Acusação de antissemitismo é instrumentalizada para blindar o Estado de Israel de críticas

A campanha militar assimétrica travada pelo Estado de Israel contra os grupos políticos armados Hamas e o Hezbollah já levou à morte de mais de 43 mil pessoas, ao longo de um ano. O governo do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu tem sido acusado, por países, organizações e distintos fóruns internacionais, de promover, de forma deliberada, uma política de morte (necropolítica) e genocídio (ação para eliminação de determinada população). A indignação contra o uso da força perante grandes contingentes de civis já levou, inclusive, a acusações, lideradas pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda), de que Israel promove o genocídio da população palestina.

Mesmo diante de todas estas manifestações críticas apoiadas, inclusive, por cidadãos israelenses, demonstradas nas ruas do país, surge, no entanto, uma reação contrária. A acusação de que tais oposições incorrem em uma expressão de antissemitismo, ódio racial e de perseguição ao povo judeu.

Reprodução: UN NEWS (faixa de Gaza, 2024)

Conflito de décadas 

O conflito entre Israel e a Palestina remonta à década de 1940, quando, na esteira do holocausto, a defesa da criação de um Estado nacional para o povo judeu ganhou força e resultou em uma migração em massa para a região onde estão Israel e Palestina. Em território partilhado com subvenção da Organização das Nações Unidas (ONU), couberam terras a árabes (Palestina) e judeus (Israel).

Logo em seguida à criação do Estado de Israel, em 1948, a Primeira Guerra Árabe-Israelense opôs o novo país às forças de Egito, Síria, Jordânia, Iraque e Líbano. Trata-se de uma primeira demonstração do conflito que se estende até os dias de hoje, motivado pela não aceitação da convivência pacífica entre os diferentes povos em uma mesma região. Já nos anos iniciais do conflito, novas divisões territoriais, promovidas por ocupações israelenses, levaram ao deslocamento forçado de milhares de palestinos – episódio conhecido como Nakba (“catástrofe”) pelos árabes.

Conflitos como a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yom Kippur (1973) foram marcos da relação tensa entre Israel e os povos árabes que, na Palestina, vêm sendo confinados a territórios cada vez menores, graças ao desrespeito aos tratados e seguidas invasões territoriais promovidos por Israel desde 1967. 

Em reação ao domínio israelense, a Primeira Intifada (1987-1993) e a Segunda Intifada (2000-2005) foram levantes palestinos contra as invasões. Em ambos os casos, as demandas populares levaram a conflitos violentos entre as duas partes, situação que ocorre até os dias atuais.

A comparação de mapas históricos permite ver como Israel tem avançado sobre territórios destinados à Palestina em 1947. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem alertado, ainda hoje, que os assentamentos israelenses sobre os territórios palestinos continuam a avançar.

Mapas mostram avanço da ocupação do Estado de Israel sobre o território destinado à Palestina em resolução da ONU em 1947 – Reprodução: UCCPIN

O mais recente capítulo do conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando o grupo armado palestino Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) entrou no território israelense e matou cerca de 1,2 mil pessoas, fez reféns e divulgou imagens de execuções.

Em resposta ao ataque que chocou o mundo, Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, lançou uma ofensiva bélica contra o Hamas e o território palestino. Apesar do direito de retaliação, as ações militares levadas à cabo por Israel vêm sendo criticadas por serem desproporcionais ao ataque sofrido e atingirem de forma dramática civis inocentes.

Acusações de antissemitismo

As críticas à resposta militar israelense, porém, têm se chocado com acusações de antissemitismo, por parcela de judeus e seus apoiadores, que nem sempre têm o respaldo dos fatos. Nas redes, vozes contrárias às mortes promovidas pelo Estado de Israel são acusadas de estarem baseadas em ódio aos judeus e grupos à esquerda já foram acusados, de forma genérica, de antissemitas. Tais discursos desconsideram que até mesmo judeus manifestam-se nas ruas contra as ações israelenses. Houve um número deles presos, nos Estados Unidos, sob acusação de antissemitismo.

No Brasil, o jornalista Breno Altman, fundador do site Opera Mundi, especializado na cobertura de temas internacionais, foi alvo de ataques e ameaças de grupos pró-Israel ainda em outubro de 2023. Altman, que é judeu, publica conteúdos críticos à postura de Israel e ao sionismo (movimento político-religioso, de várias correntes, que defende o direito à autodeterminação da totalidade do povo judeu sobre o território considerado judaico).

Em outubro de 2023, pouco tempo após os ataques do Hamas a Israel, o Opera Mundi revelou o recebimento de mensagens no WhatsApp que sugeriam “arrancar os dentes da boca desse fdp e cortar os dedos fora para parar de escrever e falar merda”. De acordo com o site, algumas publicações nas redes digitais comparavam Altman a um “kapo” – os judeus que atuavam como agentes nazistas em campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial.

