Vídeo editado associa Dalai-Lama a pedofilia e abuso infantil

Nas últimas semanas teve grande repercussão nas mídias sociais um vídeo do 14º Dalai Lama, líder religioso do budismo tibetano e Nobel da Paz, interagindo com uma criança. Nas imagens o religioso aproxima o rosto do rosto de um menino, diz a frase em inglês “suck my tongue” (chupe minha língua) e coloca a língua para fora. 

O conteúdo compartilhado, em sua maioria acompanhado de mensagens de repúdio, associam o ato a casos de pedofilia e abuso infantil praticados por líderes religiosos, tema de grande apelo popular. A reação gerou um pedido oficial de desculpas por parte do Dalai-Lama, mas também uma onda de apoio ao líder religioso. 

Na tentativa de elucidar o caso, algumas figuras ligadas ao budismo tibetano se pronunciaram, explicando aspectos culturais desconhecidos na maior parte do mundo. Bereia checou as origens e o contexto do vídeo e do comportamento do líder religioso.

Quem é Dalai-lama

Dalai, em mongol, significa ‘oceano’ e lama é um termo usado para indicar um elevado grau de realização espiritual e de autoridade, capaz de passar seus conhecimentos adiante. Sendo assim, uma das traduções seria ‘Oceano de sabedoria’

Os seguidores do budismo tibetano acreditam que os dalai-lamas são a reencarnação de uma longa linhagem de lamas que optaram por reencarnar para ensinar sua sabedoria a toda humanidade. 

Tenzin Gyatso é o atual dalai-lama, tido como a 14ª encarnação do primeiro, Gendun Drup. Os dalai-lamas foram até 1959 também líderes políticos, já que o sistema político no Tibete antes da anexação à China era considerado teocrático.  

Em que contexto foi produzido o vídeo

O vídeo de grande repercussão negativa sobre a atitude do Dalai-lama com a criança é na verdade parte da transmissão ao vivo de uma formatura ocorrida em 28 de fevereiro na cidade de Dharamsala, na índia.

Durante a cerimônia, um menino cuja mãe trabalha para a instituição de ensino e está presente, pede para dar um abraço no Dalai-Lama. Depois de abraçar o religioso, os dois trocam outros gestos de carinho e brincadeiras. O religioso chega a fazer cócegas no menino e por fim dá um conselho à criança para que escolha boas companhias.

A presença dos pais do garoto e todo o contexto foram omitidos nas publicações que atacavam o comportamento do líder budista. Após a cerimônia, o menino concedeu uma entrevista dizendo que se sentiu muito bem na presença de Dalai Lama. “É um sentimento muito legal conhecê-lo e você recebe muito daquela energia positiva”, afirmou.

Vídeo viral e a língua na cultura tibetana

No vídeo completo, é possível testemunhar o pedido feito pelo menino para que pudesse abraçar Dalai Lama. Acolhido, o garoto abraça o líder espiritual e, a pedido do monge, beija seu rosto. Depois, Dalai Lama, segurando o queixo da criança, beija sua boca, num gesto aparentemente inocente.

Segundos depois, os dois tocam suas testas, no que aparenta ser um momento de bênção ou oração. Então, Dalai Lama diz “chupe minha língua” e traz o rosto do garoto para perto do seu. O menino se aproxima, mas o ato não se concretiza.

Diante da revolta gerada pelo vídeo, diversas figuras ligadas à realidade tibetana saíram em defesa de Dalai Lama, elucidando que, na cultura local, mostrar a língua é algo corriqueiro. Uma das fotos mais famosas de Dalai Lama retrata o líder com a língua para fora.

Imagem: reprodução da internet

Além disso, esclareceu-se que há, no Tibete, uma brincadeira lúdica que os idosos costumam fazer com crianças. A frase “che la sa”, que poderia ser traduzida como “coma minha língua”, funciona como um ensinamento às crianças, para que entendam que não há mais o que se possa fazer em uma situação. A diferença da frase tradicional para a frase proferida por Dalai Lama seria justificada pela barreira linguística, já que o religioso não possui completo domínio do idioma inglês.

O grupo de advocacy e pesquisa política “Tibet Rights Collective” (Coletivo Direitos do Tibete) se manifestou relatando nuances desse tipo de comportamento, afirmando haver até mesmo a prática de dar pequenos doces às crianças diretamente da boca do adulto, de boca para boca.

Imagem: reprodução do Twitter

Pedido de desculpas

Graças à repercussão do episódio, porém, houve um pedido oficial de desculpas por parte de Dalai Lama. Em seu site oficial, é possível encontrar uma declaração em que o monge pede desculpas ao garoto e sua família, bem como a todos os amigos ao redor do mundo pela dor que possa ter causado.

