Nada será como antes: os desafios da era digital a uma pastoral libertadora

*Artigo publicado originalmente pelo Instituto Humanitas da Unisinos

A era digital – um tempo revolucionário marcado por realizações tecnológicas que, há poucas décadas, eram imagináveis apenas em desenhos animados, como o dos Jetsons, e em filmes de ficção – transformou não só a nossa capacidade de comunicar e de acessar informação.

Este tempo transformou muito fortemente os relacionamentos, o transporte, a medicina, a economia, o trabalho, o lazer, o consumo, a política, as religiões, a educação! Cada vez mais é preciso assumir a consciência de que nada será como antes depois da era digital!

Tivemos a comprovação do que é possível com estas tecnologias digitais no período da pandemia da covid-19, agora vivemos um tempo de euforia e perplexidade diante das novas modalidades de inteligência artificial (IA).

Nada será como antes! Isto significa buscar capacidade, condições de viver estas transformações sem abdicar de elementos fundamentais que formam os valores cristãos, para a coexistência humana e para a sobrevivência também.

Se não podemos negar a contribuição da cultura digital na agilização e na facilitação de várias frentes da cotidiana, ao mesmo tempo, temos densas dimensões críticas do ponto de vista social. Entre elas está a intensa redução dos postos de trabalho que são ocupados por máquinas, gerando alta no desemprego e consequências graves, e o fenômeno da “uberização” – o trabalho por aplicativos explorado ao máximo. Também, o aumento das desigualdades sociais, a partir da distinção entre as pessoas mais e menos qualificadas tecnologicamente, e a fixação das pessoas nas telas com o tempo livre sendo preenchido com conteúdo informativo, de trabalho, de entretenimento.

A concorrência de mercado pelo controle das mídias digitais e para extrair delas mais estímulos para o consumismo, coloca a privacidade em questão. É a algoritmização da relação empresas digitais-usuários, com amplo uso dos nossos dados pessoais – registros, fotos. E isto mexe com um fenômeno que é a sobrecarga de escolhas – nunca fomos submetidos a um cardápio tão grande de opções: de informação, de entretenimento, de serviços. Gasta-se um tempo considerável diante da tela escolhendo – um clique leva a outro, mas ao mesmo tempo temos a demanda da rapidez. Isto mexe com o processo cognitivo e gera incômodos, especialmente para quem não tem recursos financeiros para dar um clique rápido.

É fato que o digital aproximou pessoas e contribuiu com a superação de isolamentos sociais. Porém, ele provocou distanciamentos e novos isolamentos com o fortalecimento da aproximação entre iguais e rejeição dos diferentes – a ideia de bolhas digitais. Resultado disto é o aumento de expressões de violência, com o uso das tecnologias para atacar, ofender, agredir, caluniar, ameaçar. Algumas pessoas se expõem e outras fazem uso de perfis anônimos.

A facilidade do acesso às plataformas digitais se tornou livre acesso para articulações extremistas, em torno do ódio: desde disputas pessoais, grupais, linchamentos públicos, até mesmo grupos nazistas estão ganhando força no país!

A agressividade também se manifesta de outras formas: os cancelamentos. Em questão de minutos, a partir de uma divergência, uma discordância, um desafeto, alguém pode ser exposto negativamente e ser submetido ou submetido a um boicote virtual. Isto é uma punição e pode levar a pessoa julgada ao esquecimento social, ao isolamento forçado. Essa cultura tem provocado impactos significativos, como expressivo número de casos de suicídio.

Isto acontece no Brasil em diversos níveis, sob a capa de “liberdade de expressão”, a ponto de emergirem personalidades do cenário político e cultural, como representantes de quem defende estas expressões abertas de ódio. São fartamente vivenciadas também divisões entre famílias, círculos de amigos e nas igrejas e comunidades religiosas por conta da ampla assimilação desta cultura de violência.

Este tema nos leva à questão da desinformação – o que é popularmente denominado fake news. Mentir em público para defender interesses, sempre existiu, mas a cultura digital intensificou isto. Porém, a grupos cristãos interessa que pesquisadores mostram que são os que parecem ser os mais propensos à propagação. A passionalidade e a propaganda que atingem estes grupos religiosos são intensamente desenvolvidas por meio do pânico moral e da retórica do medo para gerar insegurança.

