opinião do Coletivo Bereia.

***Foto de capa: Vinicius Vieira/Pexels

A voz do sangue clama

As notícias que inundaram nossas redes sociais nos últimos dias, acerca do extermínio do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips mostraram a face brutal que banha nosso território de sangue desde a colonização. Muitas coisas deveriam vir à tona nas nossas reflexões, especialmente se somos seguidores de Jesus Cristo. Para além da comoção midiática que fenece, que nossos corações encontrem razões para dar continuidade a relevante história que estava sendo escrita por estes e tantos outros. 

Primeiramente, precisamos erguer um memorial que não seja apagado pelo tempo e cumpra a função de nos lembrar da missão profética que eles exerciam, denunciando que as violências ao corpo da terra e aos corpos dos vulneráveis se tornaram insustentáveis. As palavras fortes destes homens, precedidas pelas de outros mártires como Chico Mendes e Dorothy Stang, precisam ter continuidade antes que vivamos a realidade de uma terra arrasada. 

Na verdade, já estamos experimentando os efeitos dos maus tratos a Casa Comum como a destruição de espécies inteiras da fauna e flora, o aumento da temperatura, a escassez de água potável e alimentação sem veneno e, acima de tudo, o apagamento da herança indigena, fundamental a nossa formação como povo brasileiro. O direito à memória destes homens precisa ser respeitado pois evoca a vida e esta é uma questão justa conforme o Evangelho ensina.

Em segundo lugar, em tempos brutos como estes que vivemos, recusar-se ao silêncio e prosseguir na luta pela verdade e pela justiça é algo admirável mas que não deveria ser extraordinário: pelo contrário, deveria ser nossa forma de ser no mundo. O amor que Bruno e Dom tinham pela criação, pelos povos do Brasil e o empenho na defesa do direito à vida digna deve nos incitar a fazer a diferença onde vivemos.

Nossas comunidades de fé precisam ser estabelecidas a partir do desejo visceral de modificar a vida das pessoas para melhor, não por proselitismo mas pelo fato de que carregamos em nós a vida de Cristo. Esta precisa ser a nossa práxis de todo dia a fim de que a história da igreja evangélica no Brasil seja pintada com as tintas da solidariedade e não mais a partir do terrível apoio a políticas de morte que em absolutamente nada glorificam o nome de Deus.

Por fim, urge desejar que a justiça corra como um rio (Amós 5.24) mais do que nunca. Até quando suportaremos ambientalistas sendo violentamente dizimados por defenderem a harmonia com a criação de Deus em suas diversas redes de conexão? Permaneceremos silentes diante da morte de homens e mulheres que dedicaram os melhores anos de suas vidas à defesa dos povos historicamente invisibilizados como são os indígenas, os quilombolas, os ribeirinhos e tantas outras comunidades tradicionais? Não podemos banalizar isto, irmãos e irmãs!

O testemunho de vida e amor de Bruno e Dom nos confronta com a necessidade de ter coragem de estar ao lado dos que estão sendo vítimas de múltiplos silenciamentos e violências. Quem tem familiaridade com o texto sagrado não pode fechar os olhos e lidar com este tema como se não houvesse ligação com a fé que professamos. Recebemos a divina ordem para ”soltar as ligaduras da impiedade, desfazer as ataduras do jugo, deixar livres os oprimidos e despedaçar todo o jugo” (Isaías 58.6). O que ainda esperamos?

A ressurreição de Cristo nos ensina a potente lição de que a vida vence no final e que precisamos estar ao lado dela e dos vulneráveis sempre. A voz do sangue destes homens clama desde a terra e enquanto a igreja permanecer adormecida, infelizmente não seremos testemunhas dignas do Cristo.