Desinformação sobre elefante que matou idosa e teria destruído sua casa viraliza em espaços digitais religiosos

Voltaram a circular em mídias sociais do meio religioso  notícias, vídeos e fotos sobre a morte de Maya Murmu, 68, que foi pisoteada e morta por um elefante no último dia 9 de junho. O caso ocorreu na Índia e, segundo jornais locais, o animal teria ainda invadido o velório da idosa, pisoteando-a pela segunda vez. Logo após a invasão, uma manada de elefantes atacou a vila na qual a vítima morava, destruindo a casa de Murmu e matando sua criação de cabras.

Imagem: reprodução Portal do Trono

A vingança dos elefantes?

De acordo com o jornal Times of India, tudo se passou na vila de Raipal, localizada no estado indiano de Odisha. Supostamente, o elefante teria fugido do santuário de vida selvagem de Dalma, a 200 quilômetros do ocorrido. 

Moradores da vila relataram que o elefante selvagem atacou Maya Murmu enquanto ela pegava água. O animal teria invadido uma área povoada e pisoteado a idosa, que faleceu a caminho do hospital. Depois, ele retornou à comunidade com sua manada e destruiu três casas, dentre elas a residência de Murmu, que também teve o velório interrompido pelo animal. Ele retirou o corpo de Murmu da pira funerária — uma estrutura de madeira onde os mortos são queimados em cerimônias, geralmente hinduístas — e o pisoteou novamente.

O caso não é isolado na região. Odisha é uma área abundante em minerais usados para construção civil e a exploração é feita utilizando força animal, dentre eles, os elefantes. Nos últimos 20 anos, 1.356 elefantes foram explorados e mortos na região, segundo autoridades locais. Para a  jornalista e presidente fundadora da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA) Silvana Andrade, consultada pelo Bereia, é comum na Índia que elefantes sejam explorados como força de trabalho em setores como a construção civil, turismo, indústria e mineração: “eles são submetidos a trabalhos terríveis e pesados, inclusive, como você faz um elefante puxar toneladas? Eles pegam um bebê elefante e o colocam na frente, e a mãe dele vai andando e puxando a carga para tentar alcançar seu bebê, levando com ela cargas pesadíssimas”.

O elefante responsável pelo ataque não foi identificado como pertencente à reserva animal, ou mesmo a qualquer habitante da região. A trajetória percorrida por ele até chegar ao vilarejo é desconhecida e ainda não há investigação sobre quando e como uma manada de elefantes atravessou mais de 200 km sem ser vista. 

A jornalista e defensora dos direitos dos animais destaca, ainda, que o vídeo divulgado não mostra nenhum indício de que a destruição das casas, mencionada por diversos portais de notícias, tenha realmente sido causada por uma manada de elefantes. No vídeo, é possível ver apenas um senhor pegando pedaços de escombros, sem nenhuma contextualização ou cena que leve a crer que tal destruição fora provocada por um elefante ou mesmo uma manada.

O apreço ao exótico no jornalismo 

As circunstâncias da morte da idosa ganharam destaque e a notícia repercutiu não só na mídia local, como também, e principalmente, no noticiário de diversos países, incluindo o Brasil. Aquilo que nos é estranho, exótico, não só atrai a atenção, como atende a certos critérios criados pelo jornalismo ocidental do que pode ou não ser notícia. 

Para compreender se algum acontecimento é noticiável é preciso que o acontecido siga critérios de noticiabilidade. Para a pesquisadora e professora universitária Gislene Silva, os “valores notícia” são criações culturais, que variam de acordo com a cultura local, mas tendem a seguir um modelo universal pré estabelecido como: acontecimentos inusitados, acontecimentos locais, celebridades, mortes, curiosidades, dentre outros. Assim, o acontecimento “estranho”, chama a atenção e se torna notícia, e, ao tornar-se notícia o fator estranho é acentuado, e os demais atenuados. 