A gravidade destas situações ocorre também por carência de legislação para regular tais práticas das plataformas, o que avaliza a soberania das empresas de mídias (big techs) que agem livremente. Elas não oferecem transparência e ganham muito dinheiro com engajamento em violência e desinformação. Não são responsabilizadas até por atos de violência física e patrimonial, como os ataques de 8 de janeiro de 2023, por exemplo.

Tudo isto desafia muito a prática pastoral que se pretende libertadora! Já que a cultura digital é um caminho sem volta, é cada vez mais ampliada, e nada será como antes, não nos cabe o simplismo de tão só demonizar este processo, mas trabalhar por processos críticos, educativos e humanizadores.

Uma pastoral libertadora no contexto da cultura digital pode priorizar alguns caminhos:

1 – enfatizar e recuperar o valor da cultura do diálogo, que é parte do sentido do “ser” humano. Isto significa reconhecer os tempos de amplas possibilidades de comunicação, viabilizadas pelas tecnologias digitais, que faz emergir, porém, a incomunicação que alimenta a cultura do ódio.

2 – oferecer educação midiática digital – compreender não apenas como usar as mídias mas como funcionam, como operam as tecnologias.

3 – Orientar sobre a ética de quem se afirma cristão e cristã e da postura teológica para que haja atitudes compatíveis na ocupação das mídias digitais: não ser fonte de desinformação, não contribuir com polarizações e muito menos com o ódio, pacificar, humanizar, evangelizar as redes e não só nas redes. Questionar o isolamento em bolhas, a negação da diferença e da diversidade, o ódio, a violência, a superficialidade, a exacerbação da aparência (o que se quer mostrar ao invés do que se é de fato) e a religião da aparência e do sensacionalismo “caça-cliques”.

Assumir, portanto, a fé cristã em espaços digitais significa evocar uma compreensão de comunicação que seja plena, abrangente, ecumênica, e que vise à inserção cristã nos espaços públicos plurais, o que implica participação de cada cristão/cristã como cidadão.

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Imagem de capa: Unplash

Eleições 2024: um balanço da desinformação circulante em ambientes digitais religiosos

As eleições municipais de 2024 foram marcadas pela disseminação de mentiras sobre candidatos e sobre a confiabilidade do sistema eleitoral. Mais uma vez, Bereia acompanhou o modo como as religiões e temas religiosos veicularam no ambiente digital e como a desinformação foi instrumentalizada por candidatos a prefeitos e vereadores, e também por seus apoiadores. 

Nesta matéria, Bereia elencou grupos das principais mentiras e enganos que marcaram a campanha eleitoral em 2024, para os cargos municipais, a partir das próprias checagens e das que foram produzidas por projetos como Lupa, Aos Fatos e Comprova. Os conteúdos levantados utilizam informações falsas, enganosas e imprecisas como estratégia de campanha para conquistar votos, elevar a reputação de candidatos ou prejudicar a imagem de adversários políticos. 

Destaques das checagens do Bereia

Na campanha eleitoral, muitos conteúdos desinformativos foram reaproveitados e publicados em mídias religiosas. O objetivo é sempre o mesmo: confundir eleitores, prejudicar ou contribuir para a eleição de determinado candidato. Bereia checou uma série de desinformações “requentadas” mostrando como esses conteúdos foram usados e reutilizados em contextos como o das eleições.

Entre os conteúdos não repetidos que circularam no período, os temas são os mais diversos e também já conhecidos de leitores e leitoras do Bereia, por serem recorrentes: pânico sobre perseguição aos cristãos, o aparelhamento do uso do termo “ideologia de gênero” para fomentar pânico moral e desinformação sobre vacinas contra covid-19, entre outros temas. A novidade ficou por conta das afirmações em torno do populismo prisional, que sugeriram preferência de presos por determinado candidato:

De outros projetos: desinformação sobre o sistema eleitoral

Ataques ao sistema eleitoral brasileiro estão entre os temas mais recorrentes em conteúdos falsos. Neste ano, mais uma vez, menções equivocadas ao código-fonte das urnas e alegações de fraude voltaram a circular nas mídias sociais, disseminando mentiras já desmascaradas. Informações erradas sobre cassação de candidaturas, resultados e divulgação de pesquisas também foram usadas para desinformar o eleitorado.