Os ataques também atingiram outro judeu crítico da política israelense, o doutor em História Social, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Michel Gherman que, ao contrário de Altman, é um sionista da corrente que defende o direito a um Estado Palestino. Em palestra na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em outubro de 2023, o professor, que também é pesquisador do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade de Jerusalém, foi acusado de praticá-lo.

Em vídeo publicado em seu canal no YouTube, Gherman avalia: “A capacidade que essas pessoas têm de não escutar o que eu digo e produzir, sobre mim, acusações mentirosas é cruel. Eu estudo antissemitismo, sou vítima de antissemitismo. E fui chamado, por essas pessoas, de um judeu antissemita. Isso é cruel.”

As acusações de ódio ao povo judeu também recaíram sobre o presidente da República Luis Inácio Lula da Silva (PT). Em evento público, em 23 de fevereiro de 2024, Lula criticou as ações militares levadas a cabo por ordens de Netanyahu e afirmou que “o que o governo de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças (…) se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio”.

A crítica, feita à condução das práticas militares, foi interpretada por apoiadores de Israel como “antissemitismo explícito”. No X/Twitter, o senador Sérgio Moro (União-PR) publicou: “Nenhuma palavra sobre os reféns de Israel, nem sobre a invasão da Ucrânia, nem sobre a ditadura venezuelana. Antissemitismo explícito. Quem quiser que acredite no “democrata”.

Na sequência dos ataques de 7 de outubro de 2023, porém, Lula havia dito, por meio de seu perfil no X/Twitter, que ficou “chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas”.

Criminalização de críticas como estratégia

Conforme apontado por Bereia, em matéria publicada em maio de 2024, as alegações de antissemitismo são uma estratégia discursiva de grupos conservadores teologica e politicamente e de apoiadores do governo de Israel para impedir críticas. A checagem classificou como enganosa publicações que declararam protestos estudantis contra o massacre de palestinos, nos Estados Unidos, realizados meses atrás,  como antissemitas.

Como exemplo disto, a doutora em sociologia e professora da Universidade de Brasília (UnB) Berenice Bento cita a ação judicial da Confederação Israelita do Brasil (Conib) contra Breno Altman. “É um dos muitos exemplos dessa grave ofensiva. Israel passou a tomar para si a totalidade da representação judaica e, ao fazê-lo, busca igualar todas as críticas às suas políticas coloniais e genocidas em expressão do antissemitismo”.

Antissemitismo é a intolerância contra judeus, por características étnicas e religiosas que os constituem como povo. É fato que ataques antissemitas foram registrados na Europa e fora do continente após as ações bélicas de Israel na Faixa de Gaza, em 7 de outubro de 2023. Países como França, Áustria e Reino Unido anunciaram aumento considerável de ataques contra judeus nos meses seguintes ao conflito. 

No entanto, críticas e manifestações contra decisões políticas do Estado de Israel e ações bélicas abusivas praticadas por ele são direitos civis garantidos, como liberdade de expressão. Entre outras situações, o verbete do Dicionário de Política cita explicitamente a “oposição à política israelense ou ao movimento sionista” como uma das situações que não podem ser consideradas como antissemitas.

Em entrevista ao Bereia, o professor de Teologia e doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) Wallace Góis reconhece que o próprio governo israelense em defesa de suas ações adota o discurso de “antissemitismo”, pelo mesmo motivo que a extrema direta anuncia uma “ameaça comunista”, como uma propagação de pânico.  

Ações de ONG sionista conservadora e campanhas diversas pro-Estado de Israel

Grupos sionistas e organizações pró-Israel atuam intensivamente nas mídias sociais, quer para impedir críticas, quer para promover uma boa imagem do governo israelense. Dentre essas organizações, uma das mais ativas é a organização internacional de promoção do Estado de Israel “Stand with Us”. A ONG se define como “uma instituição educacional sobre Israel sem fins lucrativos” que declara “ensinar pessoas de todas as idades sobre Israel e a combater o extremismo e o antissemitismo”.

Com sede em Los Angeles, a organização tem dezoito escritórios nos Estados Unidos, além de bases no Canadá, em Israel, no Reino Unido e, desde 2018, no Brasil. A instituição conta também com o Centro de Educação, emblemático, no coração de Jerusalém e hospeda programas na América Latina, África do Sul, China, Europa e Austrália.