O acontecimento se torna notícia se ele possuir potencialidade de chamar a atenção e atrair o público. Outra problemática presente em notícias como essa é a exotização de culturas. Para o antropólogo e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Jocélio Teles dos Santos, é comum que países do sul globals, como Brasil e Índia, sejam abordados não por suas culturas em seus termos, mas por aquilo que se convencionou chamar de “exótico”, por uma visão externa e objetificante de histórias, feitos e acontecimentos que levem a questionar a racionalidade, os valores e as culturas dos povos nativos, tidos como folclóricos e próximo a uma linha de selvageria. 

De todo modo, o que convém ressaltar é o privilégio que a cultura assume nessas interpretações  e  o  desenvolvimento  de  argumentações marcantes  que  atravessam  o século  XX.  Se  as  culturas  deixaram  de  ser  primitivas,  bárbaras,  exacerbadamente exóticas,  adentramos,  passo  a  passo,  em  discursos  sobre  a  ótica  das  culturas.    Se  no exotismo  da  cultura  do  “outro”,  as  narrativas  de  filósofos,  viajantes,  literatos,  da imprensa  no  século  XIX,  continham  um  desejo  nem  sempre manifesto,  no  final  da primeira metade do século XX, e até as últimas décadas desse mesmo século, o desejo é mais  que  manifesto,  pois  ele  vira  um  fetiche,  posto  que  a  cultura  assim  o  torna.    Uma reificação cada vez mais se apresenta no conceito de cultura. [p. 259]

O exótico é sempre algo fora de nossa realidade, algo que não veríamos e que nos chama a atenção por seu ineditismo ou por ser estranho ao nosso meio. O valor atribuído ao que acontece na vida cotidiana das pessoas se torna sujeito aos valores externos. A morte de uma idosa se torna parte de uma narrativa onde o exótico e o entretenimento se exaltam sob uma narrativa sensacionalista, sem levar em consideração feitos e acontecimentos internos que levaram ao caso. 

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Bereia classifica a notícia como imprecisa, uma vez que não é possível aferir a veracidade dos relatos. Há uma tendência à exotização somada à descontextualização e ao sensacionalismo das informações, transformando-as em narrativas superficiais de forte poder de entretenimento, capazes de repercutir e chamar a atenção, sem que haja um sério levantamento ou compromisso com a checagem dos fatos. 

Referências de checagem:

R7 .https://noticias.r7.com/hora-7/odio-animal-elefante-mata-idosa-comparece-ao-funeral-e-pisoteia-o-cadaver-dela-14062022  Acesso em: 23 de jun 2022

Correio Braziliense. https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2022/06/5015485-elefante-mata-idosa-de-70-anos-e-volta-no-funeral-para-pisotea-la.html Acesso em: 23 de jun 2022

PUC Minas.

http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoshistoria/article/view/12182/9571 Acesso em: 23 de jun 2022

https://periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/2091   Acesso em: 28 de jun 2022

OpIndia. https://www.opindia.com/2022/06/elephants-revenge-act-tusker-kills-woman-returns-after-hours-to-trample-her-corpse-destroys-her-house/ acesso em: 25 de jun 2022

Times of India. https://timesofindia.indiatimes.com/city/bhubaneswar/elephant-tramples-woman-to-death-in-mayurbhanj-district-attacks-villagers-again-before-funeral/articleshow/92193738.cms Acesso em: 25 de jun 2022

Twitter.
https://twitter.com/TOIBhubaneswar/status/1536557828156329985?cxt=HHwWgsDUwYTN-dIqAAAA Acesso em: 25 de jun 2022

Foto de capa: reprodução da internet

Postagem usa vídeo de 2018 para afirmar que idosa morreu após tomar vacina

* Investigado por Luciana Petersen, do Coletivo Bereia, em parceria com Estadão e Marco Zero Conteúdo. Verificado por Jornal do Commercio, Band News FM e Rádio Noroeste. Publicado originalmente no Comprova.

É enganoso um vídeo publicado no Facebook que sugere que uma idosa morreu após ser vacinada contra a covid-19. A postagem usa somente um trecho de uma reportagem, veiculada na TV Record em 2018, com a legenda “mulher morre imediatamente depois da vacina”. A matéria trata da morte de uma mulher de 71 anos por infarto, após a vacinação contra a gripe Influenza A (H1N1), naquele mesmo ano (e antes do surgimento da covid-19), na cidade de Goiânia (GO).