De outros projetos: inteligência artificial e manipulação de imagens

A manipulação de fotos, áudios e vídeos não é uma novidade no fenômeno da desinformação, mas recursos de inteligência artificial (IA) têm contribuído para que conteúdos falsos sejam mais sofisticados e difíceis de identificar. É o caso da deepfake, uma técnica que utiliza IA para copiar vozes e rostos, construindo imagens e sons falsos, mas muitos semelhantes ao real. Neste ano, o recurso foi usado em ataques misóginos à deputada federal Tábata Amaral (PSB), na disputa pela Prefeitura de São Paulo: o rosto da candidata foi colocado em fotos sensuais de uma produtora de conteúdo adulto.

De outros projetos: mentiras sobre relações com o crime organizado

As últimas eleições também foram marcadas por falsas imputações de crimes e acusações de relações de candidatos com facções criminosas. Conteúdo falso associou políticos do Ceará e de São Paulo ao PCC, enquanto a Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, foi atribuído apoio do Comando Vermelho.

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É observada a consolidação do uso de desinformação como estratégia eleitoral. Este processo foi iniciado com as eleições de 2018 e continuou em 2020 e 2022 e nestas eleições municipais se mostra aperfeiçoado e mais intensificado. Bereia alerta leitores e leitoras para a importância da confrontação deste tipo de prática eleitoral que não apenas ameaça a democracia mas retira do eleitorado o direito à informação digna e construtiva. 

Referências:

Coletivo Bereia

https://coletivobereia.com.br/eleicoes-2024-site-gospel-recorre-a-populismo-prisional-ao-sugerir-preferencia-de-presos-por-boulos-em-sao-paulo/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/portal-gospel-desinforma-e-engana-com-materias-que-relativizam-caso-do-laudo-falso-publicado-por-marcal-contra-boulos/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/eleicoes-2024-pastor-e-cantor-evangelico-waguinho-pl-propaga-conteudo-falso-em-campanha-para-vereador-no-rio-de-janeiro/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/eleicoes-2024-damares-alves-desinforma-sobre-acoes-da-justica-eleitoral-contra-campanha-eleitoral-em-igrejas/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/candidatos-com-identidade-confessional-conhecidos-por-espalharem-desinformacao-divulgam-apoio-de-liderancas-religiosas/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/candidatos-cristaos-impulsionam-publicacoes-digitais-com-desinformacao-sobre-a-vacina-contra-covid-19/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/eleicoes-2024-liderancas-catolicas-produzem-campanha-eleitoral-enganosa-em-forma-de-corrente-no-whatsapp/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/site-gospel-engana-sobre-suspeita-de-atentado-em-incidente-em-carreata-de-pablo-marcal/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/eleicoes-2024-desinformacoes-requentadas-nas-redes-para-fins-politicos/ Acesso em 29 OUT 24

https://coletivobereia.com.br/eleicoes-2024-panico-sobre-plano-nacional-de-educacao-e-ideia-de-perseguicao-a-cristaos-preparam-terreno-para-eleicoes/ Acesso em 29 OUT 24

Aos Fatos

https://www.aosfatos.org/noticias/denuncias-sem-provas-de-ligacao-com-o-pcc/ Acesso em 29 OUT 24

https://www.aosfatos.org/noticias/boulos-nao-prometeu-implementar-linguagem-neutra-nas-escolas/ Acesso em 29 OUT 24

https://www.aosfatos.org/noticias/falso-marcal-declarou-apoio-a-boulos/ Acesso em 29 OUT 24

https://www.aosfatos.org/noticias/falso-boulos-selou-alianca-com-hamas/ Acesso em 29 OUT 24

https://www.aosfatos.org/noticias/falso-campanha-pablo-marcal-custo-zero/ Acesso em 29 OUT 24

https://www.aosfatos.org/noticias/falso-boulos-foi-cassado-marcal-disputara-segundo-turno/ Acesso em 29 OUT 24