As mídias sociais são espaço privilegiado para conteúdo promotor de apoio às políticas do Estado de Israel como sinônimos de simpatia com o povo judeu. Isto é reforçado pela apropriação de símbolos religiosos – uma tendência judaizante de parte dos evangélicos (o fenômeno denominado em pesquisas acadêmicas como “Sionismo Cristão”).

Há grupos evangélicos no Tik&Tok, no Telegram e no Facebook, programas de viagens para Israel , notícias de campanhas de oração, mobilizações diversas, combate ao que é classificado como terrorismo islâmico com base religiosa e campanhas comunicacionais. Na pesquisa do Bereia foram identificadas 854 hashtags, como, por exemplo, “#oremporisrael”, e o incentivo ao uso da bandeira israelense nos perfis das mídias sociais.

Bereia coletou, ao longo de um ano, 2.789 postagens diferentes, similares aos links já relatados a favor das ações bélicas contra a Palestina e pró-Israel. Nesta busca também foram encontrados conteúdos pró-Estado de Israel em mídias alinhadas à extrema direita, como a Gazeta do Povo e o portal Brasil Paralelo, o que referenda a tese de suporte e articulação de grupos ultraconservadores com o governo Netanyahu.

Em todos esses casos, há um apagamento da situação desumanizada em que se encontra a população palestina, especialmente a cristã, que é invisibilizada, para se fazer crer que palestinos são islâmicos violentos.

Uso do imaginário judaico pela direita fundamentalista brasileira

A negação das críticas à política de morte do Estado de Israel, com atribuição de “antissemitismo”, pode ser explicada por dois elementos: desconhecimento do processo de reconstituição do Estado de Israel, em 1948, e dos conflitos políticos em torno dele, e o fator ideológico-político do alinhamento ao sionismo conservador. 

O movimento sionista, denominado por inspiração do Monte Sião, em Jerusalém – a representatividade bíblica da terra prometida ao povo hebreu – surgiu ainda no fim do século 19. Uma das correntes ideológicas do movimento defendeu a criação de um Estado judaico na antiga Terra de Israel.

O Estado de Israel foi criado em 1948, por intermédio da Organização das Nações Unidas, após a aprovação da Resolução 181/1947. O documento sugeriu a divisão da Palestina em um Estado Árabe e um Estado Judeu. Os sionistas garantiram 55% do território palestino para 600 mil imigrantes judeus, enquanto os outros 45% foram destinados a 1,2 milhões de palestinos, por uma campanha que envolveu compra de terras e imigração ilegal fortalecida pela ideia de reparação da culpa pelo Holocausto.

O Reino Unido foi um facilitador na imigração judaica para a Palestina, por ter exercido controle sobre a região depois da Primeira Guerra Mundial. A enciclopédia Britannica indica que entre os anos finais do século 19 e os iniciais do século 20, a região vivia um “renascimento árabe geral”. Em 1914, a população da Palestina era de 690 mil habitantes, destes 535 mil eram muçulmanos, 70 mil cristãos, a maioria árabes e 85 mil judeus.

Quanto ao alinhamento ideológico, o professor Michel Gherman aponta, no artigo O Judeu imaginário no Bolsonarismo: Um Caso de Conversão e Desconversão e seus oponentes, publicado na plataforma Religião e Poder, do Instituto de Estudos da Religião (ISER), a importância das articulações de grupos conservadores com setores religiosos para o fortalecimento de pautas da extrema direita brasileira, e afirma: “A recuperação do vínculo com os judeus brasileiros é, na perspectiva dessa direita, um dos elementos determinadores de uma nova brasilidade, religiosa e conservadora; judaica e cristã”.

No texto, o historiador também apresenta o conceito de Judeu Imaginário. Segundo ele, seria a visão de Israel como um país branco, armado, capitalista e cristão. “A barreira necessária contra a invasão da esquerda, dos comunistas, da ‘ditadura gay’ ”, pontua Gherman.

Imagem: reprodução/X

O cientista social, mestre e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) Matheus Alexandre, em artigo para o jornal Le Monde Diplomatique Brasil, ressalta que “o Estado de Israel imaginado por essa direita evangélica é uma reconstrução imaginária do antigo Reino de Judá e, portanto, incongruente com o que, de fato, é Israel hoje”.

Alexandre destaca ainda que, especificamente após a liderança de Benjamin Netanyahu, a direita conservadora, principalmente a cristã com raízes pentecostais, se tornou apoiadora do Estado de Israel.

Em seu texto, o cientista social critica, sobretudo, a simplificação de temas complexos e polarizados, como a guerra entre Israel e o Hamas – Movimento de Resistência Islâmica -, no ambiente virtual, sem que haja espaço para a compreensão de nuances e diferentes posições que sejam capazes de considerar as vidas humanas em ambos os lados.

