Bereia participa de mesa-redonda sobre mitigação da desinformação
Como é possível enfrentar a desinformação, que provoca efeitos danosos à sociedade? Essa foi a tônica da mesa-redonda promovida pela Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência (RedeComCiência) realizada em 10 de dezembro e que teve a participação da editora-geral do Bereia Magali Cunha.
O debate fez parte da programação que marcou os cinco anos da organização e tratou do papel das associações de ciência, da checagem de fatos, da relação entre religião e ciência e da percepção pública de ciência.
Em sua apresentação, Magali Cunha destacou a importância do evento e lembrou que o Coletivo Bereia nasceu no contexto de uma pesquisa científica realizada no Instituto Nutes de Educação em Ciências e Saúde, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “O estudo ‘Caminhos da desinformação’ foi o nosso ponto de partida e desde então temos a preocupação de sempre valorizar a pesquisa e ouvir especialistas, além de oferecer um diferencial em relação a outros projetos de checagem, que é dialogar com estudiosos em religião”.
A editora-geral explicou que o Bereia conta em sua equipe com especialistas nessa área e que busca ampliar o leque ao estreitar o contato com pesquisadores de ciências da religião, da sociologia da religião e da antropologia da religião. Há também a participação de pastores e pastoras, biblistas e pessoas que estão imersas no universo religioso, tanto no contexto cristão quanto em outros como Espiritismo e Islã, “que nos auxiliam a qualificar o conteúdo que é checado”.
Ela lembrou que o trabalho de fact-checking feito no coletivo inclui bibliografia científica e outros materiais que balizam aquilo que é analisado para além dos fatos e do caráter meramente informativo.
Preconceito e sensacionalismo
Outra preocupação da pesquisadora se refere ao preconceito e ao sensacionalismo em torno do protagonismo de grupos religiosos no momento atual, especialmente os evangélicos. “Infelizmente isso ocorre dentro do próprio ambiente acadêmico, e representa um grande desafio a ser superado”. Magali Cunha argumentou que há muita precipitação no trato de alguns temas, e dentro da academia não se valoriza o que é desenvolvido cientificamente sobre religião.
A editora-geral do Bereia destacou ainda que, além dos ambientes digitais religiosos, o trabalho do coletivo alcança a grande mídia, identificando seus equívocos, incorreções, exageros e o credenciamento de personagens do mundo religioso como se fossem porta-vozes da religião.