Projeto Comprova

https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/boulos-nao-ultrapassou-marcal-na-mesma-hora-em-que-dilma-e-lula-dispararam-contra-adversarios-em-2014-e-2022/ Acesso em 30 OUT 24

https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/e-falso-que-candidatura-de-boulos-foi-cassada-e-marcal-esta-no-segundo-turno-contra-nunes/  Acesso em 30 OUT 24

https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/marcal-usou-documento-falso-para-alegar-que-boulos-foi-internado-por-uso-de-drogas/ Acesso em 30 OUT 24

https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/video-engana-ao-dizer-que-boulos-e-lider-do-mst-e-responsavel-por-queimar-fazendas/ Acesso em 30 OUT 24

https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/tabata-amaral-e-alvo-de-campanha-de-desinformacao-que-a-compara-a-criadora-de-conteudo-adulto/ Acesso em 30 OUT 24

https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/eleitor-nao-perde-voto-ao-apertar-confirma-durante-aviso-para-conferir-escolha-na-urna-eletronica/ Acesso em 30 OUT 24

https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/nao-ha-indicios-de-que-pablo-marcal-tenha-sofrido-tentativa-de-homicidio-em-comicio-caso-foi-registrado-como-ameaca/ Acesso em 30 OUT 24

https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/video-falso-e-usado-para-atribuir-apoio-do-comando-vermelho-a-eduardo-paes/ Acesso em 30 OUT 24

Lupa:

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/10/video-de-ato-na-paulista-e-de-fevereiro-nao-de-7-de-setembro-de-2024 Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/05/e-falso-que-maria-do-rosario-chamou-policial-que-reagiu-a-assalto-de-pm-opressor Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/05/deepfake-usa-imagem-de-pablo-marcal-para-promover-golpe-indeniza-brasil Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/05/e-falso-que-luciana-genro-do-psol-atentou-contra-a-vida-de-pablo-marcal Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/03/e-falsa-pesquisa-que-mostra-pablo-marcal-com-53-29-de-intencoes-de-voto Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/08/22/prefeitura-de-curitiba-nao-vai-distribuir-livro-sobre-50-icones-lgbt-para-alunos Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/08/22/ancelmo-gois-nao-e-autor-de-texto-que-liga-mafia-carioca-a-eduardo-paes Acesso em 31 OUT 24

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https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/08/19/homem-que-alega-fraude-eleitoral-nas-eleicoes-de-2022-nao-e-o-general-paulo-sergio-nogueira Acesso em 31 OUT 24

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https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/07/e-falso-que-boulos-foi-cassado-e-que-marcal-ira-para-o-2o-turno Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/06/e-falso-que-marcal-vendeu-eleicao-para-o-tse-para-eleger-nunes Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/06/homem-em-video-foi-impedido-de-votar-por-erro-de-mesario-fato-nao-implica-fraude Acesso em 31 OUT 24

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https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/06/e-falso-que-a-pf-realizou-operacao-na-casa-da-prefeita-de-gurupi-to-site-da-gazeta-do-cerrado-foi-clonado Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/06/pesquisa-de-boca-de-urna-nao-sera-divulgada-antes-do-fim-da-votacao-em-sp Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/06/e-falso-que-marcal-aparece-isolado-em-1o-lugar-em-todas-as-pesquisas Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/06/e-falso-que-grupos-no-whatsapp-precisam-ser-fechados-no-dia-da-eleicao Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/06/chapa-de-oposicao-em-botupora-estara-nas-urnas-mas-aguarda-julgamento Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/10/05/video-de-eduardo-paes-em-festa-na-rua-e-antigo-e-nao-foi-gravado-na-mare Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/30/falta-contexto-em-video-de-marina-helena-sobre-ex-mulher-de-arthur-lira Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/27/flow-nao-recebeu-quase-r-500-mil-da-prefeitura-de-sp-para-debate Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/26/nao-e-sobrinha-de-eduardo-paes-mulher-que-zombou-de-tour-na-rocinha Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/24/e-falsa-imagem-de-tabata-amaral-com-seios-a-mostra Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/24/e-falso-que-pablo-marcal-levou-um-soco-no-debate-do-flow Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/24/foto-de-homem-com-tornozeleira-segurando-bandeira-de-maria-do-rosario-foi-editada Acesso em 31 OUT 