Política militar do governo de Israel

No início da resposta aos ataques de 7 de outubro, um dos principais objetivos de Netanyahu era a morte de líderes do Hamas. Após a execução do mentor dos ataques, no entanto, o primeiro-ministro reforçou que iria “continuar com toda a força” os ataques contra o grupo que é considerado terrorista por Israel,  União Europeia e mais três paises.

Desde outubro do ano passado, Israel matou aproximadamente 43,6 mil pessoas na região palestina da Faixa de Gaza. De acordo com um relatório produzido pelo Escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), quase 70% das vítimas são mulheres e crianças, o que indica um desrespeito sistemático aos princípios do Direito Humanitário Internacional. O relatório aponta, ainda, que 80% das mortes ocorreram em edifícios residenciais, hospitais e habitações semelhantes.

Mesmo em situações de guerra declarada, em que a violência é parte da realidade local, há regras a serem seguidas, para a proteção de civis. Porém, as ações militares perpetradas pelo Estado de Israel têm explicitado o desrespeito a tais regras.

Sem ter alcançado o resgate de todos reféns israelenses, a política de guerra contra a Palestina implementada por Netanyahu passou a ser, cada vez mais, parte de um cálculo que também tem como objetivo determinar o próprio futuro político e jurídico do primeiro-ministro.

Exemplo disso é a demissão, no último 5 de novembro, do ministro da Defesa Yoav Gallant, que passou a ser alvo de desconfiança por parte do chanceler israelense. Conforme informou a rede Al Jazeera, Benjamin Netanyahu, anunciou a decisão acompanhada da declaração de que desentendimentos entre o primeiro-ministro e o agora ex-ministro da Defesa foram conhecidos pelos inimigos e interferiram na gestão da ação bélica.

A notícia também traz à luz as divergências entre os objetivos de Netanyahu, de eliminar o grupo Hamas, e Gallant. No mesmo dia, o ex-ministro da Defesa declarou, em seu perfil no X, que a sua prioridade foi “a segurança do Estado de Israel”. Gallant já havia criticado a condução das ações militares e outros posicionamentos do primeiro-ministro israelense.

Necropolítica do Estado de Israel

A necropolítica pode ser entendida como o “uso do poder político e social, especialmente por parte do Estado, de forma a determinar quem pode permanecer vivo ou deve morrer”. A definição é da Academia Brasileira de Letras (ABL), baseada nas formulações do intelectual camaronês Achille Mbembe. A ABL ressalta que esta determinação de vida ou morte pelo Estado pode ser feita por ação, ou omissão.

No caso em questão, as ações militares que levaram à quase completa destruição da Faixa da Gaza – antes local de residência de cerca de 2,2 milhões de pessoas – podem ser creditadas à ação do Estado de Israel. Mesmo diante de seguidos apelos da comunidade internacional por tréguas na matança de civis implementada em nome da destruição do Hamas, as decisões do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apontaram, ao longo de mais de um ano, sempre na direção de mais violência.

O próprio Mbembe, no ensaio “Necropolítica”, em que explica as manifestações desta forma de exercer o poder, usa o exemplo da relação Israel-Palestina para explicitar o fenômeno. “A forma mais bem sucedida de necropoder é a ocupação colonial contemporânea da Palestina”, afirma. Em outro trecho, o autor diz que “a ocupação colonial contemporânea [da Palestina] é uma concatenação de vários poderes: disciplinar, biopolítico e necropolítico. A combinação dos três possibilita ao poder colonial dominação absoluta sobre os habitantes do território ocupado”.

No entanto, embora a destruição da Faixa de Gaza – que teve mais de 128 mil edifícios destruídos, entre residências  escolas, universidades e hospitais – e a morte de inocentes sejam noticiadas rotineiramente pela imprensa internacional, o olhar crítico sobre a postura de Israel continua a ser deliberadamente confundido com antissemitismo.

Ataques a templos religiosos também fazem vítimas cristãs 

No início da ação bélica de Israel, em outubro de 2023, 18 pessoas de uma comunidade cristã, abrigadas em um edifício da Igreja Ortodoxa Grega de São Porfírio, no norte da Faixa de Gaza, morreram após um ataque aéreo israelense. Durante o bombardeio de Gaza, hospitais evangélicos e escolas cristãs também foram atingidas.