No comunicado, apesar das desculpas, há um esclarecimento de que Dalai Lama frequentemente provoca as pessoas que encontra, sempre de um jeito inocente e divertido, mesmo que em público e diante de câmeras, ressaltando o caráter corriqueiro das ações.

Não é a primeira vez que a liderança vai a público pedir desculpas por ações ou comentários. No passado, afirmações polêmicas levaram-no a se retratar, como quando afirmou que, caso o próximo Dalai Lama seja uma mulher, seria necessário que fosse uma mulher “ mais atraente”. Na retratação, também afirmou que era uma brincadeira.

Uma conhecida polêmica sobre o que o líder teria dito sobre refugiados que buscam um novo lar na Europa também gerou grande repercussão. Na ocasião, o posicionamento oficial foi esclarecer que a frase fora tirada de contexto, publicando a íntegra da fala.

Outros momentos constrangedores costumam repercutir na internet. Um vídeo de um encontro com a cantora Lady Gaga, voltou a circular nas últimas semanas, na esteira das reações negativas ao comportamento do monge budista. Nele, Dalai Lama leva as mãos às pernas da cantora, que se mostra desconfortável com o gesto.

Imagem mundial do Nobel da Paz e contexto histórico do Tibet 

O 14º Dalai Lama é uma figura amplamente conhecida no Ocidente. Sua história já foi contada em livros e filmes e o próprio Dalai Lama foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 1989. Sendo o líder político e religioso que é, sua imagem está ligada também a conflitos e interesses políticos.

Por ser o mais importante líder do Tibete, região com grande relevância estratégica para a China graças a sua altitude e bacias hidrográficas, sua figura é bastante explorada pelos países ocidentais, que buscam evidenciar suas características positivas, seus ensinamentos humanísticos e sua vocação para a paz.

Além de ser um líder religioso considerado santo no Tibete, o Dalai Lama seria também um chefe de Estado. A região, hoje pertencente à China, já foi independente e é cercada de controvérsias históricas em relação a seu status político.

Ocidente x Oriente

Em 1959, um levante local contra o controle pela jovem República Popular da China levou o governo tibetano a se exilar em território indiano. Desde então, a Administração Central Tibetana, liderada por Dalai Lama, sediou-se na Índia, onde ainda hoje está instalada, na cidade de Dharamsala.

Os países ocidentais tentam explorar a ruptura política para alimentar a rivalidade com a China, uma vez que o país é considerado o grande antagonista do mundo ocidental capitalista na atualidade. Existem movimentos a favor da independência do Tibete, apesar de o próprio Dalai Lama já ter afirmado que a região pertence à China.

Porém, a disputa política que instrumentaliza a autoridade e o respeito inspirados pela liderança de Dalai Lama tem também sua contraparte. No recente caso envolvendo o vídeo com o garoto, muitos defensores do monge afirmaram haver em curso uma campanha oficial chinesa para arranhar a credibilidade do líder tibetano. Há relatos de que a China gostaria de influenciar a escolha do próximo Dalai Lama, buscando garantir que não surjam novos movimentos separatistas na região.

Imagem: reprodução do Twitter

Acusações à China e relativismo cultural

Numa conferência de imprensa realizada em Delhi, Penpa Tsering, atual líder político do governo tibetano exilado, defendeu que as investigações lideradas por si demonstram que muitas “fontes pró-China” estão envolvidas na divulgação do vídeo e que “o ângulo político deste incidente não pode ser ignorado”.

Não é possível apontar quem editou parte do vídeo e compartilhou nas mídias sociais pela primeira vez, mas a repercussão só aconteceu no início do mês de abril. Isto mostra que a cerimônia e as atitudes do líder religioso em público não são uma questão para a comunidade onde elas ocorreram. É preciso considerar que o recorte que se espalhou pelas redes digitais carrega a intencionalidade de trazer escândalo sobre algo que aparentemente é comum em outra cultura e incomum na cultura ocidental.

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Bereia considera enganoso o conteúdo checado. O vídeo que gerou reação negativa foi cortado e os títulos e imagens que ganharam repercussão não correspondem ao que é exposto na íntegra, instigando julgamentos negativos de uma pessoa. O conteúdo necessita de substância e contextualização para ser corretamente compreendido. A rapidez com que o caso ganhou as redes no Ocidente demonstra que houve pouca ou nenhuma preocupação em avaliar o contexto e as tradições locais. Como tem sido frequente nas mídias sociais, temas que envolvem abuso de crianças e religião geram grande repercussão e alimentam discursos de ódio, mesmo sem maiores informações disponíveis.

A defesa do comportamento de Dalai Lama parece ser coerente com a realidade local e estar de acordo com as tradições de um povo milenar, por mais que pareçam em desacordo com as práticas ocidentais. Apesar disso, mesmo reconhecendo a diferença cultural, é possível que muitos interlocutores discordem da atitude do monge.