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/23/e-falsa-troca-de-mensagens-em-que-moraes-confessa-fraude-nas-urnas-em-2022 Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/23/e-falso-que-jornalista-em-video-viral-denunciou-datena-por-assedio-sexual Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/23/ea38be68-9b61-4724-8c11-e5cd51dce62e Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/19/voto-nas-eleicoes-de-2024-nao-serve-como-prova-de-vida-ao-inss Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/17/e-falso-que-lula-disse-que-nao-confia-nas-urnas-eletronicas-sem-impressao-de-votos Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/17/marcal-exagera-ao-dizer-que-2-890-cidades-tem-mais-bolsa-familia-que-clt Acesso em 31 OUT 24

https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/09/11/e-falso-que-bolsonaro-xingou-marcal-durante-ato-do-7-de-setembro Acesso em 31 OUT 24

G1

https://g1.globo.com/fato-ou-fake/rio-de-janeiro/noticia/2024/08/23/e-fake-que-faccao-criminosa-realizou-convencao-para-apoiar-reeleicao-de-eduardo-paes.ghtml Acesso em 28 OUT 24

https://g1.globo.com/fato-ou-fake/sao-paulo/noticia/2024/08/23/e-fake-que-ricardo-nunes-tenha-recebido-bencao-de-padre-julio-para-reeleicao.ghtml   Acesso em 28 OUT 24

Metrópoles

https://www.metropoles.com/sao-paulo/marcal-posta-suposto-laudo-de-cocaina-de-boulos-que-nega-e-vai-pedir-prisao-de-rival  Acesso em 28 OUT 24

Terra Notícias

https://www.terra.com.br/noticias/eleicoes/sao-paulo/guilherme-boulos-ja-foi-preso-entenda-se-afirmacao-de-pablo-marcal-em-debate-e-verdadeira,78e49a8a1d2f7d8c05eac46306c5b6a41145wdwv.html?utm_source=clipboard  Acesso em 28 OUT 24

Estadão

https://www.estadao.com.br/estadao-verifica/tabata-amaral-fotos-conteudo-adulto-falso/  Acesso em 28 OUT 24

Imagem de capa: Mohamed Hassan / Pixabay

Líderes religiosos têm imagem explorada em anúncios fraudulentos nas plataformas da Meta

Imagine um medicamento milagroso que promete a cura para a impotência sexual promovido pelo pastor Cláudio Duarte ou ainda gotinhas que prometem eliminar as dores decorrentes da fibromialgia anunciadas pelo padre Fábio de Melo. Pode parecer estranho, mas foi o que pesquisadores do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab) da UFRJ encontraram em cerca de 1.850 anúncios veiculados nas plataformas da Meta (Facebook e Instagram), entre 1º e 20 de julho de 2024.

Esses anúncios, além de explorarem a fé dos usuários, utilizaram a inteligência artificial (IA) para falsificar a voz e os vídeos dos líderes religiosos, dando a impressão de que eles apoiam os produtos. Foram identificadas 1.668 propagandas fraudulentas com a imagem de padres e pastores, entre eles Marcelo Rossi, Reginaldo Manzotti, Silas Malafaia e Rodrigo Silva.

As peças promoveram medicamentos sem eficácia científica, como tratamentos para dores articulares, fibromialgia e até produtos para emagrecimento. Além disso, alguns anúncios vendiam o livro “Guia da Mulher Sábia”, falsamente atribuído ao pastor Claudio Duarte.

Chama atenção de pesquisadores o fato de que os conteúdos circulavam livremente, sem qualquer aviso sobre o uso de IA. A Meta não moderou ou rotulou nenhum dos conteúdos, de acordo com o relatório. O caso pode colocar os usuários em risco, tanto financeiro quanto à saúde, ao serem induzidos a consumir produtos ineficazes e potencialmente perigosos.

Outro ponto de atenção está na estratégia de distribuição. Para explorar a confiança que os fiéis depositam nessas figuras religiosas, os anunciantes utilizaram técnicas de microssegmentação da Meta que facilitam a entrega desses anúncios para públicos específicos, como idosos e pessoas com problemas de saúde, alvos frequentes desses golpes.

De acordo com pesquisadores da UFRJ, “a exploração da imagem de padres e pastores sugere que dados sobre crença religiosa dos usuários podem ser usados pela Meta para entregar anúncios”. Esse dado é classificado como sensível devido a seu alto potencial discriminatório, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Contudo, a Meta não disponibiliza os dados da microssegmentação aplicada pelos anunciantes nem do público atingido por esse tipo de anúncio. 