O vídeo que viralizou nesta semana corta propositalmente os trechos em que as palavras “gripe” e “H1N1” são mencionadas.

A matéria original foi veiculada em 18 de abril de 2018, e em determinado momento da reportagem, a então coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, Grécia Pessoni, ressalta que o laudo de óbito não indica relação entre a morte da idosa e a vacina contra a gripe. “A suspeita é de um infarto agudo do miocárdio”, disse à equipe de TV. Em outra reportagem, um membro da família também descarta a correlação.

Como verificamos?

Analisando o vídeo, notamos que as pessoas não utilizam máscara na rua nem no posto de saúde, dando a impressão de que se trata de um material antigo. Para verificar a data do vídeo, o Comprova foi atrás do conteúdo original e de outras notícias que tratassem sobre o mesmo caso.

Algumas informações disponíveis no vídeo são o sobrenome da vítima, “Batista da Silva”, narrado pelo jornalista no começo do vídeo, e o bairro “Ville de France”, que também aparece na placa do posto de saúde.

Ao buscar no Google os termos “batista da silva ville de france”, o Comprova encontrou uma notícia do Jornal Opção de 19 de abril de 2018 como quinto resultado.

Na notícia, conseguimos mais informações sobre o caso, como o nome completo, “Maria Batista da Silva”, a data e a informação de que o óbito teria ocorrido após a vacinação contra H1N1.

Outra informação disponível no vídeo é a tarja animada da matéria, em azul na parte inferior do vídeo: “Outra mulher morreu depois de tomar vacina”. Procurando pela frase no YouTube, o primeiro resultado é o vídeo completo no canal da Record TV Goiás.

Vídeo editado

Nota-se que o vídeo original tem 4:40 minutos de duração, e o que viralizou, 2:47 minutos. Comparando as duas versões, notamos que o vídeo foi editado para excluir referências à vacina contra H1N1 e informações sobre o laudo de óbito de Maria Batista da Silva, que indica morte por infarto.

O Comprova ainda entrou em contato com a autora da postagem por meio do Messenger do Facebook, mas não obteve retorno.

O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 4 de fevereiro de 2020.

Verificação

A reportagem original foi exibida pela Record TV Goiás em 18 de abril de 2018, e está disponível no canal da emissora no YouTube. A matéria trata da morte de Maria Batista da Silva, aos 71 anos, por infarto, após a vacinação contra a gripe Influenza A (H1N1), em 2018. Não há, portanto, relação com a vacina contra o coronavírus, como tenta indicar o vídeo que viraliza no Facebook.

Em reportagem do jornal O Popular, de 20 de abril de 2018, o filho de Maria Batista da Silva, Paulo Henrique da Silva, afirmou que não associava a morte da mãe ao fato dela ter tomado o imunizante. Segundo ele, a mãe se vacinava todos os anos e não apresentava reações. “A vacina é de extrema importância”, afirmou na época.

No vídeo completo da TV Record, a então coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, Grécia Pessoni, ressalta que o laudo do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) não indica relação entre a morte de Maria Batista da Silva e a vacina contra a gripe. “A suspeita é de um infarto agudo do miocárdio”, disse.

Por que investigamos?

Em sua terceira fase, o Comprova investiga conteúdos duvidosos relacionados às políticas públicas do governo federal e à pandemia do novo coronavírus. É importante investigar conteúdos duvidosos sobre vacinação e pandemia, pois é justamente o trabalho da ciência que garante a erradicação de doenças e a preservação da vida.

Compartilhamentos como este visam desacreditar a vacinação ao redor do mundo, colocando em xeque a eficácia das vacinas, cientificamente comprovadas no caso de Moderna, Pfizer/BioNTech, AstraZeneca/Oxford e CoronaVac. Até o fechamento da publicação, a conta que publicou o vídeo fora de contexto teve mais de 43 mil compartilhamentos de uma única postagem.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações.

A trágica história por trás do vídeo ‘fake’ de idosa brasileira com covid-19 que se espalhou pelo mundo

Publicado originalmente pela BBC News Brasil por Vinicius Lemos, em 15/05/2020*

O vídeo é angustiante: uma idosa deitada sobre uma maca de hospital respira com dificuldades. Ela usa máscara e não tem nenhum tipo de aparelho de ventilação mecânica para auxiliá-la. A mulher está dentro de um saco plástico, o mesmo utilizado para carregar corpos de pessoas mortas.