Imagem: Igreja cristã ortodoxa de Gaza, atingida pelos bombardeios israelitas

Organizações cristãs internacionais como o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e o Vaticano têm se pronunciado contra o estado israelense. Além de denunciar publicamente, o CMI  produziu uma declaração conjunta (de protestantes, católicos e ortodoxos) condenando a escalada de violência por parte de Israel no Oriente Médio, atingindo igrejas, escolas e hospitais religiosos, bem como civis indiscriminadamente. O Vaticano também denunciou a destruição de santuários, escolas e unidades de saúde

No Brasil, 27 igrejas, organizações cristãs e  271 assinaturas lideranças de diferentes igrejas cristãs também se pronunciaram em condenação à ação militar israelense. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), também “rompeu o silêncio” denunciando a “guerra, que já ceifou a vida de 17 mil crianças, além de médicos, profissionais da ONU, estudantes e mulheres”.

Após um ano do início do atual conflito, os ataques bélicos de Israel se estenderam a um país vizinho, o Líbano. Segundo a Cruz Vermelha, um bombardeio matou 21 pessoas em uma vila de maioria cristã no norte do Líbano, em outubro desse ano, o setor cristão de Beirute também foi bombardeado. A Cruz Vermelha também enviou reforços para a equipe libanesa e emitiu comunicados sobre o Direito Humanitário Internacional, que vem sendo desrespeitado. Além da crise recente, no Líbano, desde maio de 2024, as organizações internacionais vêm denunciando as violações de direitos humanos ocorridas na faixa de Gaza

Em 21 de novembro de 2024, após aceitar denúncias de crimes de guerra, o Tribunal Penal Internacional (TPI),  de Haia (Holanda) emitiu mandado de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant. Também foram condenados, no mesmo tribunal, os comandantes do Hamas – Mohamed Deif, Ismail Haniyeh e Yahya Sinwar. O TPI decidiu que “cada um tem responsabilidade criminal como superiores civis pelo crime de guerra de dirigir intencionalmente um ataque contra uma população civil”. O estado israelense não reconhece nem a sentença, nem a jurisdição do tribunal. 

Benjamin Netanyahu se pronunciou e argumentou que a decisão do TPI é antissemita. O chanceler israelense comparou a condenação ao caso emblemático do judeu e capitão do exército francês Alfred Dreyfus, vítima de uma falsa acusação e um julgamento injusto em 1894. Para corroborar sua versão, Netanyahu responsabiliza “um juiz francês” ao correlacionar à história do século 19. Em sua defesa, o primeiro-ministro diz fazer de tudo para evitar mortes de civis e defende uma “guerra justa” contra o Hamas. A realidade pelas telas de TV, computadores e smartphones mostra outra postura.

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Bereia alerta leitores e leitoras para o engano de se classificar como “antissemitismo” manifestações críticas ao massacre da população palestina imposto pela ação bélica de Israel no Oriente Médio.

É preciso repudiar sempre preconceito, discriminação e ódio contra judeus, a cultura e a religião judaicas, o que, de fato, consiste em antissemitismo. Porém, é preciso garantir o direito à crítica respeitosa, justa e construtiva a qualquer injustiça cometida da parte de qualquer pessoa, grupo, autoridade, governo, ancorada em dados da realidade que a estimulam. 

Referências:

TikTok.

https://www.tiktok.com/@historiascretasdabiblia/video/7288348707668446470?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7438967406414562871 Acesso em: 25 nov 2024.

https://www.tiktok.com/@js_jesus7/video/7289065431971974406?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7438967406414562871 Acesso em: 25 nov 2024.

https://www.tiktok.com/@tododiacomdeus/video/7294756466664262918?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7438967406414562871 Acesso em: 25 nov 2024.

https://www.tiktok.com/@israelemportuguess/video/7283480925223144705?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7438967406414562871 Acesso em: 25 nov 2024.

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https://www.tiktok.com/@ildineicostaoficial/video/7419800094263774469?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7438967406414562871 Acesso em: 25 nov 2024.

Instituto Brasileiro de Direito e Religião. https://www.ibdr.org.br/publicacoes/2023/10/8/nota-de-repdio-aos-ataques-terroristas-do-hamas-ibdr-e-unigrejas Acesso em: 25 nov 2024.

Gazeta do Povo. https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/guilherme-de-carvalho/preconceito-esquerda-evangelicos-israel Acesso em: 25 nov 2024.

Coalizão pelo Evangelho. https://coalizaopeloevangelho.org/article/chamado-a-oracao-por-israel-e-pela-paz-no-oriente-medio/ Acesso em: 25 nov 2024.

Religião e Poder. https://religiaoepoder.org.br/artigo/sionismo-cristao/ Acesso em: 25 nov 2024.

BBC.

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United Nations. https://news.un.org/pt/story/2024/09/1837816 Acesso em: 25 nov 2024.

Enciclopédia do Holocausto. https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/introduction-to-the-holocaust Acesso em: 25 nov 2024.