Acesse ao relatório completo do NetLab aqui

Eleições 2024: jogo alerta e ensina eleitores sobre o uso de inteligência artificial para desinformação nas campanhas 

Um jogo para ensinar sobre falsidades na campanha eleitoral é a iniciativa da Agência Lupa, primeira agência de fact-checking do Brasil, em consórcio com a Politize!, organização dedicada à educação política, e a App Cívico, uma consultoria em projetos de tecnologia cívica. O jogo digital IAgora funciona como um simulador de uma campanha eleitoral. Na brincadeira, o jogador assume o papel de marqueteiro e coordenador da campanha de reeleição de um prefeito fictício, mas com desafios e estratégias familiares ao noticiário político brasileiro.

Imagem: IAgora.org

No IAgora, eleitores podem aprender, na prática, como identificar e se proteger das táticas e técnicas de manipulação usadas para enganar o público com o uso de ferramentas de inteligência artificial (IA). De acordo com os desenvolvedores, o jogo atua como uma “vacina” contra a desinformação: ao jogá-lo, o jogador desenvolve resistência cognitiva contra as formas comuns de desinformação que poderá encontrar durante as eleições.

Identificar os inimigos da democracia

Em um fluxo de jogo simples e intuitivo, IAgora mostra ao usuário, no papel de coordenador de campanha, como usar cinco táticas de manipulação com grande potencial de ajudar seu candidato a ganhar uma eleição. São elas:

  • Emoção – marcada pelo uso de termos chamativos que remetem à urgência e provocam sentimentos intensos (medo, raiva, alegria, rejeição,  identificação) no eleitor;
  • Teorias da Conspiração – utiliza ferramentas para provocar dúvidas, inseguranças, medos e desconfiança em relação às instituições e autoridades, inclusive no próprio processo eleitoral;
  • Polarização – combina a simplificação de questões complexas com a criação de supostos inimigos, reduzindo um tema ou um debate plural a apenas dois polos;
  • Trollagem – usa de conteúdos de humor para provocar agitação, ofensas e discórdia;
  • Falso Especialista – busca validar determinada visão sobre um tema polêmico por meio de um indivíduo ou grupo que se apresenta como autoridade no assunto, mas não possui conhecimento ou qualificação real.

Desse modo, o jogador é convidado a usar ferramentas de inteligência artificial para manipular imagens verdadeiras, produzir áudios, vídeos e perfis falsos durante a corrida eleitoral. Além de mostrar o impacto e as consequências do uso da desinformação, IAgora explica porque essa tática ainda é um recurso muito usado na política:

“Mesmo que parte da população saiba que o áudio é falso, a maioria das pessoas que recebeu essa mensagem não vai nem desconfiar da veracidade. Isso acontece porque as pessoas recebem os áudios em grupos de pessoas que confiam, como os grupos de família. Com isso, vão acreditar e relacionar inconscientemente uma imagem positiva do seu candidato à educação.”

Educação para IA e o exercício da cidadania 

A indústria da desinformação ganhou escala nas últimas eleições com a ajuda da IA, comprometendo as democracias em diversos países pelo mundo. Nesse sentido, IAgora chega para preencher uma lacuna no campo da educação para o exercício da cidadania nas eleições no que diz respeito ao voto. A iniciativa reconhece que a liberdade para a escolha consciente dos candidatos vem sendo ameaçada pela disseminação da desinformação, o que é popularmente conhecido como fake news, mas inclui muito mais do que é falso, como o Bereia tem mostrado com as checagens.

O pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora João Pedro Chevi, no artigo Info-víduo: novas tecnologias geram novas demandas descreve com clareza a ideia básica de funcionamento daquilo que nos acostumamos a chamar de IA,

“[…] nada de radicalmente novo pode passar a existir através da IA, já que todas as possibilidades de mutações devem se situar dentro do espaço de possibilidades definido pelo programa. Para algo existir, precisa ser percebido no mundo exterior, portanto, se não percebemos e transcrevemos para a máquina, esta coisa não é uma possibilidade, uma vez que os programas consomem informações de bancos de dados. Logo, de acordo com biólogos e filósofos, apenas biologicamente seria possível a criação de novos sensores perceptivos.”

Dessa maneira, ainda que os algoritmos conhecidos como inteligência artificial não sejam capazes de raciocinar ou perceber o mundo como os seres humanos, todavia, podem predizer cenários e tendências, bem como influenciar as escolhas humanas. Seria possível até mesmo “construir” mundos paralelos, por conta da magnitude dos dados (entregues livremente pelos usuários) que alimentam esses sistemas digitais orientados a mecanismos estatísticos de altíssima complexidade.