Predominantemente, no entanto, as reações apontavam se tratar de um caso de abuso infantil, o que não parece se sustentar. Não se pode descartar no ocorrido, que houve um pedido de desculpas do Dalai Lama ao menino e sua família, pois o caso, ainda que não tenha sido intencional, afetou não apenas a imagem e a reputação do líder religioso, mas também estas pessoas comuns, que tiveram suas vidas expostas, especialmente a criança.

Bereia alerta para a necessidade de que leitores e usuários de redes digitais tentem se informar e compreender o contexto dos vídeos apresentados em partes e não na totalidade, antes de disseminar discursos incompletos que podem alimentar um comportamento reativo e generalista sobre assuntos complexos e que precisam ser cuidadosamente analisados antes de conclusões definitivas.

Referências de checagem:

DW. https://www.dw.com/pt-br/quem-%C3%A9-o-dalai-lama/a-65291824 Acesso em: 20 abr 2023

UOL. https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2023/04/10/dalai-lama-pede-beijo-na-lingua-a-menino-e-se-desculpa-apos-video-viralizar.htm Acesso em: 20 abr 2023

NPR. https://www.npr.org/2023/04/10/1168962589/dalai-lama-apologizes-tongue-kiss Acesso em: 20 abr 2023

Washington Post. https://www.washingtonpost.com/world/2023/04/10/dalai-lama-kiss-boy-video/a785d61e-d78a-11ed-aebd-3fd2ac4c460a_story.html Acesso em: 20 abr 2023

Dalai Lama. https://www.dalailama.com/news/2023/statement-by-his-holiness-the-dalai-lama Acesso em: 20 abr 2023

CNN Brasil. https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/dalai-lama-foi-rotulado/ Acesso em: 20 abr 2023

Times of India. https://timesofindia.indiatimes.com/city/goa/china-trying-to-malign-dalai-lama/articleshow/99567089.cms Acesso em: 20 abr 2023

Center for Strategic & International Studies. https://www.csis.org/analysis/game-winning-piece-dalai-lama-and-geopolitics-tibet Acesso em: 20 abr 2023

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https://www.bbc.com/news/world-asia-india-65272213?xtor=AL-72-%5Bpartner%5D-%5Bbbc.news.twitter%5D-%5Bheadline%5D-%5Bnews%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D&at_campaign_type=owned&at_link_type=web_link&at_link_origin=BBCWorld&at_ptr_name=twitter&at_bbc_team=editorial&at_format=link&at_link_id=B56C9FD0-DA80-11ED-A1FC-9EB34744363C&at_campaign=Social_Flow&at_medium=social Acesso em: 20 abr 2023

https://www.bbc.com/news/world-asia-pacific-16689779 Acesso em: 20 abr 2023

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd1y4ppj9dno Acesso em: 20 abr 2023

G1. https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/04/12/dalai-lama-como-o-beijo-na-boca-de-menino-pode-afetar-a-escolha-de-seu-sucessor-e-o-conflito-com-a-china.ghtml Acesso em: 20 abr 2023

Folha de São Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/igor-patrick/2023/04/video-do-dalai-lama-com-crianca-serve-de-motivo-para-discutir-sua-sucessao.shtml Acesso em: 20 abr 2023

O Globo. https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/dalai-lama-ganha-nobel-da-paz-pela-defesa-da-liberdade-do-povo-tibetano-9988632 Acesso em: 20 abr 2023

Congressional-Executive Comission of China. https://www.cecc.gov/publications/commission-analysis/dalai-lama-tibet-is-a-part-of-the-peoples-republic-of-china Acesso em: 20 abr 2023

Tibet Rights Collective. https://www.tibetrightscollective.in/news/tibetans-respond-to-misinterpreted-video-of-his-holiness-the-dalai-lama- Acesso em: 20 abr 2023

Olhar Budista. https://olharbudista.com/2023/04/14/a-polemica-com-o-dalai-lama-um-beijo-perturbador-ou-um-mal-entendido/ Acesso em: 20 abr 2023

Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=bT0qey5Ts78&t=916s&ab_channel=Jigme Acesso em: 20 abr 2023

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Foto de capa: Webted / Flickr

Despojar-se de tudo para ganhar tudo: o boneco de sal

Nos últimos tempos temos dedicado nossas reflexões quase que exclusivamente à questão do Covid-19, de seu contexto que é a superexploração da Terra viva e da natureza pelo capitalismo globalizado, incluindo a China. Elas se defenderam enviando-nos uma gama de vírus (zika, ebola, febre aviária e suína e outros) e agora este que atacou a humanidade inteira, poupando outros seres vivos. A corrida desenfreada da acumulação desigual e todos tivemos que parar, entrar no isolamento social, evitar conglomerações e usar as incômodas máscaras. Acolhemos estas limitações em solidariedade uns com os outros e com os sofredores do mundo inteiro.