Economic Cooperation Fundation. https://ecf.org.il/media_items/498

X. https://twitter.com/michel_gherman/status/1860696385311392126?t=lmgEHaCnTqHhCstGn2LWKg&s=19 Acesso em: 25 nov 2024.

USP. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2938561/mod_resource/content/1/BOBBIO. Dicion%C3%A1rio de pol%C3%ADtica..pdf Acesso em: 25 nov 2024.

Foto de capa: Free Malasya Today

“Narcopentecostalismo”? Imprensa propaga discurso enganoso ao associar pentecostalismo e tráfico de drogas

Notícias sobre igrejas católicas fechadas, a mando de grupos de traficantes na zona norte do Rio de Janeiro, circularam em veículos de imprensa, entre 6 e 8 de julho passado. Os templos fechados teriam sido os das paróquias de Santa Edwiges e de Santa Cecília, no bairro Brás de Pina, e o de Nossa Senhora da Conceição e Justino, no bairro Parada de Lucas.

De acordo com o que circulou na imprensa, a ordem de fechamento teria partido de Álvaro Malaquias Santa Rosa, narcotraficante conhecido como “Peixão”. Algumas mídias usam termos como “traficantes evangélicos” ou “narcopentecostalismo”, expressões criticadas por especialistas. Bereia checou o uso dos termos. 

Imagem: reprodução DCM

Notícia do fechamento de igrejas católicas 

Conforme divulgado, em 6 de julho, por veículos como o portal G1 e O Dia, três igrejas católicas, em bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro, teriam fechado as portas após ameaças do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”. Segundo as notícias, denúncias dos moradores indicam que homens armados foram até os templos para forçar o fechamento, e que atividades religiosas foram, de fato, canceladas. 

Além disso, os jornais divulgaram que publicações, que avisavam sobre o fechamento e a suspensão de algumas atividades, foram feitas pela Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São Justino, em Parada de Lucas, pela Paróquia Santa Edwiges e pela Paróquia Santa Cecília, ambas em Brás de Pina, e excluídas posteriormente. Após consulta nos perfis de redes digitais das paróquias, Bereia não encontrou as imagens divulgadas. Alguns sites, porém, dizem que as postagens foram tiradas do ar. 

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, em nota, informou que as igrejas estavam abertas e com a segurança reforçada pela Polícia Militar. Já a Arquidiocese Católica do Rio afirmou que os templos permaneciam abertos, conforme publicado pelos portais de notícia. O jornal O Globo também noticiou que a Polícia Civil investiga se o fechamento das igrejas foi decorrente de uma ordem do chefe do tráfico.

Imagem: reprodução O Globo

Propagação de discurso enganoso

O jornal DCM, publicou, ainda, em 6 de julho, uma notícia sobre o caso com o título: “Traficante evangélico força fechamento de igrejas católicas no RJ, diz irmandade”. O texto afirma que a denúncia partiu da irmandade das paróquias afetadas, e que a Arquidiocese do Rio informou que as igrejas se mantiveram abertas, apesar das restrições impostas. A matéria registrou também que a facção criminosa comandada por Peixão “opera sob fundamentos evangélicos”.    

Já o portal Metrópoles, apresentou Peixão como chefão do tráfico e evangélico, em texto publicado em 7 de julho. O site de notícias também publicou a nota enviada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro sobre o caso, e destacou que o órgão ressaltou que a “informação surgiu de boatos em redes sociais”. 

Imagem: reprodução Metrópoles

Com o destaque “Traficantes Evangélicos”, a Revista Fórum usou o título “‘Narcopentecostalismo’: Católicos são ameaçados no Complexo de Israel” para propagar o caso, afirmou que “bandidos são adeptos de uma seita pentecostal”, e se referiu a “Peixão” como “narco-pastor”. O texto publicado, em 8 de julho, também traz a opinião de pesquisadores da religião e destaca, entre outros aspectos, o alerta para o uso sensacionalista e incorreto do termo “narcopentecostalismo”, escolhido pelo veículo para o título.  

Imagem: reprodução Fórum

Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão” 

De acordo com a cientista da religião Viviane Costa, autora do livro “Traficantes Evangélicos: quem são e a quem servem os novos bandidos de Deus” (Ed. Thomas Nelson, 2023), o apelido do chefe do tráfico em questão, “Peixão”, refere-se ao símbolo do Cristianismo do primeiro século, um peixe. Ela explica que o que se sabe sobre Álvaro Malaquias Santa Rosa é o que se vê na mídia, com base em denúncias divulgadas pela polícia e o que circula na própria comunidade onde Santa Rosa cresceu e lidera o tráfico de drogas. Para Costa, “Peixão” é um homem inteligente e estrategista.