É assim que a IA pode influenciar usuários de mídias sociais num cenário de eleições municipais, por exemplo. Isto ocorre na medida em que o perfil de cada usuário e seu mundo (características pessoais, relações sociais, gostos, desgostos, opções políticas, sociais, sexuais, culturais, etc) é copiado para dentro da base de dados manipulada pela inteligência artificial. 

O professor Sérgio Amadeu da Silveira, da Universidade Federal do ABC, um dos maiores especialistas no assunto exemplifica bem este processo:

“[…] aqueles códigos invisíveis que agem na internet, orientando o resultado das buscas que fazemos, decidindo pelo usuário da rede social quem aparecerá na timeline dele ou para quais amigos suas postagens serão exibidas e ainda escolhendo os anúncios que milagrosamente aparecem nos sites e aplicativos – são também capazes de agir, ainda que indiretamente, sobre o comportamento e as posturas dos internautas.”

Obviamente, para o funcionamento eficiente dessas ferramentas sempre tem alguém ou algum grupo de interessados que definem as regras e os parâmetros de funcionamento de um sistema digital baseado em inteligência artificial. Não poucas vezes isso é usado para atingir objetivos de lucro ou poder a qualquer custo, sem respeito à realidade dos fatos ou a valores éticos, exatamente como acontece na realidade fictícia proposta pelo game. 

Imagem: IAgora.org

É justamente neste contexto, de ausência de educação digital ou mesmo de ausência de uma educação para o manejo das mídias digitais, no cenário da comunicação social, sobretudo em tempos de pós-verdade, como o atual momento histórico, que a manipulação acontece em escala, com o auxílio da IA. 

Razão porque existe o trabalho árduo de agências de checagem de notícias, como o Coletivo Bereia e a Agência Lupa, entre outros projetos, que, além de prestarem o necessário serviço de fact checking (checagem de notícias) à sociedade, também oferecem bons serviços de educação cidadã no campo do jornalismo e da comunicação social. 

Referências

IAgora, ONLINE. https://iagora.org/about. Acesso 17 set 2024. 

GAMEREPORTER. https://www.gamereporter.com.br/politize/. Acesso 17 set 2024. 

JOÃO PEDRO CHEVI. https://medium.com/@projetomemoria8/info-v%C3%ADduo-novas-tecnologias-geram-novas-demandas-bafcb6dacbe3. Acesso 17 set 2024.

Elisa Marconi e Francisco Bicudo. https://revistagiz.sinprosp.org.br/cultura/como-algoritmos-afetam-a-democracia/. Acesso em 18 set 2024.

Info-víduo: novas tecnologias geram novas demandas

O projeto de extensão MemórIA, da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, publicou recentemente artigo do pesquisador João Pedro Chevi em que trata dos impactos das novas tecnologias na individualidade, criando novas realidades. Uma linha de pesquisa comum ao campo da Comunicação, agora abordando a exponencialidade da Inteligência Artificial.

A forma de rede do cidadão digital, da pessoa digital e a do indivíduo físico não são uma identidade dada, mas uma forma plural interativa, que precisa ser construída continuamente pela administração do fluxo de dados. O info-víduo não é, portanto, a sombra aumentada do sujeito político moderno e do ator social, cujas atividades são gerenciadas e reguladas pelas leis vigentes, mas uma complexa rede de interações que habitamos e que compõem nossa pessoa plural.”

Leia o artigo completo na página do Projeto MemórIA no Medium.

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Foto de capa: Cottonbro studio/Pexels

Conteúdo falso sobre Fórum Econômico Mundial proibir a Bíblia repercute em meios religiosos

Matéria publicada pelo site Tribuna Nacional repercutiu nas mídias sociais digitais religiosas nos últimos dias. Intitulado “WEF ordena que o governo proíba a Bíblia e publique a versão ‘verificada’ sem Deus”, o texto afirma que o professor israelense Yuval Noah Harari declarou que “a Bíblia é uma notícia falsa e cheia de discurso de ódio, e as elites podem usar IA para substituir a Bíblia e criar uma ‘religião unificada que é realmente correto’.”