Essa situação severa enseja a ocasião de não apenas pensarmos no que virá após a pandemia mas de voltarmos sobre nós mesmos, sobre as questões cotidianas como a construção continuada de nossa identidade e a moldagem de nosso sentido de ser. É uma tarefa nunca terminada mesmo sob o confinamento social. Entre muitas, duas provocações estão sempre presentes e temos que dar conta delas: a aceitação dos próprios limites e a capacidade de desapegar-se.

Todos vivemos dentro de um arranjo existencial que, por sua própria natureza, é limitado em possibilidades e nos impõe inúmeras barreiras: de profissão, de inteligência, de saúde, de economia, de tempo e outras. Há sempre um descompasso entre o desejo e sua realização. E às vezes nos sentimos impotentes face a dados que não podemos mudar como a presença de uma pessoa com seus altos e baixos ou de um doente terminal. Temos que nos resignar face a esta limitação intransferível.

Nem por isso precisamos viver tristes ou impedidos de crescer. Há que ser criativamente resignados. A invés de crescer para fora, podemos crescer para dentro na medida em que criamos um centro onde as coisas se unificam e descobrimos como de tudo podemos aprender. Bem dizia a sabedoria oriental:”se alguém sente profundamente o outro, este o perceberá mesmo que esteja a milhares de quilômetros de distância”. Se te modificares em teu centro, nascerá em ti uma fonte de luz que irradiará para os outros.

A outra tarefa consiste na busca da autorrealização. Esta, essencialmente, é a capacidade de desapegar-se. O zen-budismo coloca como teste de maturidade pessoal e de liberdade interior a capacidade de desapegar-se e de despedir-se. Se observamos bem, o desapego pertence à lógica da vida: despedimo-nos do ventre materno, em seguida, da meninice, da juventude, da escola, da casa paterna, dos parentes e das pessoas amigas. Na idade adulta despedimo-nos de trabalhos, de profissões, do vigor do corpo e da lucidez da mente que irrefragavelmente vão diminuindo até cessarem e aí nos despedirmos da própria vida. Nestas despedidas temos crescido em nossa identidade mas à custa de deixarmos um pouco de nós mesmos para trás.

Qual é o sentido deste lento despedir-se do mundo? Mera fatalidade irreformável da lei universal da entropia? Essa dimensão é irrecusável. Mas será que ela não guarda um sentido existencial a ser buscado pelo espírito? Se, na verdade, comparecemos como um projeto infinito e um vazio abissal que clama por plenitude, será que esse desapegar-se não significa criar as condições para que um Maior nos venha preencher? Não seria o Supremo Ser, feito de amor e de misericórdia, que nos vai tirando tudo para que possamos ganhar tudo, no além vida, quando nossa busca finalmente descansará, como o cor inquietum de Santo Agostinho?

Ao perder, ganhamos e ao esvaziarmo-nos ficamos plenos. Dizem por aí que esta foi a trajetória de Jesus, de Buda, de Francisco de Assis, de Gandhi, de Madre Teresa, de Irmã Dulce e, creio eu, também do Papa Francisco, o maior dos humanos de hoje.

Talvez um estória dos mestres espirituais antigos nos esclareça o sentido da perda que produz um ganho.

“Era uma vez um boneco de sal. Após peregrinar por terras áridas chegou a descobrir o mar que nunca vira antes e por isso não conseguia compreendê-lo. Perguntou o boneco de sal:” Quem és tu? E o mar respondeu:”eu sou o mar”. Tornou o boneco de sal: “Mas que é o mar?” E o mar respondeu:” Sou eu”. “Não entendo”, disse o boneco de sal. “Mas gostaria muito de compreender-te; como faço”? O mar simplesmente respondeu: “toca-me”.

Então o boneco de sal, timidamente, tocou o mar com a ponta dos dedos do pé. Percebeu que o mar começou a ser compreensível. Mas logo se deu conta de que haviam desaparecido as pontas dos pés. “Ó mar, veja o que fizeste comigo”? E o mar respondeu:”Tu deste alguma coisa de ti e eu te dei compreensão; tens que te dares todo para me compreender todo”.

E o boneco de sal começou a entrar lentamente mar adentro, devagar e solene, como quem vai fazer a coisa mais importante de sua vida. E na medida que ia entrando, ia também se diluindo e compreendendo cada vez mais o mar. E o boneco continuava perguntando: “que é o mar”? Até que uma onda o cobriu totalmente. Pode ainda dizer, no último momento, antes de diluir-se no mar: “Sou eu”.

Desapegou-se de tudo e ganhou tudo: o verdadeiro eu.

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Foto de Capa: Pixabay/Reprodução