Em entrevista à Ponte Jornalismo, em 2023, a pesquisadora afirmou que Álvaro Malaquias “é um homem devoto, que tem uma prática constante de recorrer a Deus pedindo direcionamento para estratégias de guerra, proteção em casos de confronto, que recebe profecias de vitória e as torna pública, que faz orações para que haja segurança nos espaços e que recebe de Deus direcionamentos para avançar, para recuar e para a administração da própria comunidade”.

Imagem: g1

Viviane Costa esclareceu que, segundo informações da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Álvaro Malaquias é um pastor ordenado numa igreja pentecostal em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e à época fazia parte de uma igreja pentecostal em Parada de Lucas, uma das favelas do Complexo de Israel.

Sobre o Complexo de Israel, Costa explica que Álvaro Malaquias “se identifica como evangélico e estrutura as práticas, as dinâmicas, as estratégias, a ética, a estética, a partir dessa experiência religiosa com características de novos movimentos pentecostais”. A pesquisadora  aponta que “Peixão” acredita que Deus o direcionou para livrar a Cidade Alta do Comando Vermelho, facção rival a sua. 

O Complexo de Israel e a Tropa de Arão

O conjunto de cinco comunidades na Zona Norte do Rio de Janeiro, dominado pela facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), a partir de 2020, durante a pandemia de covid-19, foi denominado Complexo de Israel pelo próprio “Peixão”. A última expansão territorial da facção havia sido em 2016, para incluir a comunidade Cidade Alta. As cinco comunidades que compõem o complexo atualmente são, Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas. 

Imagem: g1

Conforme apresentado pela BBC News Brasil, em 2023, a estrela de Davi pode ser encontrada em muros ou bandeiras, nas entradas das comunidades. Na Cidade Alta, o símbolo judaico fica iluminado sobre uma caixa d’água. Outra associação a passagens bíblicas do Antigo Testamento, é a nomenclatura dada ao grupo liderado por Santa Rosa, Tropa de Arão. Arão foi o primeiro líder dos sacerdotes hebreus e irmão de Moisés. 

Imagem: g1

A reportagem da BBC News Brasil aborda, no entanto, que se baseia em estudos da pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Christina Vital para dizer que as “ligações entre o tráfico e o pentecostalismo” existem há quase três décadas. O texto ressalta que a influência de outras religiões sobre organizações criminosas já existiu em outros períodos, portanto, não é exclusividade de evangélicos. Já em relação ao tráfico de drogas com as favelas do Rio de Janeiro, é fato antigo. 

Visão de especialistas sobre os termos adotados pela imprensa

A doutora em Ciências Sociais e pioneira no estudo sobre a relação entre lideranças do tráfico de drogas e igrejas evangélicas nas periferias do Rio de Janeiro Christina Vital afirmou, em entrevista ao Bereia, que não existem dados que comprovem a existência de narcopentecostalismo ou narcorreligião no Brasil hoje. “Vemos pessoas que estão no crime e se aproximam de religiões, não só evangélicas, mas com isso não podemos dizer que há uma teologia criminal específica, que haja uma igreja de traficantes, para traficantes, propagando valores criminosos, violentos e o uso de drogas  à luz da Bíblia ou de qualquer livro sagrado”, explica.

Quanto ao uso dos termos, Vital foi enfática ao alertar para a desinformação carregada por eles. “Estes termos atendem mais a um anseio sensacionalista de uma mídia e de pesquisadores mal-intencionados ou não tão bem informados”, pontua. 

Da mesma forma, em artigo intitulado “Há de fato um ‘narcopentecostalismo’ e ‘traficantes evangélicos’?”, o doutor em sociologia Diogo Corrêa aponta que com o surgimento do Complexo de Israel, a relação entre crime e religião evangélica-pentecostal alcançou uma “nova ‘onda’ de visibilidade”, e com isso os termos têm sido usados pela imprensa para definir o fenômeno. 

No entanto, Corrêa apresenta elementos baseados em sua pesquisa etnográfica na Cidade de Deus (zona oeste do Rio), que resultou no livro “Anjos de fuzil: uma etnografia das relações entre pentecostalismo e vida do crime na favela Cidade de Deus”, que o fazem discordar do uso dos termos “narcopentecostalismo” e “traficantes evangélicos”.

Corrêa explica que se trata de um fenômeno de transformação mútua, no pentecostalismo e no tráfico de drogas, que não significou uma fusão entre ambos, e que tal fenômeno teria produzido uma complexa relação entre coabitação e alternância.  Segundo o autor, moradores, traficantes e crentes são capazes de diferenciar o que é um traficante e o que é um crente.