FOTO: PEDRO GUERREIRO/AGÊNCIA PARÁ

Desde a semana passada, a gravação viralizou. Inúmeros compartilhamentos do vídeo afirmam que se trata do caso de uma paciente idosa encaminhada ao necrotério. Segundo esses textos, que não possuem autoria clara, ela seria enterrada viva para inflar os números de covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, no país.

A cena da idosa ofegante em uma maca tem se espalhado pelo mundo. Também fora do Brasil, o vídeo é acompanhado pela afirmação de que a paciente foi levada viva ao necrotério e foi resgatada pela própria família, que teria invadido o local.

A gravação tem sido compartilhada em outros países para ilustrar a situação do Brasil, que enfrenta o crescimento exponencial de casos e tem subido na lista de regiões do mundo com mais registros de covid-19 — os números atuais, divulgados n quinta-feira (14), mostram que o país tem mais de 202 mil casos confirmados e 14 mil mortes.

Algumas publicações dizem que o vídeo da idosa na maca foi gravado em Belém (PA). Outras, porém, afirmam que a filmagem é em um hospital de Manaus (AM), uma das primeiras regiões brasileiras a enfrentar colapso no sistema de saúde em razão da pandemia do coronavírus.

Em razão das polêmicas, o governo do Pará emitiu uma nota para informar que o vídeo foi gravado no distrito de Icoaraci, em Belém. As autoridades locais negam que a mulher estivesse em um necrotério. “Em nenhum momento a paciente foi encaminhada para o necrotério enquanto viva“, diz comunicado da Secretaria Estadual de Saúde do Pará. A divulgação do vídeo se tornou alvo de investigação policial.

As publicações que afirmam que a mulher foi encaminhada com vida para um necrotério são fake news. Elas têm viés negacionista em relação ao novo coronavírus, assim como outras notícias falsas que têm sido usadas para impor a ideia de que os números referentes à covid-19 no Brasil são inflados por autoridades — como histórias mentirosas sobre caixões enterrados vazios ou com pedras.

À espera de atendimento

As imagens da idosa, que não teve a identidade divulgada, foram feitas enquanto ela estava no setor de observação do Hospital Abelardo Santos. Conforme comunicado do Governo do Pará, a mulher esperava por um leito na unidade de saúde, que é referência no combate ao novo coronavírus no Estado.

O Pará tem registrado crescimento exponencial em casos do novo coronavírus. Até a quinta-feira (14) eram mais de 10,8 mil casos e 1.063 mortes. É o sexto Estado com mais casos e mortes no país.

Diante do aumento de registros no Estado, o Hospital Abelardo Santos, que até então era destinado a procedimentos de alta complexidade, passou a atender somente pacientes com o novo coronavírus. Profissionais da unidade relatam que o volume de pacientes se tornou muito grande desde então.

Dias antes do vídeo da idosa deitada na maca viralizar nas redes, um outro caso na mesma unidade de saúde repercutiu em todo o país: uma família abriu o caixão da parente que teria morrido e descobriu que o corpo era de outra pessoa. Mesmo com certidão de óbito, os familiares descobriram que a idosa, de 68 anos, permanecia viva no hospital Abelardo Santos, com suspeita de ter contraído o novo coronavírus. A mulher segue internada.

. FOTO: Reprodução

O caso da família que descobriu que enterraria um corpo desconhecido foi considerado um exemplo do colapso na saúde pública no Pará. A Secretaria de Saúde do Estado classificou a situação como uma consequência da falta de estrutura, em meio ao crescimento no número de doentes e mortos pelo novo coronavírus.

Diretor técnico do Hospital Abelardo Santos, o neurocirurgião Milton Bonny afirma à BBC News Brasil que a unidade de saúde enfrenta um grave problema de superlotação. “O Pará inteiro vem pra cá. No ambulatório é uma média de 1,2 mil pessoas. Era uma unidade de alta complexidade e, de repente, abriu para toda a população” diz.