A matéria foi publicada na área do site destinada aos conteúdos relacionados  à Nova Ordem Mundial – suposta conspiração das elites globais para dominar o mundo. 

Yuval Noah Harari é historiador, filósofo e autor de best-sellers como “Sapiens: Uma breve história da humanidade” e “Homo Deus: Uma breve história do amanhã”. De acordo com as informações publicadas por Tribuna Nacional,  Harari “atuaria como braço direito” de Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial (WEF na sigla em inglês). 

Imagem: reprodução do site Tribuna Nacional

Além disso, Harari teria declarado que o poder da Inteligência Artificial ​​poderia ser aproveitado e usado para remodelar a espiritualidade na visão globalista do Fórum Econômico Mundial. Ela seria“uma nova religião mundial chegou e une toda a humanidade em adoração no altar da ciência climática, tecnocomunismo oculto e eugenia”.

A publicação afirma que o Fórum Econômico Mundial está se “tornando cada vez mais hostil ao cristianismo e às principais religiões e está claro que Klaus Schwab está tentando suplantar Jesus”. Diz ainda “a pandemia de Covid foi um ensaio geral para as elites transformarem o globo em uma prisão digital”.

Vídeo de Yuval Harari é descontextualizado 

Bereia checou as informações e o conteúdo da matéria publicada pela Tribuna Nacional é a transcrição de um vídeo publicado pelo canal THE PEOPLE ‘S VOICE. O vídeo apresenta alguns trechos de entrevistas do  professor Yuval Harari. Praticamente todo o conteúdo publicado pelo site Tribuna Nacional vem desta página. 

Imagem: reprodução do canal The People’s Voice, na plataforma Rumble

O primeiro fragmento com falas do professor foi retirado de uma entrevista na Fundação Francisco Manuel dos Santos, em Portugal. Nessa entrevista, Harari reflete sobre os avanços da humanidade, as suas grandes ameaças e a forma como a inteligência artificial tem de ser regulada para evitar que se torne um monstro  que destruirá a humanidade como a conhecemos.

Harari explica que ao longo dos anos as religiões sonharam com um  livro escrito por uma inteligência sobre humana ou não-humana e dentro de alguns anos poderão existir religiões com livros sagrados escritos por inteligências artificiais Ele alerta que mesmo uma nova Bíblia, por exemplo, poderia ser escrita por Inteligências Artificiais. 

Yuval Harari utilizou este exemplo para ilustrar o poder e os perigos desta nova tecnologia, que ainda estaria no estágio de “ameba”, mas em “desenvolvimento extremamente veloz”. O escritor não fez qualquer referência a mudanças na Bíblia ou mesmo críticas a qualquer passagem do livro sagrado. 

Nos trechos seguintes divulgados por Tribuna Nacional, diversos fragmentos de entrevistas são editados e retirados de seu contexto. O apresentador do vídeo, replicando um âncora de jornais televisivos convencionais, conduz a narrativa, desorienta e apresenta falsas informações “corroborando” as falas retiradas de contexto e editadas. 

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Desta maneira, Bereia classifica os vídeos como enganosos, pois de fato existiram e foram manipulados, e a matéria publicada pelo site Tribuna Nacional como falsa. O professor Yuval Harari não disse que a Bíblia é uma notícia falsa e cheia de discurso de ódio, nem que as elites podem usar IA para substituir a Bíblia e criar uma “religião unificada que é realmente correto.”

As entrevistas e palestras do escritor foram editadas e retiradas do contexto para servirem como pano de fundo para teorias da conspiração envolvendo o Fórum Econômico Mundial. A perseguição religiosa mais uma vez é utilizada como ferramenta para criar pânico e espalhar notícias falsas, como Bereia já tem reportado em diversas checagens.

Referências de checagem:

Yuval Harari. https://www.ynharari.com/pt-br/ Acesso em 26 JUN 2023

Fórum Econômico Mundial.

https://www.weforum.org/about/klaus-schwab Acesso em 26 JUN 2023

https://www.weforum.org/about/world-economic-forum Acesso em 26 JUN 2023

YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=oQMxYU6EYZQ Acesso em 26 JUN 2023 

Coletivo Bereia. https://coletivobereia.com.br/?s=cristofobia Acesso em 27 JUN 2023 

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