“Categorias como “traficante evangélico”, “narcopentecostalismo” ou “narcoreligião” não são somente incorretas, como caem no problema ético de sugerir que tráfico e religião ou pentecostalismo se fundiram, tornando-se uma coisa só. “[Estes termos] não descrevem de forma adequada a experiência dos próprios evangélicos – e nem dos traficantes aderentes à cultura pentecostal -, além de incorrerem no risco de sugerir, de forma equivocada, a existência de uma espécie de religião do e para o crime”, indica.  

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Bereia  classifica o uso dos termos “narcopentecostalismo”, “narcopastor” e “traficantes evangélicos”, por veículos de imprensa, como ENGANOSO.  Pesquisadores, com diferentes abordagens sobre a dinâmica das comunidades com a presença de igrejas evangélicas e tráfico de drogas, indicam que há uma coabitação entre estes dois grupos, e que ambos os universos, do pentecostalismo e do tráfico de drogas, sofreram alterações culturais em decorrência do contexto em que coexistem. 

Não há dados empíricos que comprovem a existência de uma religião fundamentada na ação criminosa ou de ações criminosas fundamentadas em ensinamentos religiosos, de maneira a conceber uma nova crença ou doutrina que consolide ambos os universos em um. 

O que é possível comprovar, é a existência de líderes do tráfico de drogas que se identificam como evangélicos, assim como de igrejas nas favelas que se adaptam para existir por conta da dinâmica do tráfico. Portanto, o uso da expressão “narcopentecostalismo”, e outros termos derivados, é incorreto, carregado de sensacionalismo e produz desinformação, pelo teor distorcido que instiga julgamentos negativos sobre um grupo religioso. Neste caso, é o segmento cristão evangélico, em frequente protagonismo na cena pública, que se torna alvo de desinformação, elaborada sob tratamento generalizado (“pentecostais”, “evangélicos”), elementos que alimentam intolerância. 

Referências da checagem:

O Dia https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2024/07/6877579-trafico-ordena-fechamento-de-igrejas-catolicas-no-complexo-de-israel-aponta-denuncia.html Acesso em: 11 jul 2024

g1

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/07/06/igrejas-catolicas-fecham-as-portas-no-complexo-de-israel.ghtml Acesso em: 11 jul 2024

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/08/14/policia-investiga-acao-do-bonde-de-jesus-contra-terreiros-de-religioes-de-matriz-africana-no-rj.ghtml Acesso em: 11 jul 2024

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/07/24/traficantes-usam-pandemia-para-criar-novo-complexo-de-favelas-no-rio-deixam-rastro-de-desaparecidos-e-tentam-impor-religiao.ghtml Acesso em: 12 jul 2024

O Globo

https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/07/06/policia-civil-investiga-se-traficante-ordenou-fechamento-de-igrejas-catolicas-em-bras-de-pina-na-zona-norte.ghtml Acesso em: 11 jul 2024

https://oglobo.globo.com/rio/policiais-civis-sao-presos-acusados-de-extorsao-7063003 Acesso em: 15 jul 2024

RBA

https://www.33rba.abant.org.br/trabalho/view?ID_TRABALHO=1597#:~:text=De%20acordo%20com%20a%20narrativa,em%20parceria%20com%20grupos%20milicianos Acesso em: 12 jul 2024

Instagram

https://www.instagram.com/conceicaodelucas/ Acesso em: 13 jul 2024

https://www.instagram.com/p/C50nPcUuTDL/?img_index=1 Acesso em: 13 jul 2024

EXTRA https://extra.globo.com/casos-de-policia/policia-civil-publica-mudancas-no-comando-de-delegacias-em-todo-rio-23345258.html Acesso em: 14 jul 2024

O São Gonçalo https://www.osaogoncalo.com.br/seguranca-publica/139820/mais-uma-danca-das-cadeiras-na-policia-civil Acesso em: 14 jul 2024

UOL https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/07/10/quem-e-peixao.htm#:~:text=%C3%81lvaro%20Malaquias%20Santa%20Rosa%2C%20conhecido%20como%20Peix%C3%A3o%20ou%20Alvinho%2C%20%C3%A9,Vig%C3%A1rio%20Geral%20e%20Cidade%20Alta Acesso em: 14 jul 2024

Ponte Jornalismo https://ponte.org/religiao-nunca-esteve-ausente-do-mundo-do-crime-diz-autora-de-traficantes-evangelicos/ Acesso em 14 jul 2024

BBC News Brasil https://www.bbc.com/portuguese/brasil-66097127 Acesso em: 14 jul 2024

Congresso em Foco https://congressoemfoco.uol.com.br/area/pais/ha-de-fato-um-narcopentecostalismo-e-traficantes-evangelicos/amp/ Acesso em: 14 jul 2024

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Foto de capa: Divulgação