Em meio à lotação do hospital, a idosa que aparece no vídeo que viralizou nas redes sociais estava à espera de um leito na sala vermelha da unidade de saúde.

Ela era uma paciente antiga da unidade de saúde, segundo Bonny. O neurocirurgião detalha que a idosa havia sido internada no local outras vezes, antes da pandemia. Ele conta que, em uma das internações, ela teve de amputar uma perna, em razão da diabetes.

Segundo a Direção da Santa Casa de Pacaembu, Organização Social em Saúde (OS) responsável pelo Abelardo Santos, a idosa deu entrada na unidade na noite de 4 de maio, em estado gravíssimo. Ela apresentava quadro de intensa falta de ar e fraqueza. A direção afirma que a paciente “recebeu assistência médica adequada pela equipe de plantão” logo que chegou.

O quadro dela foi considerado suspeito do novo coronavírus, em razão dos problemas respiratórios e do comprometimento nos pulmões, apontado por meio de tomografia. Os profissionais de saúde fizeram o teste RT-PCR, para identificar se ela havia sido infectada pelo vírus — o resultado ainda não ficou pronto. “Os exames são encaminhados para o Laboratório Central do Estado e têm demorado para chegar, pois são muitos casos“, diz Bonny.

Ao longo do dia 5 de maio, de acordo com a direção do hospital, o quadro de saúde da idosa se agravou enquanto aguardava internação. À espera de um leito, ela respirava com dificuldades, sem ventilação mecânica.

Segundo o diretor técnico do hospital, muitos pacientes precisam esperar por um leito na unidade de saúde, em razão da grande demanda no local.

Enquanto aguardava, foi colocada na maca, dentro de um saco que também é utilizado para levar cadáveres. “É um saco que pode ser usado para várias coisas e estava ali forrando a maca“, argumenta Bonny. O diretor justifica que o aparato iria ajudar a carregar a idosa para uma outra maca, em razão da fragilidade do estado de saúde dela.

FOTO: Reprodução

É uma prática comum em hospitais, ainda mais (em) épocas de pandemia ou epidemia, que mudam os nossos conceitos e precisamos fazer adaptações“, diz o diretor. Ele afirma que, em razão da grande demanda, são necessárias algumas alternativas mais rápidas no atendimento aos pacientes, como o uso do saco para a transferência entre macas — comumente, o procedimento é feito com um lençol.

A direção do hospital não informou por quanto tempo a idosa ficou sem respiradores, à espera de um leito. A nota emitida pela Organização Social em Saúde diz que a idosa, posteriormente, foi avaliada por dois médicos e encaminhada para a sala vermelha, que atende pacientes graves. Depois, não resistiu e morreu.

O vídeo

Após a morte da idosa, a direção do hospital foi informada sobre o vídeo que mostra a paciente à espera de atendimento. Para apurar os responsáveis pelo vazamento das imagens, o caso foi denunciado à polícia.

No entanto, posteriormente, segundo Bonny, uma filha, que acompanhava a idosa no hospital, disse ter sido a responsável pela filmagem.

Ela contou que mandou aquele vídeo para o irmão ver como a mãe estava e não sabe como a gravação vazou para outros grupos de WhatsApp“, diz o diretor. Segundo ele, os familiares da paciente não sabem como surgiu a fake news de que ela foi levada viva para o necrotério. A reportagem não conseguiu contato com os parentes da idosa.


FOTO: Reprodução

O diretor lamenta as notícias falsas que circularam no Brasil e em outros países. “Isso confundiu a população. Essa situação é muito chata“, comenta.

Em nota, representantes da OS que administra o Hospital Abelardo Santos lamentaram “a má utilização da imagem da paciente por pessoas que não respeitaram a dor da família“. A direção da unidade classificou a divulgação do vídeo como “uma atitude antiética, desumana e passível de punição penal”.

A Polícia Civil do Pará abriu inquérito para apurar o vazamento do vídeo e também para investigar os responsáveis pela fake news que afirma que a idosa foi levada viva para o necrotério. Os familiares dela e os profissionais de saúde envolvidos no atendimento à paciente devem ser ouvidos nos próximos dias.